Precisamos falar sobre o surpreendente e muito bem organizado Aston Villa de Unai Emery
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a boa vitória dos "Lions" sobre o Newcastle neste sábado (15) pela Premier League
Reprodução / Twitter / Aston Villa
Da luta contra o rebaixamento para a disputa por vaga nas competições internacionais. A “remontada” do Aston Villa é uma das coisas mais legais dessa edição de 2022/23 da Premier League. Não somente pela sequência de vitórias, mas pelo bom trabalho feito por Unai Emery na beira do gramado. Aliás, é interessante notar como se fala muito pouco sobre o que o treinador espanhol junto de jogadores como Emiliano Martínez, Ollie Watkins, Emiliano Buendía e o brasileiro Douglas Luiz. O triunfo sobre o Newcastle neste sábado foi o quarto seguido da equipe de Birmingham no “Inglesão” e já faz com que todos comecem a sonhar com voos mais altos nessa reta final de temporada.
O grande mérito de Unai Emery é fazer o simples. No jogo deste sábado (que abriu a 31ª rodada da Premier League), o espanhol repetiu seu 4-2-3-1 básico com o veterano Ashley Young mais contido no apoio com relação a Álex Moreno, Douglas Luiz e Dendoncker na proteção da zaga e muita movimentação do quarteto ofensivo. Nesse ponto, Unai Emery usa alguns elementos do chamado “jogo de posição” no Aston Villa. Sempre vemos aproximação entre os jogadores dependendo do setor onde está a bola. Tudo isso confundia bem a marcação do Newcastle de Eddie Howe. E não é exagero afirmar que o 4-3-3 utilizado nos Magpies não funcionou muito bem contra um Aston Villa bem organizado.
Uma das principais características dos “Lions” é a ocupação dos espaços entrelinhas. É possível afirmar sem medo que foi aí que o time de Unai Emery venceu o duelo tático contra Eddie Howe. Se Buendía recebia o passe de Dendoncker ou Douglas Luiz por dentro, Ollie Watkins atacava o espaço, John McGinn e Álex Moreno abriam o campo e Jacob Ramsey arrastava a marcação para abrir espaços. E isso sem contar as boas trinagulações às costas de Trippier e Jacob Murphy pelo lado direito de defesa do Newcastle. As viradas de jogo são outra característica importante desse cada vez mais surpreendente Aston Villa. O lance do primeiro gol é uma aula de ocupação de espaços.
O goleiro Emiliano Martínez já havia aparecido bem antes de Ramsey abrir o placar em bela finalização de Alexander Isak bem no começo do jogo. No entanto, o domínio do Aston Villa era claro. Não se trata apenas de ter mais ou menos posse de bola, mas saber o que se faz com ela. E sempre pelo lado esquerdo, com as boas descidas de Álex Moreno e Ollie Watkins por aquele lado e as viradas rápidas de jogo para encontrar a defesa do Newscastle desarrumada. Tudo isso somado à constante movimentação do quarteto ofensivo formado por John McGinn, Buendía, Jacob Ramsey e o já citado Ollie Watkins. O bom trabalho de Unai Emery pode ser comprovado pelos números do espanhol à frente dos “Lions”.
Fato é que a equipe de Birmingham está muito mais organizada e muito mais competitiva do que antes. O campo fala isso. Mesmo sem grandes estrelas (talvez com a exceção do goleiro Emiliano Martínez), os “Lions” souberam conter o ímpeto do Newcastle no segundo tempo e ainda aproveitar bem os espaços que apareciam às costas de Bruno Guimarães. Foi a partir dessa movimentação na entrelinha dos “Magpies” que o Aston Villa construiu a vitória no Villa Park nesse sábado (15). Ollie Watkins arrastava a zaga, Jacob Ramsey aparecia por dentro e Álex Moreno aproveitava o corredor aberto. Esse foi o grande “mapa da mina” dos “Lions” na quarta vitória seguida no “Inglesão”.
O terceiro gol do Aston Villa (também marcado por Ollie Watkins) provou que a equipe de Uani Emery sabe usar muito bem a virada de jogo para encontrar espaços. A jogada começa no lado direito com a boa trama entre Buendía e John McGinn logo depois da retomada da posse após a pressão bem executada ainda no campo de ataque. Daí para a finalização certeira do camisa 11 dos “Lions”, vimos tudo aquilo que já foi relatado anteriormente aqui neste espaço. Atacantes explorando a amplitude e a profundidade do Newcastle e a boa ocupação dos espaços na frente e nas costas da última linha dos “Magpies”. Vitória mais do que justa de um time que cresceu demais com a chegada de Unai Emery.
Mas também é o triunfo de uma equipe que conhece seus limites e sabe até onde pode ir nessa temporada. O Aston Villa já surpreendeu muita gente apesar de ter muito menos grife do que Liverpool, Manchester City e Arsenal. E tudo isso graças ao bom trabalho feito na beira do gramado. Este que escreve até gostaria de ver os “Lions” com mais destaque no noticiário da Premier League por conta de tudo que o campo tem nos mostrado nessas últimas rodadas. Principalmente por conta do trabalho de Uani Emery na beira do gramado.
