Uma das “novidades” da Copa do Mundo é o Movimento Verde e Amarelo, torcida organizada voltada apenas a apoiar a seleção brasileira. Porém, algumas ações desses torcedores já causaram alguns problemas com antigos ocupantes das arquibancadas.
Um exemplo aconteceu na partida entre Brasil e Suíça, quando alguns de seus integrantes resolveram tirar uma faixa da Gaviões da Fiel que estava localizada atrás de um dos gols, o que causou um princípio de confusão.
Para o portal UOL, o vice-presidente da organizada corintiana, Danilo Oliveira, criticou duramente os membros do Movimento Verde Amarelo, principalmente pela origem supostamente mais rica de seus integrantes.
“Esse Movimento Verde Amarelo já começou totalmente errado. É a primeira organizada que nasce da burguesia. As organizadas dos clubes são todas oriundas da periferia e da classe trabalhadora, dos excluídos. Eles (MVA) foram na contramão, e você vê isso pelos patrocínios”, explicou Biu.
Segundo a reportagem do UOL, durante o evento de convocação do Brasil para a Copa do Mundo, a live do Movimento Verde Amarelo teve patrocínio de diversas empresas
“Mais de 50% da população brasileira é negra e você não vê um negro nesse movimento. Isso já mostra a posição que eles ocupam. E não vejo como a seleção brasileira possa ter uma torcida organizada, uma vez que carrega o símbolo do CBF”, explicou.
Outras torcidas concordam
A opinião do dirigente da Gaviões encontra eco em outras torcidas. José Carlos Zabeo, um dos líderes históricos da Independente, do São Paulo, cita a falta de cultura de arquibancada.
“O Brasil é o único país que não tem um grito de guerra padrão. Pra gente que é de arquibancada, isso é frustrante. Aí vão os caras ‘pastel’ e criam uma musiquinha, mas não é sangue nos olhos”, afirmou.
Já Paulo Serdan, presidente de honra da Mancha Verde, relembrou que as torcidas organizadas eram presentes em partidas da seleção.
“Eu acho que é possível e acredito que a seleção merece uma torcida organizada. Antigamente, a gente (torcidas organizadas) acompanhava o Brasil nas eliminatórias para a Copa do Mundo. Você via as faixas das maiores torcidas nos estádios. Organizávamos caravanas. Em um jogo contra o Chile, fomos com seis ou sete ônibus para o Maracanã”, relembrou.
O líder da torcida palmeirense ainda relembrou a época que os times do pais eram os que mais cediam jogadores para a seleção. “Naquela época, ficávamos esperando a convocação para ver quais jogadores iriam para a seleção. Tínhamos orgulho. Primeiro, do nosso time. E todos acompanhavam os jogos do Brasil, independentemente de quais eram os clubes em que eles atuavam”, relembrou.
Movimento Verde e Amarelo se defende
Para o portal UOL, a assessoria de imprensa do Movimento Verde e Amarelo se defende das críticas sofridas. O assessor de imprensa da organizada, Carlos Junior, afirma que existem membros de todas as classes sociais e regiões do país.
“Também temos um braço social que já atuou na Copa do Mundo de 2018, na Copa América de 2019 e aqui no Qatar. Se chama Torcedores da Alegria. Nos vestimos de palhaços para levar alegria e um pouco de amor para as crianças que estão em hospitais”, afirmou.
Para exemplificar, o Movimento Verde e Amarelo passou o perfil de dois torcedores: Julio Cesar, um rapaz negro e Eduarda Araújo, uma torcedora que cita sua formação via Prouni.
“Tô longe de ser rico ou da elite. Sou um trabalhador e estou aqui realizando um sonho, mas Isso precisa melhorar para tirar um pouco essa visão de que somos uma torcida de playboy”, explica Julio.
O jornalista, de 31 anos também afirma que a Confederação Brasileira de Futebol poderia seguir os argentinos e subsidiar a ida de torcedores do Brasil para eventos.
“Acho que, primeiramente, os torcedores brasileiros poderiam ter um incentivo da CBF, porque não recebemos apoio nenhum. Os argentinos recebem dois mil ingressos da AFA (Associação de Futebol Argentina), que custeia as despesas da torcida. Acho que projetos sociais e parcerias com grandes empresas também podem ajudar”, comparou.
“Cresci na comunidade Mario Cardim, que é pequena e às vezes as pessoas não conhecem. Sou responsável por todas as contas da minha casa. Aluguel, conta de luz. Minha mãe não trabalha. Estou aqui (no Catar) economizando o máximo possível”, explicou Eduarda.