Bayern de Munique vence com justiça e escancara a enorme passividade que tomou conta do PSG
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Christophe Galtier e Julian Nagelsmann em jogo válido pela Liga dos Campeões
Não é de hoje que este que escreve bate nessa tecla. Reunir grandes jogadores num elenco milionário nunca foi garantia de sucesso. O endinheirado Paris Saint-Germain é um bom exemplo disso. A derrota (justa) para o Bayern de Munique nesta terça-feira (15) no Parque dos Príncipes escancarou a passividade do time parisiense diante de um adversário mais forte e mais organizado. Há talento de sobra no PSG e isso é um fato. Mas falta unidade e consistência no time de Christophe Galtier por uma série de motivos. Não foi por acaso que Julian Nagelsmann conseguiu vencer o duelo tático na beira do gramado e saiu na frente na briga pela vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA.
Na prática, o Paris Saint-Germain só conseguiu criar problemas para o Bayern de Munique a partir da entrada de Mbappé no lugar de Soler aos 11 minutos da segunda etapa. Até aí, a equipe comandada por Christophe Galtier (que havia entrado em campo com uma série de desfalques e armado num 4-4-2 com Messi e Neymar mais adiantados) sofreu com o volume de jogo do escrete bávaro. Mais do que isso. A passividade do time parisiense na marcação era perceptível. O time demoroava muito para recuperar a bola e perdia a posse quase que automaticamente.
É óbvio que havia talento de sobra desde o apito inicial. Neymar, Messi, Verratti, Sergio Ramos, Nuno Mendes, Hakimi… O grande problema do PSG não está nos nomes e sim no JOGO COLETIVO. Um dos grandes problemas da equipe sempre esteve na marcação. Kimmich e Goretzka tinham toda a liberdade do mundo para organizar a saída de bola junto com o trio de zagueiros e chegar na frente para aproveitar os rebotes e começar tudo de novo. Muito por conta da passividade da dupla de ataque na marcação dos volantes bávaros e no ritmo lento do escrete parisiense.
O que se via era um Paris Saint-Germain que sofria para ficar com a bola e que dependia completamente dos lampejos de Messi e Neymar. Muito pouco para quem investiu e prometeu tanto. Mas essa falta de consistência não chega a surpreender este que escreve. O ritmo já era bem baixo em outras partidas da temporada. Do outro lado, o Bayern de Munique apenas usou todas essas fragilidades ao seu favor. O lance do gol marcado por Coman é emblemático. Davies (que havia entrado no lugar de João Cancelo depois do intervalo) recebe de Choupo-Moting e faz o cruzamento perfeito para o camisa 11 vencer Donnarumma. Mas a passividade de todo o time do PSG na troca de passes era nítida e preocupante.
A entrada de Mbappé (que havia começado o jogo do banco de reservas) deu outra cara ao Paris Saint-Germain nas tramas ofensivas. No entanto, por mais que o camisa 7 seja fora de série, a impressão que fica é a de que todo o jogo do time comandado por Christophe Galtier se resumiam a bolas lançadas para o craque francês. Muito pouco. O PSG seguia compeltamente dependente do seu trio apesar da notável melhora no desempenho depois dos vinte minutos da segunda etapa. Destaque para Sergio Ramos na cobertura defensiva e Nuno Mendes no apoio ao ataque e nos bons passes para trás buscando Messi. Praticamente uma reedição da dupla do craque argentino com Jordi Alba no Barcelona de Luís Enrique.
O Paris Saint-Germain ainda teve dois gols bem anulados pelo VAR e não conseguiu aproveitar a expulsão (justíssima) de Pavard após entrada feia em Messi. Com as linhas mais compactadas, o Bayern de Munique se fechou num 4-4-1 e negou os espaços que Mbappé tanto gosta de atacar. Por mais que o PSG ainda esteja vivo e tenha condições de conquistar a vitória na Alemanha, a atuação contra o Bayern de Munique escancarou de vez a passividade e a falta de unidade no time de Christophe Galtier. Não que ela seja o grande culpado (e acredito que não seja), mas a equipe parisiense ainda necessita de equilíbrio dentro e fora de campo. Esse ainda é o grande problema de um dos clubes mais ricos do mundo.
Enquanto isso, o Bayern de Munique comemora o resultado e a vantagem conquistada para o jogo de volta na Allianz Arena. O time de Julian Nagelsmann não tem tantas estrelas como o PSG, mas joga com unidade, coesão e muita intensidade em cada lance. Fora o conhecido volume de jogo imposto pela equipe bávara diante de seus adversários. Ao escrete parisiense, por outro lado, nada mais resta além de confiar que Messi, Mbappé e Neymar vão tirar mais algum coelho da cartola no dia 3 de março. A conferir.