Home Futebol Derrota para Marrocos mostra que Seleção Brasileira ainda tem um longo caminho pela frente

Derrota para Marrocos mostra que Seleção Brasileira ainda tem um longo caminho pela frente

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Ramon Menezes e a atuação do Brasil contra os Leões do Atlas

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Ramon Menezes e a atuação do Brasil contra os Leões do Atlas

Este que escreve confessa que já esperava um resultado ruim diante da ótima equipe do Marrocos e a atuação mais abaixo da expectativa por conta da falta de entrosamento. Isso porque o contexto da partida não era o dos mais favoráveis para a Seleção Brasileira por conta de uma série de fatores. Assim como descrito anteriormente aqui mesmo neste espaço, a lista de convocados divulgada por Ramon Menezes já indicava uma tendência de renovação no escrete canarinho, seja na presença de jogadores esquecidos por Tite ou de alguns campeões do Sul-Americano Sub-20 na Colômbia. Certo é, meus amigos, que ainda há um longo caminho pela frente para a equipe brasileira.

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É meio complicado cobrar alguma coisa de Ramon Menezes dentro do quesito “formação de uma nova base” para a Seleção Brasileira. Dentro dessa análise (e dentro de todas as outras), é preciso levar em consideração o contexto geral. O treinador do Brasil na partida deste sábado (25) está na posição de interino e sem saber quem vai assumir a equipe no seu lugar. Ou seja, não há como se pensar em preparar o terreno ou implementar uma filosofia de jogo pensando no futuro. Ao mesmo tempo, a impressão que ficou foi a de que Ramon Menezes quis agradar a todos os lados com a lista divulgada no dia 3 de março. Por consequência, a falta de entrosamento acabou falando mais alto.

Falando sobre o jogo em si, a Seleção Brasileira entrou em campo organizada num 4-3-3 que variava para um 3-2-5 com a bola e para um 4-4-2 quando Marrocos tinha a posse da bola. Rony jogou como ponta pela direita e Rodrygo assumiu o papel de “falso nove” no comando de ataque. Embora o time tenha ficado com a bola e encaixado algumas boas trocas de passe no primeiro tempo, faltava capricho na conclusão das jogadas e nas finalizações. Ainda mais com o goleiro Bono doido para “entregar a paçoca”. Só que a falta de velocidade do time no ataque posicional montado por Ramon Menezes fez com que o time se transformasse em presa fácil para o organizado 4-1-4-1 de Walid Regragui.

A Seleção Brasileira se organizava num 3-2-5 quando tinha a posse da bola. A falta de movimentação facilitou a vida de Marrocos na partida. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GB

Tivemos momentos em que Alex Telles descia para a última linha junto de Éder Militão e Ibañez com Vinícius Júnior abrindo o campo pelo lado esquerdo. Mas também vimos Casemiro recuando entre os zagueiros e deixando Andrey Santos e Lucas Paquetá com a tarefa de levar a bola ao ataque. Seja como for, a falta de entrosamento e de objetividade para encontrar espaços na ótima defesa marroquina eram visíveis. Além disso, Rodrygo não fazia boa partida jogando de costas para os defensores adversários e Vinícius Júnior foi muito pouco acionado. Difícil entender nesse ponto as escolhas de Ramon Menezes no setor ofensivo. Rony poderia render mais jogando centralizado, por exemplo.

A falta de entrosamento se fazia presente também no sistema defensivo da Seleção Brasileira. Se Alex Telles dava conta do recado pelo lado esquerdo, Emerson Royal vacilava demais para um jogador que ganhava uma “segunda chance” no escrete canarinho. Mas um dos pontos em que a equipe de Ramon Menezes vacilou foi na saída da pressão pós-perda exercida por Marrocos sempre que o Brasil retomava a posse. O lance do gol marcado por Boufal aos 28 minutos da primeira etapa. Difícil não perceber a tática dos Leões do Atlas em subir as linhas de marcação em determinados momentos da partida. Aliás, a fragilidade do lado direito da defesa brasileira era evidente.

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Marrocos sobe a marcação e aproveita o vacilo de Rony e Emerson Royal no lance do gol marcado por Boufal. O Brasil vacilou muito na defesa. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GB

O melhor momento da Seleção Brasileira na partida aconteceu no segundo tempo, quando Ramon Menezes sacou Rodrygo, Rony e Andrey Santos para as entradas de Vítor Roque, Antony e Raphael Veiga. Principalmente pela presença do atacante do Athletico Paranaense, muito mais acostumado em exercer o papel de referência móvel. A Seleção Brasileira ganhou mais profundidade e Lucas Paquetá ganhou espaço para descolar alguns bons passes verticais. O gol de empate do Brasil (marcado por Casemiro aos 21 miuntos do segundo tempo em falha do goleiro Bono) não resolveu todos os problemas do escrete canarinho. Isso porque a defesa seguia falhando e alguns jogadores estiveram numa noite bem ruim.

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Vítor Roque entrou no jogo e deu mais profundidade ao ataque da Seleção Brasileira. No entanto, o time ainda sofria com a falta de organização. Foto: Reprodução / YouTube / Canal GB

A atuação ruim da Seleção Brasileira acabou “coroada” com as falhas de Antony e Éder Militão no gol de Sabiri (marcado aos 33 minutos da segunda etapa). Podemos cobrar Ramon Menezes por conta de uma série de escolhas na partida deste sábado (25) e na lista de convocados, mas somente até um certo ponto. Como iniciar o novo ciclo do escrete canarinho sem saber quem irá assumir de fato o comando técnico? Conforme mencionado anteriormente, o contexto geral não era dos mais favoráveis. Além disso, é sempre preciso lembrar que Marrocos é sim um adversário fortíssimo. Os comandados de Walid Regragui não chegaram nas semifinais da última Copa do Mundo por pura obra do acaso.

No entanto, a derrota para os Leões do Atlas deixou bem claro que a Seleção Brasileira ainda tem um longo caminho pela frente. Temos sim grandes jogadores que podem ser muito úteis nesse novo ciclo, sejam eles mais experientes ou mais novos. Só que tudo fica meio nebuloso sem um técnico de fato á frente do escrete canarinho. A sensação é de que as coisas estão sendo feitas a “toque de caixa” pela CBF e com o único objetivo de gastar mais uma Data FIFA sem necessidade alguma. E isso só prejudica quem está ali dentro de campo.

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