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Dakar: conheça o “Fera no deserto”, GR DKR Hilux pilotado por Lucas Moraes

Saiba mais sobre o carro utilizado pelo piloto brasileiro no seu desempenho histórico no Rally Dakar

Por Flavio Souza em 16/01/2023 15:02 - Atualizado há 2 anos

Divulgação / Red Bull Pool Content

No último domingo (15), Lucas Moraes fechou sua participação no Dakar, terminando na 3ª posição. Atual bicampeão do Rally dos Sertões, o brasileiro fez sua estreia na tradicional competição de off-road pilotando um Toyota GR DKR Hilux T1+.

Trata-se de uma versão especial da picape que está no mercado, vendida pela fábrica japonesa. O desenvolvimento do carro foi feito pela equipe belga Overdrive Racing e a fábrica sul-africana Hallspeed, parceiras oficiais da Toyota no off-road, contando com mais de 130 dias e 25 mil kms, entre testes e corridas.

O atual GR DKR Hilux é construído na sede da Hallspeed na África do Sul, país que se tornou um centro de desenvolvimento do rally mundial. Ele foi apresentado em 2021 como o maior salto tecnológico do programa Dakar da Toyota, criado em 2011. A meta era vencer o Dakar 2022, o que foi conseguido com a dupla formada pelo piloto catarino Nasser Al-Attiyah e o navegador francês Mathieu Baumel. No último domingo o duo novamente conquistou o primeiro lugar em das mais difíceis edições da prova.

Vale citar também o piloto Reinaldo Varela e o navegador Gustavo Gugelmin, que utilizaram o projeto da Hallspeed-Overdrive para obter diversos resultados importantes no Campeonato Mundial de Cross-Country, como a vitória no Italian Baja, além do primeiro lugar no Rally dos Sertões – ambos em 2013.

Confira abaixo mais detalhes do carro utilizado no Dakar

Chassi

O carro é montado sobre um chassi de estrutura tubular em liga de aço no qual é acoplada a carenagem com as mesmas linhas da picape Toyota Hilux cabine-dupla, mas construída em uma combinação de fibra de carbono e kevlar – e não em aço como nos carros de produção.

O motor foi posicionado centralmente, na mesma configuração dos Toyota do Dakar desde 2016, preservando também o layout do cockpit. Mas a partir de 2022 o carro passou a usar dois estepes ao invés de três, seguindo as novas regras do Dakar para a categoria principal, a dos Carros T1+.

Tanto a suspensão dianteira quanto a traseira empregam triângulos duplos sobrepostos com 350mm de curso, uma geometria predominante nos carros de competição. O sistema emprega apenas um amortecedor por roda, em uma mudança importante de conceito de suspensão em relação ao sistema de dois amortecedores do Toyota anterior.

Pneus

As rodas são as italianas Evo Course, com aro de 17 polegadas, nas quais são montados enormes pneus BF Goodrich nas medidas 37/50R17 – o tamanho se deve ao fato de que nos rallies os pneus menores sofrem furos com mais facilidade. Para a alegria dos designers, os pneus passaram a dar aos carros do Dakar um aspecto de “Hotwheels” – os famosos carrinhos de brinquedo –, especialmente em modelos de desenho mais ousado, como o do Audi RS Q e-tron e o Prodrive Hunter T1+.

Câmbio

O câmbio é da especialista francesa Sadev, com seis velocidades e mudança sequencial por alavanca. O tanque também é grande, fabricado nos Estados Unidos, com capacidade de 540 litros. Para evitar vazamentos em acidentes, essa célula segue o padrão FT3 da FIA, com cofre de fibra de carbono e contêiner de borracha deformável, além de uma válvula de segurança anticapotagem.

Motor do Land Cruiser

O motor é um V35A de 3,5 litros, o mesmo que equipa o Land Cruiser 300 GR Sport – modelo ainda não disponível no Brasil. Alimentada a gasolina, a unidade é uma V6 biturbo que entrega 266 kW (ou 356,4 cv) de potência e torque de 660 Nm a 5.100 rpm. Não é um propulsor excepcionalmente potente, pois as condições de pouca aderência do off-road tornam o excesso de força contra-produtivo na pilotagem.
Mesmo assim, a curva de potência é controlada eletronicamente pela FIA dentro da política chamada “Equivalence of Technology”, ou algo como equalização da tecnologia. Ela é baseada em dados de GPS que medem a aceleração longitudinal dos veículos e tem como objetivo permitir que carros de diferentes conceitos e tecnologias possam competir em um nível similar de performance.

Longo trabalho para desenvolvimento do carro para Dakar

Conforme já citado, para tentar uma nova vitória em 2023, a Toyota submeteu o GR DKR Hilux a mais de 130 dias de testes e corridas, superando os 25 mil km de avaliações práticas. A fábrica japonesa investiu em novos desenvolvimentos dos diferenciais, além de reforços para peças e triângulos da suspensão.

Os ajustes de amortecedor foram otimizados, assim como as possibilidades de regulagem do câmbio. Foi necessária também uma versão diferente de software para que a ECU (centralina eletrônica que gerencia o fluxo de gasolina para o motor) fornecida pela australiana MoTec se adaptasse à nova formulação de combustível usada no Dakar.

Ficha técnica do Toyota GR DKR Hilux T1+ utilizado no Dakar

  • Apoio: Red Bull e SpeedMax (PneuStore)
  • Chassi: estrutura tubular em liga de aço
  • Carenagem: Toyota Hilux cabine dupla construída em kevlar e fibra de carbono
  • Tanque: 540 litros, padrão FIA FT3, cofre de fibra de carbono com contêiner de borracha deformável. Válvula de segurança anticapotagem
  • Medidas: 4.810mm (comprimento), 2.300mm (largura), 1.890mm (altura), 3.140mm (entreeixos)
  • Peso: 2.000kg sem fluídos
  • Motor: unidade V35A de série, 3,5 litros, gasolina, V6, biturbo. 266 kW (ou 356,4 cv) de potência e torque de 660 Nm a 5.100 rpm. Origem: Land Cruiser 300 GR Sport
  • Gerenciamento: MoTec com supervisão e padronização FIA da curva de potência
  • Transmissão: câmbio sequencial de seis marchas Sadev, engate por alavanca. Embreagem com discos cerâmicos de 215mm. Diferenciais de deslizamento limitado (dianteiro, central, traseiro)
  • Rodas: Evo Corse de 17 polegadas em liga leve
  • Pneus: BF Goodrich nas medidas 37/50R17
  • Suspensão: dianteira e traseira empregam triângulos duplos sobrepostos com 350mm de curso
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