Palmeiras: manter a consistência sem Danilo e Gustavo Scarpa é a grande missão de Abel Ferreira em 2023
Luiz Ferreira analisa o empate contra o São Bento e as possíveis soluções para a sequência da temporada na coluna PAPO TÁTICO
É lógico que não dá pra prever como será o ano do Palmeiras tomando-se como base a estreia da equipe na temporada. O empate sem gols contra o São Bento neste sábado (15), no entanto, deixou bem claro para este que escreve que uma das grande missões de Abel Ferreira neste 2023 que se inicia é manter a consistência e a regularidade da sua equipe após as saídas de Danilo e Gustavo Scarpa. Os dois foram fundamentais na conquista do Brasileirão de 2022 e são jogadores de difícil reposição. Além disso, as soluções encontradas pelo treinador português para a estreia no Paulistão ainda precisam de tempo e minutos em campo para renderem o esperado por ele e pela torcida.
Vale lembrar também que a diretoria alviverde vem apostando nas categorias de base, na manutenção da base vencedora do ano passado e numa gestão mais “cautelosa” nesse começo de 2023. Diante disso, o técnico Abel Ferreira apostou numa formação que lembra bastante a que vimos nas conquistas do Paulistão e da Recopa Sul-Americana em 2022 no jogo contra o São Bento. Um 4-2-3-1/4-2-4 que trazia Jailson e Raphael Veiga (ambos recuperados das lesões que os afastaram dos gramados) ocupando os lugares que eram de Danilo e Gustavo Scarpa respectivamente.
Observando-se a escalação inicial do Palmeiras neste sábado (14), é possível sim afirmar que, apesar da saída de dois dos principais jogadores da equipe, o time ainda merece muito respeito por parte dos adversários. Por outro lado, ficou claro para este que escreve que o jogo coletivo da equipe como um todo mudaram em alguns aspectos. Isso porque Jailson e Raphael Veiga (titular em boa parte dos jogos de 2022). O time até encontrou espaços no 4-1-4-1 do São Bento comandado por Paulo Roberto Santos apesar da falta de entrosamento em determinados momentos.
O Palmeiras se movimentou bem com a bola, mostrou aquela intensidade bem característica do time de Abel Ferreira, criou boas chances contra o São Bento e chegou a ter dois gols anulados pelo VAR. Mesmo assim, a forma do time jogar era um pouco diferente. Jailson tende a ser mais defensivo que Danilo (além de não possuir toda a dinâmica que o antigo camisa 28 tem na saída de bola e nas chegadas ao ataque). Isso fazia com que Zé Rafael ficasse um pouco mais sobrecarregado nas transições e até mesmo na saída de bola. Com Jailson mais preso na frente da defesa, o camisa 8 precisava cobrir um espaço muito grande do campo e ainda tomar conta da proteção da zaga alviverde.
O mesmo panorama se dá com Raphael Veiga. Enquanto Gustavo Scarpa aparecia mais pelos lados do campo e bsucava as triangulações no espaço que o adversário concedia, o camisa 23 tende a jogar mais centralizado e a buscar o passe vertical. Isso ajuda a explicar a escalação de um trio veloz no ataque do Palmeiras. No segundo tempo, Abel Ferreira tentou colocar seu time no ataque com as entradas de José López, Rafael Navarro espetados na frente, Vanderlan bem avançado pela esquerda e Bruno Tabata se aproximando de Gabriel Menino e Zé Rafael. No entanto, o Palmeiras faltava quem pensasse mais o jogo no meio-campo e controlasse um pouco a velocidade da equipe.
Eu e você sabemos muito bem que a temporada apenas começou e que muita coisa pode acontecer nas próximas semanas. É possível sim que Jailson se encaixe melhor no meio-campo alviverde e que Raphael Veiga recupere seu ótimo futebol com mais minutos em campo. Por outro lado, está claro para todo mundo que Danilo e Gustavo Scarpa são jogadores de raro talento e de difícil reposição. A aposta nas categorias de base e na manutenção do elenco que conquistou tudo e mais um pouco com Abel Ferreira são válidas. Mas a grande questão que fica para a diretoria é outra. O que será feito se os resultados não aparecerem? Os dirigentes vão correr atrás de reforços ou deixar a bomba explodir?
O Palmeiras ainda é um dos times mais fortes do continente e merece sim muito respeito por conta de tudo que já fez nesses últimos anos. No entanto, a saída de dois dos jogadores mais importantes das últimas temporadas preocupa demais o torcedor e a comissão técnica. Por mais que Abel Ferreira diga que a manutenção do grupo é o grande reforço de 2023, é evidente que manter a consistência e a regularidade do time sem Danilo e Gustavo Scarpa é a sua grande missão nessa temporada.