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Santos hoje: ex-jogadores relembram título do Brasileirão em 2002 e dizem que o clube “voltou a ser respeitado”

Há exatos 20 anos, o Peixe voltava a ser campeão do Campeonato Brasileiro

Por André Salem em 15/12/2022 18:46 - Atualizado há 2 anos

Vidal Cavalcante/ Estadão

No dia 15 de dezembro de 2002, o Santos derrotou o Corinthians por 3 a 2 na final do Brasileirão e conquistou o título nacional que não conquistava desde 1968.

Na época, o Peixe derrotou o Timão nas duas partidas da final. Esse foi o último Brasileirão decidido no formato “mata-mata”.

O Santos tinha jogadores como Robinho, Diego Ribas, Renato, Elano, Alex, Léo e Robert. Estes dois últimos, em entrevista ao “ge”, relembraram aquela partida.

Os dois foram personagens naquela final. Léo foi o autor do gol que fechou a conta e sacramentou o título, enquanto Robert era um jogador experiente, que já havia conquistado título pelo Peixe em 1997. Ele teve que substituir o craque Diego, que se machucou nos primeiros minutos da partida.

Pressão da torcida pelo título

O ex-lateral Léo recorda que a pressão para ser campeão era muito grande. O time da Vila não conquistava uma taça mais importante desde o Paulistão de 1984. Venceu o Rio-São Paulo de 1997 e a Copa Conmebol de 1998, mas que não tiveram tanta importância.

Então, os torcedores iam para o estádio com as faixas de cabeça para baixo, em protesto.

“Não tinha como ficar alheio a essa questão. Todos os dias éramos “lembrados” pelo torcedor nas ruas, sem falar nas faixas de cabeça pra baixo nos estádios”, relembrou Léo.

Além disso, o Santos carregava o peso de ter perdido o Brasileirão de 95 para o Botafogo. E o ex-meia Robert, estava no elenco que foi vice-campeão. Ele relembra que o Santos tinha um elenco jovem, mas que os garotos não sentiram esse peso.

“Alguns jogadores, sim, claro (tinha o peso). Principalmente eu, que vinha da frustração de 1995 por causa do vice. Mesmo tendo ganho o Rio-São Paulo de 1997, queria ganhar um Brasileiro. E tendo chance com o time que a gente estava, eu não queria deixar passar. Óbvio que tentávamos passar por esse momento de pressão de uma forma tranquila. Temos a responsabilidade, a pressão de não conquistar títulos importantes, mas isso não pode abalar a performance em campo. Os moleques nem pensavam nisso na realidade, quem pensava eram os mais experientes. Tentávamos nos concentrar e dar o melhor naquele momento”, ressaltou Robert.

Vantagem no primeiro jogo

No jogo de ida, o Santos já havia vencido por 2 a 0. Então, poderia jogar pelo empate no segundo jogo. Mas não foi o que se viu. O Peixe foi para cima e venceu a partida. Robert relembra que o Santos tinha um time muito ofensivo e revela que jamais passou pela cabeça do grupo segurar o resultado.

“Nunca jogamos para segurar resultado e nem pensávamos em fazer isso. O forte do nosso time era o ataque, a vontade de ir para cima. Não tinha segurar a bola e tocar para passar o tempo. Partimos para a vitória, para ganhar. Tanto é que conseguimos o pênalti e isso nos ajudou bastante, facilitou as coisas. Foi um jogo difícil, tenso. Teve a virada do Corinthians. Depois conseguimos empatar e fazer o gol da vitória com o Léo. O time era difícil de segurar a bola por muito tempo. Tinha muita vocação ofensiva. Era agudo, rápido, pra frente”, declara o ex-meia.

Pedalada do Robinho

O então jovem Robinho, famoso pelas suas pedaladas, protagonizou um lance que é lembrado até hoje. Foram oito pedaladas em cima do lateral Rogério, que só parou cometendo o pênalti. Esse é sem dúvida o lance mais lembrado dessa final.

Léo, que foi quem deu o passe para Robinho, comentou o lance.

“Eu tinha certeza que o Robinho partiria pra cima do Rogério. Que alguma coisa aconteceria naquela jogada, ou a finalização ou uma falta ou pênalti, como aconteceu”, disse Léo.

Léo relembra o gol na final e diz que foi o título mais importante da carreira

Já no final do jogo, o lateral-esquerdo Léo marcou o terceiro gol, que deu números finais ao placar. E o gol foi marcado de pé direito, o “pé ruim”. O lateral comentou sobre o gol.

“Foi o momento mais marcante da minha carreira e um dos mais importantes da minha vida. Em 2002 eu fiz gols de tudo o que é jeito, de pé direito, esquerdo até de cabeça! Eu sempre trabalhei muito com os dois pés. O direito não servia apenas para acelerar ou frear o carro (risos)”, brincou Léo.

Por fim, o lateral disse que esse foi o título mais importante que já venceu, pois deu início a uma nova era vitoriosa do clube.

“Eu fui campeão da Libertadores de 2011, mas sempre que me perguntam qual o mais importante dos oito títulos que ganhei pelo Santos, não tenho dúvidas de apontar o Brasileiro de 2002. Ele mudou tudo. O clube voltou a ser respeitado, a torcida recuperou o orgulho. 2002 abriu as portas para tudo de bom que aconteceu com o Santos nos anos seguintes.”

Depois do Brasileirão de 2002, o Santos venceu mais um Brasileirão (2004), Copa do Brasil (2010), Libertadores (2011), Recopa Sul-Americana (2012) e sete títulos do Paulistão (2006, 2007, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2016).

Antes disso, o último Brasileirão havia sido em 1968, Libertadores em 1963, Paulistão em 1984 e nunca havia vencido uma Copa do Brasil.

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