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Fluminense inicia temporada com vitória tranquila e algumas atualizações no “Dinizismo”

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do Flu contra o Resende e as escolhas de Fernando Diniz

Por Luiz Ferreira em 16/01/2023 01:35 - Atualizado há 2 anos

Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

Não é preciso lembrar o leitor da coluna PAPO TÁTICO das dificuldades que o início da temporada impõem em qualquer tentativa de análise deste ou daquele time. Por outro lado, mesmo o primeiro jogo de 2023 pode nos indicar caminhos que alguns treinadores pretendem seguir. É o caso do Fluminense e de Fernando Diniz. A vitória sobre o Resende neste sábado (14) em Volta Redonda foi marcada pelo amplo domínio do time de Cano, Jhon Arias (o melhor em campo), André, Samuel Xavier e companhia e também sobre algumas atualizações no estilo de jogo que ficou conhecido como “Dinizismo” por boa parte da torcida tricolor. Esse é o ponto central dessa humilde análise.

Quem viu o Fluminense no ano passado viu uma equipe que gostava de jogar com a bola no chão e que chegava no campo de ataque com toques rápidos, triangulações e muita intensidade a partir do campo ofensivo. Nada disso parece ter mudado na vitória tranquila sobre o Resende, mas foi possível notar que Fernando Diniz já pode estar fazendo os primeiros testes para a formação que pretende usar nesse ano de 2023. Lembrem-se de que a diretoria trouxe bons reforços para o clube nessa janela. Mas é a chegada de Keno que indica essa tendência nova do “Dinizismo”.

Isso porque eu e você sabemos muito bem que o atacante de 33 anos gosta de jogar pelo lado esquerdo saindo em diagonal na direção da área adversária. Não foi por acaso que vimos um Jhon Arias mais pela direita com Calegari aparecendo bastante no campo ofensivo. Ao que parece, Fernando Diniz pretende manter seu estilo de jogo característico, mas com um pouco mais de amplitude do que no ano passado. E isso passa pela chegada de Keno ao elenco tricolor. O lance do gol de Cano mostra bem essa dinâmica e a amplitude criada pelo time do Fluminense.

Jhon Arias recebe na direita, Calegari parte pelo outro lado e Yago Felipe e Cano fazem o “facão” para confundir a zaga do Resende. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Assim como fez no São Paulo, Fernando Diniz organizou o Fluminense numa espécie de 2-4-4 nos momentos ofensivos. A ideia central dessa formação tática é aproveitar bem os espaços no campo de ataque sem que seus jogadores fiquem muito afastados uns dos outros. Ao mesmo tempo, a troca de posições também acontece com frequência. Por exemplo, Samuel Xavier aparece por dentro assim que Calegari recebe de Yago Felipe na jogada de ultrapassagem pela esquerda. Cano, por sua vez, busca as costas do lateral do lado oposto onde está a bola e Paulo Henrique Ganso ficando um pouco mais recuado em relação a Martinelli. Até mesmo André aparece no ataque para tentar uma sobra.

Calegari parte pela esquerda, Ganso fica mais recuado, Samuel Xavier aparece por dentro e Cano busca as costas do lateral adversário. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Algumas ideias de Fernando Diniz permanecem intactas sem a bola. O Fluminense se organiza com duas linhas com quatro jogadores na frente da sua área. O detalhe é o posicionamento de Paulo Henrique Ganso. Enquanto Yago Felipe dá o suporte defensivo por dentro ou pelo lado do campo (dependendo de onde esteja a bola), o camisa 10 tricolor se posiciona mais pelo lado do campo para iniciar os contra-ataques assim que a posse for retomada. Com isso, é muito mais comum vermos Germán Cano buscando mais o combate em cima dos volantes adversários e Jhon Arias fechando o espaço pelo lado (quase como um qunto defensor). Tudo é feito com muita compactação e bastante organização.

O Fluminense se organiza com duas linhas na frente da sua área, Cano fechando em cima do volante adversário e Ganso um pouco mais livre. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

É interessante notar que essas dinâmicas não mudaram com as entradas de Lima, Keno, Alan e Marrony no segundo tempo (formação até mais ofensiva do que aquela que vimos no primeiro tempo). Diante do que se viu neste sábado (14), é possível afirmar que Fernando Diniz já esteja ensaiando a entrada de um outro atacante no lugar de Yago Felipe. O grande problema é saber como manter a consistência defensiva sem o voluntarioso camisa 20 em campo. Mesmo assim, já foi possível notar um Fluminense que usa mais os lados e que usa mais os lados do campo do que no ano passado. São adaptações que permitem que outros jogadores possam contribuir com o ótimo jogo coletivo do “Dinizismo”.

Conforme mencionado no início desta humilde análise, a temporada ainda está começando e muita coisa pode mudar nos próximos dias. Além do Campeonato Carioca, o Fluminense terá pela frente a Copa do Brasil, o Brasileirão e a Libertadores (a grande obsessão da diretoria e da torcida tricolor). Ter um elenco com boas opções e alternativas para mudar a característica do jogo é importantíssimo. Até mesmo para que o “Dinizismo” não perca seu lado mais interessante e mais intenso.

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