Muitos fatores explicam a atuação ruim da Seleção Brasileira Sub-20 no empate sem gols contra a Colômbia. Os jogadores caíram na pilha dos adversários, o time foi muito lento na saída de bola e ainda pecou demais pela falta de objetividade quando teve a bola no pé. É verdade que a equipe comandada por Ramon Menezes vinha sendo mais eficiente do que brilhante nas últimas partidas do hexagonal final do Campeonato Sul-Americano Sub-20 e que a conquista da vaga no Mundial da Indonésia diminuiu um pouco a adrenalina do time brasileiro. Mas o que foi visto no El Campín nesta quarta (9) ligou o alerta na Seleção Brasileira Sub-20. Principalmente no que se refere à luta pelo título.
Quem acompanha a coluna pode pensar que este que escreve adotou um tom alarmista depois de tantos elogios dirigidos ao time de Ramon Menezes. A atuação contra os donos da casa, no entanto, não permitem “passadas de pano”. O Brasil demorou muito para entrar no jogo e viu jogadores como Marlon Gomes (que vinha sendo o melhor do Brasil até sair de campo lesionado), Arthur, Vitor Roque e Andrey Santos mais dispersos e nervosos por conta das provocações dos colombianos. O toque de bola e o jogo mais objetivo da Seleção Brasileira Sub-20 saíram prejudicados.
Muita coisa passa sim pelo jogo vertical e de imposição física da Colômbia comandada por Héctor Cárdenas. O 4-2-3-1/4-4-2 encontrava muitos espaços atrás do trio de volantes da equipe de Ramon Menezes. Não foram poucas as vezes em que Manyoma, Cabezas, Monlave e Puerta encontravam espaços entrelinhas para circular. A sorte da Seleção Brasileira Sub-20 é que o goleiro Kaique estava numa noite inspirada e que os atacantes colombianos não conseguiam ser efetivos nas finalizações a gol. Mesmo assim, estava claro que a atuação do Brasil não era boa.
Na prática, o escrete brasileiro só conseguiu controlar (um pouco) as ações do jogo quando valorizou mais a posse da bola e buscou ser mais veloz nas trocas de passe. Curiosamente, quando Alexsander se posicionou como um “camisa 10” próximo de Vitor Roque. Ao invés do 4-3-3/4-1-4-1, um 4-4-2 que marcava em bloco médio e com saída rápida pelos lados do campo com Geovani e Guilherme Biro. No entanto, o time continuava pecando nas finalizações e caindo na pressão da torcida presente no El Campín. Difícil não perceber que o time de Ramon Menezes parecia mais nervoso e mais preso dentro da marcação adversária. A mudança para o 4-4-2 melhorou o desempenho, mas não resolveu os problemas.
Notem que a melhor chance do Brasil no primeiro tempo foi na chance perdida por Andrey após bola levantada na área. Muito pouco para quem precisava da vitória para se manter na liderança do heagonal final do Sul-Americano Sub-20. Na segunda etapa, Kaique cometeu penalidade completamente sem sentido em cima de Castillo, mas se redimiu com a bela defesa na cobrança de Puerta. Com Torres muito bem expulso, Ramon Menezes ainda tentou dar folego novo ao seu time com as entradas de Stênio, André, Ronald, Luis Guilherme e Pedrinho e as linhas de marcação mais altas. No entanto, faltou capricho e um pouco de sorte nas finalizações a gol por parte da Seleção Brasileira Sub-20.
Andrey Santos e Luis Guilherme desperdiçaram grandes chances no final do segundo tempo num dos poucos momento em que a equipe brasileira conseguiu impor seu estilo de jogo. Acabou que o escrete comandado por Ramon Menezes esbarrou no próprio nervosismo e “emplacou” a sua pior atuação coletiva no Sul-Americano Sub-20 até o momento por conta dos fatores citados anteriormente. Faltou objetividade e calma para suportar a pressão adversária e também colocar a bola no chão. Este que escreve entende bem que os jogadores estão mais cansados e mais visados por todos os adversários na competição disputada na Colômbia. Mesmo assim, o desempenho foi muito abaixo.
A partida contra o Uruguai vai ser uma verdadeira “decisão” para a Seleção Brasileira Sub-20. Não somente por conta da qualidade do adversário, mas pelos desfalques que o Brasil terá no próximo domingo (12). Ramon Menezes terá que se virar para montar sua equipe sem Marlon Gomes, Jean e Arthur, todos estes jogadores importantíssimos no esquema tático do treinador canarinho. Será uma verdadeira prova de fogo para um Brasil que já se reinventou tanto nesse Sul-Americano, mas que agora paga pelo nervosismo diante da Colômbia.