Home Futebol Argentina de Messi supera a França, leva a Copa do Mundo e prova que o futebol é a maior invenção da Humanidade

Argentina de Messi supera a França, leva a Copa do Mundo e prova que o futebol é a maior invenção da Humanidade

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Lionel Scaloni e Didier Deschamps na final mais emocionante da história

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Lionel Scaloni e Didier Deschamps na final mais emocionante da história

Ainda é muito difícil encontrar palavras para descrever tudo aquilo que eu e você vimos nessa grande final da Copa do Mundo. Certo é que ela já se transformou numa das mais emocionantes da história. E quiseram os deuses do futebol que o título fosse para as mãos da Argentina de Messi, Di María, Lionel Scaloni e companhia. A atuação da Albiceleste só não foi perfeita porque a França de Didier Deschamps e Mbappé fez seus melhores dez minutos no Mundial do Catar e evitou a derrota até onde pôde. E coube ao já lendário Emiliano “Dibu” Martínez a tarefa de colocar mais uma estrela no peito da sua seleção. Amigos, o futebol é a maior invenção da Humanidade. O jogo deste domingo (18) provou isso.

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Quem poderia imaginar, por exemplo, que o escrete comandado por Lionel Scaloni fosse AMASSAR a então atual campeã mundial jogando num 4-4-2 de muita mobilidade e encaixes na marcação? A entrada de Di María pelo lado esquerdo (jogando em cima de Koundé e explorando a falta de combatividade de Dembélé na cobertura defensiva) simplesmente destruiu qualquer estratégia da França na primeira etapa. Além disso, De Paul e Molina vigiavam Mbappé de perto e Mac Allister não perdia Griezmann de vista. Tudo para que Messi ficasse livre para decidir lá na frente.

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Do outro lado, as dificuldades que o escrete comandado por Didier Deschamps encontrava para ao menos sair do seu campo eram visíveis. Tudo por conta da ótima marcação imposta pela Albiceleste em cima dos principais responsáveis pela saída de bola francesa. E para completar o cenário ruim, Tchouaméni sofria para cobrir todos os espaços, Rabiot parecia perdido no meio-campo e Giroud não conseguia dar sequência a uma jogada de ataque sequer. “Les Bleus” pareciam atônitos diante de tanta intensidade e de tanto volume de jogo da Argentina.

Formação inicial das duas equipes. Lionel Scaloni posicionou Di María pela esquerda, reforçou o meio-campo e liberou o craque Lionel Messi para circular por todo o campo.

Nem é preciso dizer que essa postura agressiva da Albiceleste fez com que a França sentisse demais o jogo no Estádio Lusail. Di María e Molina abriam o campo, Mac Allister ocupava o espaço na frente da defesa e Enzo Fernández distribuía bons passes por dentro. Os problemas defensivos do escrete de Didier Deschamps logo apareceriam. Principalmente pelos lados do campo, onde Messi aparecia para criar superioridade numérica com o companheiro de equipe que estivesse por ali. Com Griezmann fora do jogo e sem ter como participar da construção das jogadas, a França sofreu para se impor em todos os sentidos contra uma Argentina ligada no 220 e disposta a tudo para colocar mais uma estrela no peito.

Enzo Fernández inicia a construção das jogadas, Mac Allister, De Paul e Julián Álvarez ocupam a entrelinha e Messi circula por todo o campo. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

O gol de Messi (marcado aos 23 minutos da primeira etapa) surgiu dessa superioridade numérica pelos lados do campo. Koundé seguia Mac Allister e Dembélé acabou cometendo a penalidade em Di María. E para completar o PASSEIO portenho no primeiro tempo, o camisa 11 ainda faria o segundo aos 36 minutos em contra-ataque de manual puxado por Julián Álvarez pelo lado direito (após bela troca de passes entre Messi e Mac Allister. Com toda a sinceridade do mundo, a atuação da França beirava o risível e o inacreditável. Ainda mais numa final de Copa do Mundo.

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Mas este que escreve começou essa análise falando que o futebol é a maior invenção da Humanidade. E não poderia ser diferente. Didier Deschamps (que soltava todos os palavrões possíveis na beira do gramado) sacou Dembélé e Giroud e mandou Kolo Muani e Marcus Thuram para o jogo. A França ganhou corpo, mas ainda tinha dificuldades enormes para se impor no seu próprio campo. Pelo menos, “Les Bleus” pararam de sofrer tanto na defesa e conseguiam trocar mais passes. Com as substituições, Mbappé deixou o lado esquerdo e foi jogar no comando de ataque.

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Didier Deschamps mandou os jovens Marcus Thuram e Kolo Muani, mas a Argentina ainda se fechava bem com De Paul e Enzo Fernández. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

A verdade é que a Argentina fez oitenta minutos de cinema e parecia caminhar célere para a conquista do tricampeonato. Deschamps “meteu o louco” de vez ao sacar Theo Hernández e Griezmann para as entradas de Camavinga e Coman respectivamente. A França espelhou o 4-4-2 da Argentina e aproveitou a queda no ritmo alucinante do time com a saída de Di María (completamente exausto) para a entrada de Acuña. Kolo Muani foi derrubado por Otamendi dentro da área e Mbappé diminuiu aos 35 minutos. Foi apenas o início do recital do camisa 10. No lance seguinte, o craque francês fez o gol de empate num belo chute de primeira da entrada da área. As mexidas de Deschamps recolocaram a França na final.

A França melhorou com as mexidas de Didier Deschamps. Camavinga deu mais força ao sistema defensivo e Kolo Muani se somou a Mbappé no comando de ataque.

Quem poderia imaginar que a França fosse ressurgir das cinzas desse jeito? E quem esperava uma final de Copa do Mundo tão emocionante? Lautaro Martínez ainda desperdiçou duas chances antes de Messi resolver mais uma vez numa das poucas vezes em que a Argentina conseguiu fazer suas associações por dentro na prorrogação. A troca de passes entre o camisa 22, Enzo Martínez e o craque portenho foi coisa de cinema. Mas como o roteiro do nosso épico ainda não havia acabado, ainda haveria tempo para Mbappé fazer o terceiro dele na partida (e se igualar ao inglês Geoff Hurst) e Emiliano Martínez fazer defesa de cinema em chute de Kolo Muani. Aliás, não é exagero afirmar que foi a defesa da Copa.

A Argentina renasceu quando fez triangulações por dentro. A troca de passes entre Enzo Fernandéz, Lautaro e Messi foi sensacional. Foto: Reprodução / YouTube / Cazé TV

Caberia ao goleiro da Argentina mostrar porque se transformou num dos grandes da posição no seu país ao defender as cobranças de Coman e Tchouaméni. Ainda que com todos os contornos dramáticos possíveis (tal qual um dos tangos imortalizados por Carlos Gardel), a equipe de Lionel Scaloni superava seu último obstáculo antes de colocar a terceira estrela no peito. E Messi finalmente entrava no panteão reservado aos campeões mundiais. Título que muitos esperavam, mas que só reforça a genialidade e a capacidade de fazer esse negócio chamado futebol parecer fácil. E tudo isso na primeira Copa do Mundo sem Maradona entre nós. Eu não consigo pensar em nada mais simbólico do que isso.

O futebol, meus amigos, é a maior invenção da Humanidade. Talvez depois do sorvete de flocos e do pão de queijo, mas ainda assim, uma das grandes coisas que o bicho homem fez enquanto esteve aqui nesse planetinha chamado Terra. Não duvido nada de que eu e você falemos com nossos netos sobre a grande epopeia de “La Scaloneta” e a forma como o ainda mais craque Lionel Messi finalmente conquistou o maior título do mundo.

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