De acordo com o Dicionário, eficiência é a “virtude ou característica de ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios”. Quem viu o jogo disputado no belo gramado do Estádio Nilton Santos neste sábado (15) teve a certeza de que o Botafogo de Luís Castro foi muito mais eficiente do que o São Paulo. Não que o Glorioso tenha feito uma partida soberba e sem erros. É até difícil falar nisso numa primeira rodada de Brasileirão. No entanto, a partida altamente movimentada no Rio de Janeiro deixou evidente que Rogério Ceni vive um dilema na sua equipe. E ele tem relação direta com seu estilo de jogo e os desfalques por lesões.
Não é novidade pra ninguém que os dois treinadores são bastante questionados pelas suas torcidas. No entanto, se o trabalho de Luís Castro tem a chancela de John Textor (dono da SAF do Botafogo), Rogério Ceni convive com resultados ruins, cobranças dentro e fora de campo e uma série de desfalques. Apenas no jogo deste sábado, o treinador do São Paulo teve que se virar para montar sua equipe com SETE ausências. Isso explica (em parte) a escolha de Ceni pelo esquema com três zagueiros que deixava Rafinha como lateral-base e soltava Caio Paulista para o ataque.
Do outro lado, o Botafogo fazia um bom início de jogo com muita pressão alta, ótima movimentação de Tiquinho Soares, Júnior Santos e Eduardo às costas de Jhegson Méndez e Rodrigo Nestor. A impressão que ficava era a de que a linha de cinco defensores do São Paulo parecia sempre atrasada na hora de conter os avanços do ataque botafoguense. Além disso, Júnior Santos e Rafael levavam ampla vantagem sobre Rafinha e Michel Araújo nos avanços pelo lado esquerdo de ataque. O gol marcado por Tiquinho deixou a impressão de que o Glorioso iria “amassar” o São Paulo.
Essa postura mais agressiva do Glorioso durou pouco mais de dez minutos. Isso porque o escrete comandado por Rogério Ceni conseguiu retomar o controle da partida na base dos duelos físicos e da falha de marcação do time de Luís Castro pelo lado direito de defesa. Não foram poucas as vezes em que Di Placido teve que se virar sozinho contra Caio Paulista e Wellington Rato por conta da falta de apoio de Gustavo Sauer na marcação. Depois do gol de empate (marcado por Carelli), o São Paulo conseguiu criar boas oportunidades para virar o placar, mas ou esbarrava na grande atuação do goleiro Lucas Perri, ou falhava na hora de concluir os lances. O time cometeu erros demais nas tomadas de decisão.
A segunda etapa nos mostrou um jogo mais aberto, com Botafogo e São Paulo desperdiçando boas chances de balançar as redes. Luís Castro agiu certo ao sacar Rafael e Gustavo Sauer e mandar Daniel Borges e Luís Henrique para o jogo. Com Júnior Santos na direita, o Glorioso conseguiu travar (ainda que por alguns poucos minutos) as descidas de Caio Paulista pela esquerda. Rogério Ceni respondeu com David, Alisson e Pablo Maia, mas logo teve que substituir o camisa 22 por conta de lesão. Com Marcos Paulo em campo, o Tricolor Paulista se organizou no costumeiro 4-2-4 preferido de Ceni, mas novamente esbarrou em Lucas Perri nos momentos decisivos. Melhor para o Glorioso.
Sem poder de decisão e errando demais na conclusão das jogadas, o São Paulo viu o Botafogo marcar o gol da vitória com Eduardo aproveitando mais um belo cruzamento de Victor Cuesta e nova falha do argentino Alan Franco na marcação. O resultado final acabou sendo o mais justo diante do futebol apresentado pelas duas equipes no Estádio Nilton Santos. Óbvio que o Glorioso ainda pode jogar mais e melhor e que Luís Castro precisa corrigir os problemas defensivos. No entanto, os desfalques pesam e acabam gerando a necessidade de se improvisar jogadores em posições onde não se sentem tão confortáveis. Por outro lado, o encaixe de Eduardo no meio-campo é a grande notícia para o time alvinegro.
Enquanto isso, Rogério Ceni vive um dilema. Como deixar o São Paulo mais competitivo com o departamento médico cheio e sem a perspectiva da contratação de reforços nessa janela de transferências? E ainda apostando num esquema de jogo que busca mais os duelos físicos e a intensidade alta? Notem que o elenco sempre sentiu (de uma maneira ou de outra) quando o treinador tricolor exigiu mais dentro de campo. Encontrar soluções nesse cenário completamente desfavorável é tarefa urgentíssima de Ceni. Isso se ele quiser diminuir um pouco a pressão em cima dele.