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Derrota para o Canadá não é o fim do mundo, mas atuação da Seleção Feminina esteve bem abaixo do esperado

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Pia Sundhage e os problemas do Brasil neste domingo (19)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É preciso deixar bem claro que a derrota para o Canadá na segunda rodada da She Believes Cup não é o fim do mundo. Assim como acontece em todo TORNEIO AMISTOSO, essa e outras partidas serão muito úteis para Pia Sundhage identificar e corrigir os problemas da Seleção Feminina. Dito isto, precisamos reconhecer que o Brasil teve uma atuação bem abaixo do esperado neste domingo (19), em Nashville. Em parte por conta de algumas das escolhas da treinadora sueca e também por conta dos constantes erros nas tomadas de decisão em todos os setores do escrete canarinho. Principalmente nas inúmeras oportunidades de gol desperdiçadas diante da equipe (muito bem) comandada por Bev Priestman.

Pia Sundhage mandou o Brasil a campo com seis modificações com relação ao time que venceu o Japão na última quinta-feira (16). Ao invés do 4-4-2/4-2-4 costumeiro, a Seleção Feminina entrou em campo com a zagueira Tarciane fazendo o papel de “lateral-base”. Com a bola, um 3-4-2-1 bem parecido com o visto nas duas vitórias sobre a África do Sul no ano passado. Sem a bola, duas linhas com quatro jogadoras na frente da área da goleira Lorena. Os problemas de entrosamento e na cobertura defensiva começaram a ser percebidos logo no começo do jogo com as investidas de Chapman e Beckie pra cima da camisa 13. O desconforto da zagueira do Corinthians na função era visível.

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Tarciane foi “lateral-base” da Seleção Feminina contra o Canadá. A camisa 13 não esteve confortável e sofreu com a falta de entrosamento. Foto: Reprodução / SPORTV

Com a bola, o Brasil se reorganizava numa espécie de 3-4-2-1 com Tarciane, Lauren e Kathellen alinhadas e Ary Borges e Kerolin se revezando na “volância”. Mais à frente, Debinha e Nycole (que jogou mais aberta pela esquerda) centralizavam e abriam o corredor para a subida de Geyse e Tamires ao ataque. Ludmila era a jogadora mais avançada do time e sempre buscava o espaço às costas de Buchanan e Gilles. A ideia em si não era de todo ruim. O problema estava na execução. Se Tarciane encontrava dificuldades para jogar como “lateral-base”, Ary Borges parecia completamente fora de forma e Debinha e (principalmente) Ludmila desperdiçavam chances incríveis de balançar as redes.

Nos momentos de posse, Geyse e Tamires viram alas e Tarciane vira zagueira pela direita num 3-4-2-1. Faltou executar bem os movimentos. Foto: Reprodução / SPORTV

Mas aqui vale um adendo: mesmo sem compactação entre as linhas e com claras dificuldades para fazer o encaixe defensivo no Canadá, a Seleção Feminina conseguia chegar no ataque sempre em alta velocidade e incomodar a ótima goleira Sheridan. O problema estava nas tomadas de decisão e no aproveitamento dessas chances de gol. Não é absurdo afirmar que o time de Bev Priestman foi muito mais efetivo do que o Brasil neste domingo (19). A matemática é simples. Se um time não ataca bem, dificilmente vai se defender de maneira satisfatória. Os espaços entrelinhas do time de Pia Sundhage são resultado dessa afobação e dessa insistência em se livrar da bola a todo momento na partida.

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Talvez seja por isso que Kerolin seja um dos poucos pontos positivos dessa derrota para o Canadá. A camisa 21 parece bem adaptada à “volância” e vem se transformando aos poucos na “box-to-box” que a treinadora sueca tanto procurou nesses últimos meses. Seja nos saltos para a pressão ou nos avanços para a área, Kerolin foi fundamental na distribuição do jogo e ainda foi responsável ótimos contra-ataques. Com Debinha e Nycole abrindo o corredor para Geyse e Tamires, Ludmila tinha espaço de sobra para atacar e para receber os passes em profundidade. No entanto, conforme mencionado anteriormente, faltou muito capricho de todo o sistema ofensivo da Seleção Feminina nas finalizações.

Kerolin foge da pressão e inicia o contra-ataque com Ludmila atacando o espaço e Debinha e Nycole abrindo o corredor para Geyse e Tamires. Foto: Reprodução / SPORTV

Pia Sundhage tentou dar mais consistência à Seleção Feminina com as entradas de Marta, Bia Zaneratto e Adriana mas sem muito sucesso. A equipe seguia cometendo os mesmos erros em todos os setores. Se Lauren teve uma infelicidade no gol marcado por Gilles aos 30 minutos do primeiro tempo, todo o sistema defensivo brasileiro vacilou demais no lance do gol de Viens (marcado aos 26 minutos da segunda etapa). Curiosamente, o Brasil seguia encontrando espaços pelos lados do campo e na variação para o 3-4-2-1 mencionada anteriormente. Só que os problemas persistiam no último passe, nas saídas da pressão e nas finalizações a gol. Ludmila perdeu cinco chances claras de balançar as redes.

Marta, Bia Zaneratto e Adriana foram para o jogo, mas não conseguiram melhorar o desempenho do Brasil. O time errou muito com e sem a bola. Foto: Reprodução / SPORTV

A She Believes Cup não deixa de ser um laboratório para a Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia. Japão, Canadá e Estados Unidos são seleções que causam muitos problemas em todos os aspectos. E quem conseguir se sair bem deve ganhar pontos com Pia Sundhage. Por outro lado, a partida deste domingo (19) também indicou sérios problemas de ordem coletiva. O sistema defensivo precisa de ajustes nos encaixes de marcação, a bola aérea ainda é um tormento e as tomadas de decisão ainda são extremamente problemáticas. Ao mesmo tempo, teve jogadora que não conseguiu acertar absolutamente nada, seja por afobação ou por dificuldades de adaptação a contextos mais complicados.

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O jogo contra os Estados Unidos será o grande teste da Seleção Feminina nesta She Believes Cup. Notem que o Brasil vai precisar de um nível de concentração que ainda não teve na competição. Seja na marcação, nas transições e nas finalizações a gol. Mesmo sabendo que o adversário da próxima quarta-feira (22) é sim muito superior, é possível sim fazer um jogo bem melhor do que o deste domingo (19). É ter atenção nas bolas aéreas e não cair na mania feia de fazer ligações diretas a esmo. É ter inteligência e entender o que o jogo vai pedir.

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