A vitória por dois a zero sobre o Campinense foi apenas a terceira partida do Fortaleza na atual temporada. Mesmo assim, o que se viu neste sábado (21) no Estádio Presidente Vargas foi um time que vai tentar manter a mesma pegada do ano passado. Muita intensidade, trocas de posição e o já conhecido jogo vertical de Juan Pablo Vojvoda num time que ganhou bons reforços, como os laterais Lucas Esteves, Bruno Pacheco e Dudu, o goleiro João Ricardo, o meia Thomás Pochettino e o atacante Martín Lucero. E isso sem mencionar o retorno do ídolo Yago Pikachu (muito mais atacante do que em outros tempos). Certo é que o Fortaleza mostrou condições de chegar longe nesse já agitado ano de 2023.
É interessante notar que Juan Vojvoda apostou numa formação mais diferente daquela que vimos na temporada passada. Ao invés do 3-5-2 ou de um 4-4-2, o treinador do Leão do Pici apostou num 4-3-3 de muita mobilidade no meio-campo e com variações bem interessantes nos momentos em que o Fortaleza tem a bola. Tinga e Lucas Estevez aparecem no ataque a todo momento e ajudam a abrir o campo. Yago Pikachu encosta em Silvio Romero no ataque e Pedro Rocha recua (quase como um ponta de lança) e abre espaço para a chegada de um dos três volantes na área.
Notem que esse é foi um dos grandes trunfos do Fortaleza na vitória sobre um Campinense que pouco ameaçou a meta defendida por Fernando Henrique. Se a bola está na esquerda, Tinga explora as costas do lateral adversário e um dos volantes se junta à dupla de ataque. Se é Hércules quem sobe, Ronald e Caio Alexandre guardam mais suas posições na espera da chamada “segunda bola” junto de Pedro Rocha (este um pouco mais adiantado). Foi na base do volume ofensivo que o Leão do Pici foi empurrando a defesa da Raposa para trás e criando espaços para finalizar.
Notem que o primeiro gol do Fortaleza nasceu de uma dessas trocas de posição entre meio-campistas e atacantes. E ficou claro para este que escreve que uma das grandes orientações de Juan Pablo Vojvoda é explorar o espaço entrelinahs do seu adversário. Isso explica a escolha por volantes de ótimo passe e que pisam na área com frequência. Esse é o caso de Hércules. O camisa 35 foi muito inteligente ao perceber que os volantes Rogério e Guilherme Escuro pareciam mais preocupados com a movimentação de Pedro Rocha e Yago Pikachu e apareceu livre dentro da área. O chute forte contou com o desvio que “matou” o goleiro Otávio e derrubou a estratégia de um Campinense bastante acuado no seu campo.
O panorama da partida não mudou muito no segundo tempo. O Fortaleza seguiu ocupando bem o campo de ataque e acelerando bastante quando tinha a posse da bola. Notem que a formação descrita anteriormente não é fixa. Hércules pode voltar para auxiliar na saída de bola e Caio Alexandre aparecer mais pelo lado do campo, por exemplo. Certo é que Juan Vojvoda tem como regra três elementos fundamentais para dar ainda mais competitividade ao Leão do Pici: intensidade, amplitude e profundidade. Se Silvio Romero arrasta os zagueiros Anderson Alagoano e William para trás, Pedro Rocha e Yago Pikachu ocupam o espaço que se cria na frente da área e os laterais Tinga e Lucas Esteves abrem o campo.
Os feitos do Fortaleza no ano passado o colocam sim na briga por títulos importantes nessa temporada. E não somente a nível regional. Não é nenhum absurdo imaginar esse time chegando longe numa Copa do Brasil ou até mesmo num Brasileirão que promete ser menos arrastado do que o costume. O Leão do Pici parece mais maduro e mais ciente do que pode e do que não pode fazer na disputa de tantas competições importantes nesse ano de 2023 e já deu mostras de que o nível de competitividade vai estar lá em cima mais uma vez. Fora isso, o repertório tático de Juan Vojvoda parece ainda mais renovado e ainda mais cheio de truques para enganar e superar seus adversários. As primeiras impressões são muito boas.
O segundo gol do Fortaleza na vitória sobre o Campinense é o resumo perfeito dessa análise. Há profundidade, há a movimentação correta, a ocupação dos espaços e a intensidade nas trocas de passe dentro da área. Se o meio está congestionado, o lado vira solução para chegar no ataque. E se não há meios de trocar passes pelo chão, ninguém ali tem medo de fazer de fazer ligações diretas. O Leão do Pici dá mostras de estar preparado para uma temporada que promete ser histórica. A ver.