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Empate na Arena Fonte Nova é o resumo perfeito do momento de Bahia e Vitória na atual temporada

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a partida deste domingo (5) e as escolhas de Renato Paiva e Léo Condé

Por Luiz Ferreira em 06/03/2023 10:13 - Atualizado há 2 anos

Felipe Oliveira / EC Bahia

Assim como vários outros clubes do Brasil, Bahia e Vitória vivem um momento de muito mais dúvidas do que certezas nesse início de temporada. Cada um dentro do seu contexto, é claro. Certo é que o clássico disputado neste domingo (5) acabou sendo o resumo perfeito dos problemas que o Tricolor de Aço e o Leão enfrentam atualmente. Reforços recém-chegados, início de trabalho dos seus treinadores e a pressão vida dos bastidores e das arquibancadas. Outro ponto comum à dupla Ba-Vi é que o empate na Arena Fonte Nova não foi bom pra ninguém nessa Copa do Nordeste. Sobre o jogo em si, as duas equipes mostraram porque a irregularidade é uma constante nesses primeiros meses de 2023.

Este que escreve entende bem as reclamações dos torcedores. O Bahia vem reforçado pela venda da SAF ao Grupo City e contratou uma série de jogadores para tentar ao menos permanecer na primeira divisão. Ao mesmo tempo, o Vitória busca a reconstrução depois da volta para a Série B e um 2022 marcado pela arrancada da equipe. Diante disso, era mais do que natural que o time de Renato Paiva tenha tomado a iniciativa desde o começo do jogo na Arena Fonte Nova. Ao mesmo tempo, Léo Condé apostou num time baseado nos contra-ataques em velocidade com bolas longas para Tréllez brigar entre os zagueiros e Thiago Lopes, Osvaldo e Railan se movimentarem no espaço aberto atrás da última linha.

Formação inicial das duas equipes na Arena Fonte Nova. O Bahia entrou em campo tentando propor o jogo num 4-3-3, mas sofreu com os contra-ataques em velocidade do 4-2-4 do Vitória.

Notem que o primeiro gol do clássico saiu após belo passe em profundidade de Thiago Lopes para Osvaldo tocar na saída de Marcos Felipe. O Bahia tentava chegar na área adversária usando a movimentação de Ricardo Goulart, Victor Jacaré e Biel no terço final e a amplitude dos laterais André e Matheus Bahia. No entanto, as duas equipes sofriam muito com as tomadas de decisão erradas e uma boa dose de afobação na hora de definir as jogadas. O time de Renato Paiva ainda conseguiu encontrar espaços na entrelinha a partir da movimentação dos pontas mais por dentro e da chegada dos volantes Yago Felipe, Cauly e Rezende. Enquanto isso, o Vitória se segurava com duas linhas na frente da área.

Biel e Jacaré centralizavam, André e Matheus Bahia davam amplitude e Ricardo Goulart arrastava a marcação. Faltou finalizar melhor as jogadas de ataque. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

O Bahia foi tomando o controle da partida aos poucos. O 4-3-3 inicial deu lugar a um 4-2-3-1 com Cauly mais próximo de Ricardo Goulart, mas mantendo o mesmo estilo de jogo agressivo e baseado nas trocas rápidas de passe. Aos 48 minutos da primeira etapa, o já mencionado camisa 8 do Tricolor de Aço levou a melhor no “pé de ferro” com João Victor e cruzou para Jacaré estufar as redes de Victor Arcanjo. O empate dava sim confiança ao time de Renato Paiva, mas o que se viu em campo durante todo o segundo tempo foi um Bahia que ainda tenta compreender os conceitos de seu treinador. Os números da equipe na temporada falam por si só. Falta muita coisa no Tricolor de Aço.

Assim como também falta muita coisa no Vitória. As eliminações precoces na Copa do Brasil e no Campeonato Baiano só aumentaram a pressão sobre o elenco e a diretoria. Léo Condé bem que tenta fazer o Leão jogar com a marcação mais adiantada e com pressão no portador da bola, mas falta qualidade e compreensão para executar bem os movimentos pedidos pelo treinador. Até mesmo nos contra-ataques o time do Barradão parecia escolher sempre a pior opção. E isso com espaço e tempo de sobra para decidir o que fazer, como fazer e quando fazer. Acabou que mesmo tendo o cenário a seu favor em determinados momentos da segunda etapa, o Vitória pecou demais pelo excesso de preciosismo. Faltou criatividade.

Tréllez inicia o contra-ataque com Osvaldo, Thiago Lopes e Railan fazendo ultrapassagens. O Vitória pecou demais na finalização das jogadas ofensivas. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

Acabou que o empate na Arena Fonte Nova nos mostrou que Bahia e Vitória ainda vivem momentos de incertezas nessa temporada. Se o Tricolor de Aço lida com a implementação do projeto do Grupo City no clube, o Leão ainda tenta mostrar a que veio nessa temporada depois das eliminações no estadual e na Copa do Brasil. Ao mesmo tempo, tanto Renato Paiva como Léo Condé ainda passam pelo conhecido processo de entendimento entre eles e os elencos que comandam. Por mais que as duas torcidas estejam cobrando melhores resultados, as atuações ruins e a irregularidade eram previsíveis nesse início de temporada. E não há planejamento que resista a uma sequência de resultados ruins. Não por estas bandas.

O momento pede calma e tranquilidade nas duas equipes. Ainda mais sabendo que o empate foi ruim para o Bahia e péssimo para o Vitória, que viram suas chances de classificação para a próxima fase da Copa do Nordeste com o apito final do árbitro Marcelo de Lima Henrique. E assim como toda e qualquer partida de futebol, o clássico deste domingo (5) deixou lições valiosas para Bahia e Vitória. Cada um dentro de seu contexto, mas cientes de que é preciso fazer muito mais do que trocar de treinador e contratar jogadores para ser vitorioso no futebol brasileiro.

https://twitter.com/ECVitoria/status/1632487360125448192
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