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Palmeiras aproveita deficiências das Sereias da Vila e sai na frente na final do Paulistão Feminino

Luiz Ferreira analisa o jogo deste sábado (17) e destaca as propostas de Kleiton Lima e Ricardo Belli na coluna PAPO TÁTICO

Por Luiz Ferreira em 18/12/2022 03:27 - Atualizado há 2 anos

Leonardo Lima / Agência Paulistão / Centauro

Não se deixem enganar pelo placar magro no Estádio Bruno José Daniel, em Santo André. Palmeiras e Santos fizeram uma partida altamente movimentada e cheia de lances de perigo neste sábado (17). Acabou que a equipe comandada por Ricardo Belli foi mais eficiente e chegou à vitória com um gol de Sochor aos 48 minutos da segunda etapa e venceu o “primeiro round” da decisão do Paulistão Feminino. Mas o que fica do jogo foram os problemas apresentados pelas Sereias da Vila em todos os setores. Principalmente na hora de realizar as transições defensivas e de conter os movimentos de Bia Zaneratto (a melhor em campo junto com a goleira Camila Rodrigues na opinião deste que escreve).

É verdade que as duas equipes entraram em campo sem muitas surpresas. O Palmeiras apostou num time muito semelhante ao que conquistou da Libertadores Feminina no mês de outubro com um 4-2-3-1/4-3-3 de muita mobilidade. Carol Baiana e Byanca Brasil ficavam mais pelos lados do campo (mas sem guardar muito a posição), Camilinha ficava um pouco mais contida no apoio em relação a Bruna Calderan, Andressinha pisava na área e Bia Zaneratto jogava como “falsa nove”. A principal jogadora das Palestrinas tinha liberdade total para circular por todo o campo.

Do outro lado, Kleiton Lima manteve o 4-4-2/4-2-4 costumeiro nas Sereias da Vila. Cristiane e Thaisinha formavam a dupla de ataque com Fernandinha e Jane Tavares jogando mais pelos lados. No entanto, o grande problema do time do Santos estava no meio-campo. Não foram poucas as vezes em que Ana Clara ficou mais sobrecarregada na marcação por conta dos avanços constantes de Brena para pressionar a saída de bola adversária ou até mesmo nas transições ofensivas. Isso acabou gerando uma cratera enorme na frente da última linha de defesa santista.

Formação inicial das duas equipes. Bia Zaneratto jogou com total liberdade para circular por todo o campo e explorar os espaços na frente da defesa das Sereias da Vila.

O Santos até tentava manter mais a posse da bola e acionar Cristiane no comando de ataque com bolas mais longas ou tabelas com as chegadas de Gi Fernandes e Bia Menezes pelos lados do campo. O problema é que as falhas na cobertura defensiva e a movimentação de Bia Zaneratto fizeram com que as laterais santistas se contivessem mais no apoio. Só que nem assim as Sereias da Vila conseguiam conter o forte contra-ataque palestrino. Não foi por acaso que um dos grandes nomes da partida deste sábado (17) foi a goleira Camila Rodrigues. A camisa 12 das Sereias da Vila fez pelo menos três grandes defesas apenas no primeiro tempo e evitou o pior para o time de Kleiton Lima.

Byanca Brasil recebe a bola, Bia Zaneratto vem de trás e as volantes Brena e Ana Clara falham na recomposição defensiva das Sereias da Vila. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

Não é de hoje que as transições defensivas são um dos grandes problemas das Sereias da Vila. Não se sabe se os constantes (e inexplicáveis) avanços de Brena são fruto de orientação ou de uma afobação da talentosa camisa 5 santista. No entanto, o que se via na partida deste sábado (17) era um meio-campo muito mal preenchido do lado alvinegro da final do Paulistão Feminino e um Palmeiras que aproveitava bem os espaços que tinha pela frente. Bia Zaneratto, por sua vez, abria o jogo pelos lados, baixava até Duda Santos e Andressinha e acionava Byanca Brasil e Carol Baiana mais à frente. E o posicionamento ruim de Brena e Ana Clara só facilitou a vida das Palestrinas.

A movimentação de Bia Zaneratto confundiu a marcação, mas o posicionamento de Ana Clara e Brena facilitou as coisas para o Palmeiras. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

O panorama se manteve o mesmo no segundo tempo. O Santos tinha muitas dificuldades para sair do seu campo e o Palmeiras aproveitava bem os espaços que tinha pela frente. Carol Baiana e Andressinha acertaram a trave de Camila Rodrigues e Ricardo Belli manteve sua equipe no ataque com as entradas de Sochor e Katrine durante a segunda etapa. Acabou que o posicionamento ruim do meio-campo das Sereias da Vila cobrou seu preço aos 48 minutos, quando Bia Zaneratto se livrou de três jogadoras antes de fazer toda a jogada do gol marcado por Sochor. Notem que Brena sequer aparece no frame abaixo. Mais uma prova de que a recomposição defensiva precisa de TODA A ATENÇÃO de Kleiton Lima.

Laura Valverde e Ana Clara não conseguem segurar Bia Zaneratto no lance do gol de Sochor. O Santos falhou demais na recomposição. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

É verdade que o confronto ainda está aberto e que as Sereias da Vila têm totais condições de vencer o jogo da próxima quarta-feira (21), no Allianz Parque. No entanto, o “primeiro round” da final do Paulistão Feminino nos mostrou que a equipe de Kleiton Lima se transformou em presa fácil para um Palmeiras mais organizado e melhor distribuído em campo. Toda a movimentação de Bia Zaneratto como “falsa nove” e as chegadas de Andressinha e Ary Borges acabaram escancarando as atuações ruins de Ana Clara e Brena (principalmente desta última) nos momentos defensivos. E deixar espaços para as Palestrinas é quase suicídio. O gol de Sochor prova essa tese com facilidade e sem muito esforço.

Certo é que atual campeão da América vai encontrar um cenário favorável no Allianz Parque. Não somente por jogar em casa, mas por saber que as Sereias da Vila terão que sair para o ataque e, consequentemente, vão deixar espaços na sua defesa. Com Bia Zaneratto se movimentando e arrastando a marcação, a tendência é que o Palmeiras encontre ainda mais campo para construir as jogadas. Leve vantagem para o time de Ricardo Belli apesar do confronto aberto.

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