Este que escreve já previa um começo de 2023 mais conturbado para o Corinthians por conta das mudanças no comando técnico. Saía Vítor Pereira e entrava Fernando Lázaro, analista de desempenho e filho do grande ídolo Zé Maria. O elenco corintiano (apesar de mais velho) praticamente não sofreu mudanças da temporada passada para a atual e todos parecem dispostos a comprar as ideias do novo comandante. O empate sem gols com a Inter de Limeira nos mostrou mais uma vez que as coisas não acontecem da noite para o dia no velho e rude esporte bretão. Tempo e paciência são dois elementos fundamentais nesse processo de entendimento das ideias de Fernando Lázaro por parte dos jogadores.
Está nítido que o novo treinador está buscando soluções para alguns problemas do Corinthians. O primeiro (e aquele que mais salta aos olhos) é a nítida falta de ritmo de alguns jogadores. O preparo físico conta muito nesse início de temporada e isso fica ainda mais visível num elenco mais velho como o do Timão. E o segundo é o encaixe de alguns jogadores numa formação minimamente equilibrada. Fernando Lázaro já usou o meio-campo em losango nos primeiros jogos da equipe no Paulistão e usou o 4-3-3 na partida contra a Inter de Limeira fora de casa.
Renato Augusto, Fábio Santos e outros mais experientes começaram a partida deste sábado (21) no banco de reservas. Róger Guedes foi mantido no ataque ao lado de Yuri Alberto e ganhou a companhia do paraguaio Romero. Mais atrás, Du Queiroz, Cantillo e Giuliano formavam o trio de meio-campistas. E Rafael Ramos e Matheus Bidu assumiram as laterais. A teoria nos mostrava um Corinthians mais insinuante e veloz nas ações ofensivas, mas o que eu e você vimos foi um time lento e travado pelo 4-2-3-1 bem montado da Inter de Limeira do técnico Pintado.
Na prática, o Corinthians fez um jogo muito abaixo do esperado. Se não fosse o goleiro Cássio (mais uma vez o melhor do Timão em campo), as coisas teriam ficado ainda mais complicadas para a equipe comandada por Fernando Lázaro. O que se via em campo era uma equipe travada na defesa e que encontrava muitas dificuldades para fazer a bola chegar no ataque. Giuliano não conseguiu ser o “criador de jogadas” tão buscado pelo treinador e Cantillo sobrecarregou Du Queiroz na proteção da última linha. Os problema para furar o bloco médio de marcação da Inter de Limeira eram nítidos. Não foi por acaso que a única boa chance do Timão na primeira etapa foi um chute de Róger Guedes.
O panorama da partida quase não mudou no segundo tempo. Mesmo com as entradas de Renato Augusto, Fagner, Adson e Fábio Santos, o Corinthians encontrou dificulades imensas para criar jogadas de ataque. A Inter de Limeira tem seus méritos pela compactação na frente da área do goleiro Léo Vieira. Por mais que Yuri Alberto e companhia tentassem, faltava criatividade para furar as linhas do obstinado adversário no Estádio Major José Levy Sobrinho. E notem que o time de Fernando Lázaro tem ultrapassagens, tem organização, tem uma ideia clara de jogo. Mas falta intensidade para executar essas ideias da melhor maneira. É nesse ponto que o Corinthians parece sofrer mais. Mesmo com os titulares.
A impressão que fica é a de que o time do Corinthians ainda parece “travado” quando joga fora de casa. É lógico que a torcida tem um papel fundamental quando a equipe joga na Neo Química Arena com os cânticos e a atmosfera completamente hostil para todo e qualquer adversário. No entanto, está mais do que claro que o Timão não pode depender tanto desse cenário. Conforme mencionado anteriormente, a equipe precisa de tempo e paciência para entender e executar melhor as ideias propostas por Fernando Lázaro. Não é clichê ou mesmice. É assim que o futebol funciona em qualquer parte do mundo. O início de temporada preocupa sim. Mas já era algo esperado diante de todo o contexto.
A tendência é que o time do Corinthians vá se ajeitando conforme o tempo for passando e os jogadores tiverem minutos em campo. Mas como fazer todo um elenco compreender as ideias de um treinador (por mais promissor que ele seja) diante de um calendário insano, da mentalidade imediatista de torcida, dirigentes e imprensa e da necessidade de se preservar os atletas nesse início de temporada? Como se vê, a missão de Fernando Lázaro é das mais complicadas. Tempo e paciência são seus melhores amigos.