Home Futebol Transpiração, foco e objetividade: Seleção Brasileira brilha mais uma vez e volta ao Mundial Sub-20

Transpiração, foco e objetividade: Seleção Brasileira brilha mais uma vez e volta ao Mundial Sub-20

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o Paraguai e as escolhas de Ramon Menezes nesta segunda-feira (6)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O principal objetivo da Seleção Brasileira Sub-20 foi atingido nesta segunda-feira (6) com a vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai (com gols de Geovani e Ronald). O Brasil está de volta à Copa do Mundo da categoria depois de oito anos. E tudo isso sem emplacar uma grande atuação. Muito pelo contrário. O escrete comandado por Ramon Menezes sofreu com o ímpeto da equipe de Aldo Bobadilla (antigo goleiro do Boca Juniors e da Seleção Paraguaia nos anos 2000) e teve no goleiro Mycael o grande salvador da noite. Mesmo assim, toda a transpiração e dedicação do time busca pela vaga do Mundial da Indonésia foram recompensados. Méritos dos jogadores e da comissão técnica.

É verdade que o gol de Geovani marcado logo aos nove minutos do primeiro tempo acabou condicionando todo o restante da partida no El Campín (em Bogotá). Mas não era difícil perceber que a Seleção Brasileira Sub-20 sofria com a imposição física e o jogo mais vertical do Paraguai. Não era por acaso que Robert Renan encontrava mais dificuldades para iniciar a saída de bola, que Andrey Santos esteve bem marcado e que Vítor Roque participou menos das ações do jogo do que o costume. Tudo por conta da postura agressiva do escrete paraguaio nas transições.

Por outro lado, a forma como o Brasil construiu toda a jogada do primeiro gol nos mostra como os atletas compraram as ideias de Ramon Menezes. Com Andrey Santos (o grande organizador do jogo no meio-campo brasileiro) bem vigiado, Alexsander optou pelo passe para Patryck na esquerda. O lateral do São Paulo viu Geovani se lançando às costas da última linha no outro lado e fez o cruzamento. Ao mesmo tempo, Guilherme Biro, Vítor Roque e Marlon Gomes prendem os zagueiros e abrem o corredor para o camisa 23 apenas escorar o passe para as redes.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Robert Renan passa para Patryck na esquerda e este vê Geovani se lançando às costas do lateral adversário no outro lado. Gol que condicionou o jogo. Foto: Reprodução / SPORTV

Mesmo com a vantagem no marcador (e a vaga na Copa do Mundo Sub-20 cada vez mais próxima), o Brasil demorou para se acertar diante da forte marcação e da imposição física dos paraguaios. O 4-1-4-1/4-3-3 de Ramon Menezes esteve mais espaçado do que o costume. Com Andrey Santos bem vigiado e sofrendo bastante com a pressão de pelo menos três adeversários sempre que recebia a bola, o Paraguai foi crescendo na partida e empurrando a Seleção Brasileira Sub-20 para trás. Isso porque Alexsander e Marlon Gomes estavam mais afastados e também tendiam a sair para o jogo tanto quando o camisa 5. Acabava que um dos zagueiros sempre precisava saltar para compensar esse buraco na frente da área.

Com Andrey Santos muito bem vigiado e com Marlon Gomes e Alexsander mais afastados, a Seleção Brasileira Sub-20 sofreu com as investidas do Paraguai. Foto: Reprodução / SPORTV

Apesar do volume de jogo e da imposição física, o Paraguai só não conseguia igualar e virar o placar por conta de mais uma grande atuação do goleiro Mycael (o melhor em campo na opinião deste que escreve). Mas a grande preocupação estava na irregularidade do time comandado por Ramon Menezes. As dificuldades em ficar mais com a bola e o baixo número de finalizações fizeram com que o treinador brasileiro mandasse Pedrinho, Renan, André Dominique e Ronald para o jogo e rearrumasse sua equipe num 4-2-3-1. Com Arthur mais protegido e com Andrey Santos jogando um pouco mais adiantado, a Seleção Brasileira Sub-20 conseguiu controlar mais o jogo e marcar o gol da vitória com Ronald.

André Dominque e Pedrinho entraram pelos lados, Andrey se posicionou mais à frente e Ronald protegeu a defesa no 4-2-3-1 montado por Ramon Menezes. Foto: Reprodução / SPORTV

As vagas na Copa do Mundo Sub-20 e no Pan-Americano do Chile vieram com a vitória por 2 a 0 sobre um Paraguai bem montado e com uma atuação bem abaixo da média nesse Campeonato Sul-Americano. Por outro lado, essa e outros resultados do Brasil na competição foram conquistados mais na base da transpiração do que na inspiração. Não que o time comandado por Ramon Menezes não tenha qualidade. Muito pelo contrário! A questão é que o treinador parece mais flexível e mais atento ao contexto de cada partida. Mas sempre tentando impor um estilo de jogo mais vertical, objetivo e baseado na qualidade de jogadores como Andrey Santos, Vítor Roque, Marlon Gomes e Robert Renan.

PUBLICIDADE

Certo é que a Seleção Brasileira Sub-20, além de talentosa e criativa, é bastante eficiente. Isso ficou bem claro nas atuações contra a Colômbia (quando o Brasil jogou com um time repleto de reservas) e nesta segunda (6) contra o Paraguai. Depois de tanto sofrimento com o desfalque de vários jogadores antes do início do Campeonato Sul-Americano, finalmente chegou a hora de distribuir os refrescos. E com a vaga garantida no Mundial, agora é pensar na conquista do título continental e a quebra de um jejum que já dura dez anos.

PUBLICIDADE
Better Collective