A Argentina tem a chance de encerrar um longo e incômodo tabu neste domingo (18). Assim, irá enfrentar a França a partir do meio-dia (horário de Brasília), no Estádio Nacional de Lusail, pela final da Copa do Mundo 2022. A última vez em que nossos vizinhos ganharam um Mundial foi no distante 1986, no México. Tanto que Galvão Bueno nem era ainda o titular da Globo, na época. O veterano fará a sua última narração da carreira hoje, na decisão no Catar.
Então, Osmar Santos foi escalado pela emissora para ser o locutor número 1 na Copa do Mundo de 1986. Caberia a ele atuar nos jogos da seleção brasileira, além de fazer a final, vencida pela Argentina. Consagrado no rádio, o narrador passou a ser utilizado nas transmissões da TV Globo a partir de 1983, revezando com a Rádio Globo. Na época, se consagrou como o locutor oficial dos comícios das “Diretas Já” e trabalhou nos Jogos Olímpicos de Los Angeles pela emissora, em 1984. Galvão Bueno, na Globo desde 1981, mesmo que sua voz já estivesse identificada principalmente na Fórmula 1, seria o narrador reserva de Osmar no México.
Hemorróidas comprometeram desempenho de Osmar Santos na Copa do Mundo de 1986
Contudo, o “pai da matéria”, como é conhecido Osmar Santos, teria problemas na cobertura da Copa do Mundo de 1986. Em sua biografia “Osmar Santos, o Milagre da Vida”, escrita por Paulo Mattiussi, o na época diretor-executivo de esportes da Globo, Marco Antonio Mora, relatou os motivos.
“Quando chegou ao México, ele teve uma crise de hemorróidas, ficou quase todo o tempo em tratamento no hotel e, nas poucas vezes que conseguiu trabalhar, não rendeu o que se esperava“, contou Marco Antonio Mora. Aliás, Osmar Santos não narrou o segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo de 1986. Assim, Galvão Bueno fez seu primeiro jogo do escrete canarinho pela Globo contra a Argélia substituindo Osmar, na vitória por 1 a 0 com gol de Careca. Anteriormente, fora narrador reserva de Luciano do Valle no Mundial da Espanha, em 1982.
Osmar Santos ficaria na Globo até 1987, quando se transferiu para a Rádio Record e, simultaneamente, trabalharia na TV Manchete. Infelizmente, um acidente automobilístico sofrido em dezembro de 1994 causaria danos cerebrais que fariam Osmar ter dificuldades de comunicação. Já Galvão Bueno herdaria o posto de narrador número 1 da Globo, sendo titular dos jogos da seleção brasileira a partir da Copa do Mundo de 1990, na Itália.
Em sua autobiografia “Fala, Galvão!, escrita em conjunto com Ingo Ostrovsky, Galvão Bueno admitiu descontentamento com o posto de narrador reserva na Copa do Mundo de 1986, mas elogiou Osmar Santos. “Confesso que não fiquei muito feliz quando ele (Osmar) assumiu, achei que com a saída do Luciano do Valle seria minha vez nos jogos da seleção, mas a vida profissional tem dessas coisas e ainda bem que era Osmar“, escreveu Galvão, complementando: “Ele (Osmar) foi um dos gênios da comunicação esportiva de todos os tempos“.