A Seleção Brasileira Sub-20 fez aquilo que se esperava dela na estreia da equipe no Campeonato Sul-Americano da categoria na última quinta-feira (19). A vitória por três a zero sobre o Peru comprovou a superioridade técnica e tática da equipe comandada por Ramon Menezes e ainda foi um ótimo “cartão de visitas” para os demais adversários na competição. Por outro lado, mesmo com o placar elástico construído no Estádio Pascual Guerrero (em Cali), o Brasil mostrou que ainda precisa de ajustes em todos os setores. Principalmente na forma com que a bola é levada ao ataque. O segundo tempo mostrou alguns caminhos interessantes para Ramon Menezes. Principalmente com a mudança na formação inicial.
É interessante notar que a Seleção Brasileira Sub-20 quase não sofreu com as investidas do Peru na última quinta-feira (19). Isso porque, apesar de todos os problemas, a última linha esteve sempre bastante atenta na movimentação ofensiva do seu adversário e a pressão pós-perda funcionou de maneira satisfatória. O grande problema estava na organização ofensiva. Ramon Menezes optou por um 4-3-3 mais posicional que deixava Andrey Santos um pouco mais recuado com relação a Alexsander e Marlon Gomes. Mais à frente, Vítor Roque se movimentava por todo o setor ofensivo, arrastava a zaga peruana e abria espaços para as chegadas de Stênio e Guilherme Biro pelos lados do campo.

Defensivamente, o Brasil se compoprtou bem ao jogar num 4-1-4-1 bem nítido com Stênio e Guilherme Biro recuando e formando “dobras” com os laterais Arthur e Patryck. A entrada da área bem preenchida permitia que Marlon Gomes e Alexsander saltassem para a pressão com certa frequência. No entanto, conforme mencionado anteriormente, a Seleção Brasileira Sub-20 teve problemas para fazer a bola chegar no ataque. Na prática, o que se via era uma transição ofensiva muito lenta nos momentos em que o time de Ramon Menezes recuperava a bola. E isso acabou travando um pouco o futebol de Vítor Roque no primeiro tempo. Na prática, o time só se soltou quando o meio-campo se aproximou mais do ataque.

Não se trata aqui de mencionar uma certa desorganização da equipe comandada por Ramon Menezes. A Seleção Brasileira Sub-20 esteve organizada e valorizou bem a posse da bola, mas encontrou muitas dificudades para furar o eficiente bloqueio defensivo do Peru. O time só ganhava alguma mobilidade quando um dos jogadores da trinca de meio-campo aparecia mais à frente. Não foi por acaso que o Brasil melhorou tanto depois que Ramon Menezes sacou Guilherme Biro, Stênio e Alexsander e mandou Pedrinho, Luís Guilherme e Giovani para o jogo. O 4-2-3-1/4-2-4 fez com que Marlon Gomes e Andrey Santos se aproximassem mais do ataque e encontrassem mais espaço para trabalhar as jogadas por dentro.

Notem que a Seleção Brasileira Sub-20 aumentou seu poderio ofensivo a partir do momento em que o ataque passou a circular mais e a buscar o jogo pelo chão. Este que escreve não está querendo dizer que o 4-4-2 é melhor do que o 4-3-3 ou fazendo qualquer crítica sobre um jogo mais posicional da equipe de Ramon Menezes. O que se viu nesta quinta-feira (19) não foi nada além da adaptação do Brasil a um contexto específico que a partida contra o Peru apresentou. Nada além disso. E nesse ponto, a visão do treinador foi importantíssima para desamarrar o jogo com a entrada dos “caçulas” Pedrinho e Luís Guilherme e a manutenção da intensidade diante de um adversário bastante desgastado.

Apesar do placar elástico, a partida de estreia da Seleção Brasileira no Sul-Americano Sub-20 deixa sim lições valiosas. Estava claro que o Peru havia adotado uma postura mais reativa e que procuraria a oportunidade perfeita para encaixar o contra-ataque, fazer o gol e depois se fechar na defesa. O Brasil soube ter paciência para construir a vitória, mas poderia ter descomplicado as coisas ainda no primeiro tempo se fosse mais objetivo e se buscasse mais o jogo pelo chão. E nesse ponto, Vítor Roque era o único que tentava ocupar a entrelinha peruana. Com as entradas de Pedrinho, Luís Guilherme e Giovani, o atacante do Athletico Paranaense cresceu na partida. Assim como todo o time.
O jogo contra a Argentina comandada por Javier Mascherano (AQUELE MESMO) vai trazer ainda mais dificuldades para a Seleção Brasileira Sub-20 nesta segunda-feira (23). Não se deixem iludir pela derrota da Albiceleste na estreia diante do Paraguai. As dificuldades que o time de Ramon Menezes vai encontrar no Estádio Pascual Guerrero serão consideravelmente maiores do que as encontradas contra o Peru. É por isso que aprender as lições da estreia é tão fundamental.