Felipe Filósofo é brasileiro, professor de filosofia, flamenguista e compositor de samba-enredo. Inclusive é um dos autores da obra com a qual a Unidos do Viradouro desfilou no último Carnaval na Sapucaí, em abril. Entretanto, possui uma peculiaridade especial: é torcedor fanático da Argentina. Assim, poderá ver amanhã (18) contra a França, a partir do meio-dia (horário de Brasília), no Estádio Nacional de Lusail, a seleção conquistar o tão sonhado tricampeonato da Copa do Mundo, esperado há 36 anos.
Mas como nasceu essa paixão de Felipe Filósofo por nossos hermanos? Em entrevista para o Torcedores.com, o morador do bairro Rio do Ouro, na divisa entre Niterói e São Gonçalo, volta a 1989, quando tinha oito anos. Durante a disputa da Copa América no Brasil, logo após a partida entre Argentina e Uruguai no Maracanã, teve a oportunidade de conhecer Maradona. Assim, naquele jogo, o camisa 10 quase fez um gol do meio-campo, quando acertou o travessão.
“Não me lembro como, mas meu pai conseguiu fazer com que eu fosse até o Maradona e conhecesse pessoalmente o Maradona. E aí consegui falar com ele. E nessa conversa, eu prometi para ele que iria torcer pela seleção da Argentina na Copa de 1990, que seria um ano depois. Então meu fanatismo pela seleção da Argentina é pela via do afeto, não tem nada a ver com questão política. É pela via da paixão, pela emoção“, justifica, complementando que passou a estudar a cultura argentina, visitando o país algumas vezes. “A filosofia (lá) é levada muito a sério“, acrescentou Felipe Filósofo.
Para o professor e sambista, Maradona e Messi jogam ao som do tango
Dessa forma, o professor de filosofia enaltece o fato do jogador argentino, quando veste a camisa da seleção, botar o coração na ponta da chuteira. “Se você tira o som e deixa só a imagem de um drible do Messi e do Maradona, no fundo, necessariamente, tá tocando um tango. A seleção da Argentina joga de uma forma estética e aguerrida ao mesmo tempo. Messi e Maradona são poetas da bola, pensadores da bola, filósofos da bola que fazem todos os adversários bailarem o tango“, exalta Felipe Filósofo, sempre sentindo o lirismo.
Sobre as desconfianças de amigos e desconhecidos por seu fanatismo pela Argentina, Felipe FIlósofo destaca o respeito das pessoas por ele. Afinal, como bom cidadão nascido no Rio de Janeiro, é conhecido por seu lado carismático, bem-humorado e alegre. “Levam na brincadeira e na gozação, as pessoas sempre me trataram com carinho“, justifica, complementando: “Eu prego o amor, e eu fui capturado pela seleção da Argentina pela via do amor. Então, quando a gente emana o amor, a chance de voltar em forma de ódio é mínima, quase zero. Nós recebemos o que emanamos pelo mundo“, declarou.
Então, entre as Copas do Mundo que Felipe Filósofo viu a Argentina perder, o compositor de samba-enredo lamenta demais a de 2014, no Brasil. Na oportunidade, nossos vizinhos perderam a final para a Alemanha com o gol de Mario Götze na prorrogação. “Aquela Copa trouxe um peso emocional muito grande para a seleção, que conseguiu se livrar só agora na Copa América, com o título“, opinou, se referindo à conquista no Maracanã no ano passado, que interrompeu um jejum de 28 anos sem taças do escrete.
França não assusta Felipe Filósofo, que acredita numa vitória por 3 a 0, três gols de Messi
Aliás, sobre o palpite para a decisão deste domingo (18), ao meio-dia (horário de Brasília), contra a França, Felipe Filósofo aposta em 3 a 0 para Argentina, com hat-trick de Messi. “A França não me assusta, Mbappé menos ainda. É uma grande seleção, ele é um cracaço. Mas existe o quesito magia, existe o quesito peso da camisa. Numa final, encarar uma Argentina em que o espírito de Maradona ronda, vai tremer“, aposta o professor de filosofia, que acredita que a equipe de Didier Deschamps virá franca para a decisão: “Quando uma seleção joga aberta contra a Argentina, e Messi inspirado, já era“.
Nesse sentido, Felipe Filósofo admite que Marrocos lhe preocupava mais com relação à França. “Medo nenhum, zero. Pode vir Napoleão Bonaparte, Rousseau, Voltaire, os iluministas, podem vir quem for. Nós temos (Jorge Luis) Borges, nós temos o Papa, nós temos Deus e o Messi“, brincou, às gargalhadas.
Por fim, Felipe Filósofo ficou em cima do muro ao ser questionado se prefere Maradona ou Messi. Desse modo, para o professor e sambista, ambos são “deuses encarnados numa Terra”. Aliás, enalteceu o fato de ambos terem se encontrado na Copa do Mundo de 2010, quando Maradona treinou Messi no Mundial da África do Sul. “Isso é algo raríssimo, esse encontro entre dois deuses. Há de se ter ainda um terceiro num futuro não tão distante. E aí sim, será a trindade do santíssimo manto da seleção argentina. São deuses, não se comparam. Os dois melhores de toda a galáxia, gênios e é uma honra para um ser humano, um mortal, estar contemplando a poesia atualmente de um Messi“, filosofou Felipe, que concluiu: “Torci pela Argentina, torço pela Argentina e torcerei pela Argentina ‘siempre'”.