Na próxima sexta-feira (13), a partir das 19h, será dada a largada oficial da temporada 2022-2023 do Campeonato Mundial de Fórmula E. O circuito Hermanos Rodriguez, localizado na Cidade do México. receberá as equipes com uma novidade importante. Isso porque será a estreia do novo carro, chamando de G3, produzido pela francesa Spark.
Lucas Di Grassi conseguiu três vitórias na pista competindo com carros elétricos. Mas agora na equipe indiana Mahindra Racing, o piloto prefere adotar um tom de cautela para a temporada.
É muito complicado de saber agora como nossa equipe vai estar em termos de competitividade. Eu espero que a temporada seja difícil. Meu objetivo na Mahindra é mais de longo prazo, de reconstruir a equipe”, resumiu o brasileiro. “O carro mostrou uma boa performance nos testes de Valência (Espanha), andamos no ritmo dos demais, mas isso não significa muito agora. E eu, vindo de outras equipes, sei que precisamos fazer muita coisa ainda no carro”, declarou.
Porém isso não quer dizer que a equipe não irá lutar pelo título na Fórmula E.
“Se agora, atrasados no desenvolvimento, já temos um carro mais ou menos no mesmo nível de equipes que já têm o carro desenvolvido, isso significa que se a gente trabalhar direito vamos ter um bom produto”, avalia.
“Vamos evoluir muito, mas será com o campeonato em andamento. Nós temos todo o equipamento necessário para brigar pelo título. Mas vamos ter que acelerar o ritmo do trabalho. O desenvolvimento do carro da Mahindra está mais atrasado do que eu esperava. Nós ainda temos praticamente metade dos testes permitidos pela F-E para fazer. Ainda podemos evoluir bastante o carro, mas começamos o ano com menos testes que as outras equipes”, complementou.
Impacto da Fórmula E no futuro dos automóveis
Conhecido pelo seu envolvimento e paixão pela tecnologia, Di Grassi afirma que o Gen3 irá trazer pelo menos duas tecnologias que poderemos ver nos automóveis em breve.
“Uma delas é a capacidade de frear usando somente os motores elétricos. O Gen3 é o primeiro carro de corridas do mundo sem freios na traseira”, destaca Lucas Di Grassi.
“Quando você pisa no freio, o motor elétrico de trás funciona como se fosse um ABS. 100% da frenagem traseira é com o motor elétrico. É uma novidade que, em um carro de rua comum, poderia economizar mais de 100kg de peso e ganhar de 50 a 100km de autonomia para o veículo”.
Fabricada pela Williams Advanced Engineering, que pertenceu à equipe de F-1, a bateria a ser utilizada em 2023 é revolucionária. Ela permitirá que a F-E possa realizar pitstops de recarga rápida e, segundo Di Grassi, deve ser uma grande novidade também nos carros de rua. Os pitstops devem ser introduzidos pela categoria na segunda metade da temporada.
“Essa tecnologia vai mudar, daqui três ou quatro anos, a forma como os carros elétricos do consumidor comum serão carregados”, aponta ele. “Estamos falando de carregar 100% a bateria de um carro elétrico em cinco ou seis minutos. Imagine você parar num posto, ir pagar a conta e quando voltar o carro já estar carregado. Isso muda tudo para um mercado no qual a tendência já é o crescimento exponencial do uso da energia elétrica para a mobilidade, especialmente a urbana”, completa.
Detalhes do Gen3
O novo carro agora conta com duas unidades motrizes, sendo uma na frente e outra atrás. Além disso, o Gen3 teve o peso reduzido de 900 kg para 760 kg, mas agora conta com um máximo de 350kW (476 cv) de potência, contra 250kW (340 cv) do modelo anterior.
Outra mudança importante está na capacidade de regeneração de energia. Ela aumentou de 25% para 40% da carga da bateria durante uma corrida.
Já a fornecedora de pneus será alterada pela primeira vez na história do campeonato. A sul-coreana Hankook, que irá atuar também na Stock Car brasileira, substituirá a francesa Michelin. Conforme informado pela fabricante, os novos compostos dos pneus radiais incorporam biomateriais e borracha sustentável.
“O carro é ainda uns 10cm menor, é mais estreito e teve o entreeixos reduzido. Tudo isso deixa o Gen3 mais ágil e veloz, superando os 300km/h”, destaca Di Grassi.
“Mas os dois principais fatores decisivos para as equipes serão o quanto cada uma vai entender como funcionam os novos pneus e a gestão de energia com a nova bateria. Os pneus dessa temporada são muito resistentes e aposto que poderíamos correr o ano todo com o mesmo jogo. De outro lado, eles deixaram os carros com muito menos aderência – então ficarão bem mais ariscos. Já a gestão de energia é feita por um software fabricado pela equipe, é exclusivo dela. E como uma das filosofias da Fórmula E é avançar na evolução da autonomia dos carros elétricos, as corridas são feitas para todos andarem sempre no limite do consumo. No meu ver, são os dois pontos críticos da equação”, completa.
Retrospecto de Lucas Di Grassi na categoria
O piloto brasileiro venceu a Fórmula E na temporada 2016-2017 e teve dois vice-campeonatos (2015-16 e 2017-18). Além disso, ele se firmou como referência na categoria.
Em relação ao ePrix do México, Lucas Di Grassi vem de vitórias nos anos de 2017, 2019 e 2021. Ao longo de sua passagem pela categoria, o brasileiro tem 39 pódios, sendo 7 consecutivos e vai para sua 9ª temporada.
A corrida do México acontece no próximo sábado (14), com o grid sendo definido às 14h30 e largada às 17h, com transmissão no Brasil pelo canal BandSports.
The all-important start times for the opening race of Season 9 👀
— ABB FIA Formula E World Championship (@FIAFormulaE) January 11, 2023
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