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Tite ajeita as coisas no intervalo e Seleção Brasileira constrói belíssima vitória sobre a Sérvia

Luiz Ferreira destaca a ótima estreia brasileira na Copa do Mundo em mais uma análise na coluna PAPO TÁTICO

Por Luiz Ferreira em 25/11/2022 03:02 - Atualizado há 10 meses

Lucas Figueiredo / CBF

Se alguém ainda duvida da capacidade da Seleção Brasileira e da consistência da proposta tática de Tite, recomendo fortemente rever a partida desta quinta-feira (24). O Brasil jogou com autoridade, praticamente não sofreu na defesa e encontrou soluções para os problemas que a Sérvia trouxe nessa estreia na Copa do Mundo. O jogo no estádio Lusail também teve o “dedo” do treinador com os pequenos ajustes no posicionamento do escrete canarinho após o intervalo e a categoria de Richarlison (autor dos dois gols da vitória brasileira), Vinícius Júnior, Casemiro, Thiago Silva e Danilo. A única nota triste da noite fica por conta da lesão de Neymar.

Embora alguns façam questão de diminuir os adversários da Seleção Brasileira, precisamos admitir que o Grupo G é um dos mais equilibrados dessa Copa do Mundo. E a Sérvia não entrou em campo para facilitar a vida do escrete comandado por Tite. Muito pelo contrário! A forte marcação (inicialmente mais alta e depois em bloco mais baixo) e o jogo mais truncado (às vezes violento) incomodou bastante a equipe brasileira. Some isso ao nervosismo inicial da estreia no Mundial e conseguiremos entender o primeiro tempo mais abaixo do time.

Mas o campo “estava falando”. E bem alto, diga-se de passagem. O Brasil sofria para criar jogadas de ataque porque não tinha quem ocupasse o espaço entrelinhas do 5-4-1 montado por Dragan Stojkovic (AQUELE MESMO que jogou com Papin e Abedi Pelé no Olympique de Marselha nos anos 1990). Neymar era caçado em campo (o camisa 10 sofreu nove das doze faltas da Sérvia em toda a partida) e Lucas Paquetá parecia fora de sintonia com o restante da Seleção Brasileira. O resultado era um time espaçado e um ataque que pouco funcionava com a posse da bola.

A Sérvia se organizou num 5-4-1, marcou forte na frente da área e negou espaços para a Seleção Brasileira. Foto: Reprodução / TV Globo

É interessante notar que a partida já mostrava o “mapa da mina” para a Seleção Brasileira antes mesmo que Tite fizesse os ajustes necessários no intervalo. Bastava que os jogadores se aproximassem um pouco e colocassem um pouquinho a mais de intensidade na movimentação para que o espaço aparecesse. Thiago Silva encontrou Vinícius Júnior na entrada da área aos 26 minutos e Raphinha tabelou com Lucas Paquetá e recebeu sozinho na entrada da área, mas chutou nas mãos de Vanja Milinkovic-Savic aos 34 minutos. Notem que o jogo da Seleção Brasileira sempre fluía quando os jogadores tentavam fazer associações em todos os setores do campo.

Lucas Paquetá se aproxima e deixa Raphinha na cara do gol no primeiro tempo. Faltava aproximação no Brasil. Foto: Reprodução / TV Globo

Enquanto praticamente todos os torcedores e analistas presentes nas transmissões falavam em substituições e mudanças no esquema tático, Tite manteve o time que iniciou a partida no estádio Lusail e fez pequenos ajustes. Tudo na base da conversa e da leitura perfeita do jogo. Lucas Paquetá se aproximou do quarteto ofensivo e os laterais Danilo e Alex Sandro se juntaram a Casemiro na inversão do 4-3-3 para um 2-3-5 de muita intensidade e ótimas trocas de passe. E com isso, Raphinha, Vinícius Júnior e (principalmente) Richarlison começaram a aparecer mais.

Com o time mais à frente e os jogadores mais próximos uns dos outros, a Seleção Brasileira se impôs de vez em campo e foi empurrando o time da Sérvia para trás. Raphinha desperdiçou grande chance na cara do gol e Alex Sandro acertou a trave antes de Richarlison abrir o placar aos 16 minutos. Notem que a jogada tem a participação direta Neymar (numa de suas únicas boas participações) ao ocupar a entrelinha e atrair toda a marcação antes de Vinícius Júnior chutar e o “Pombo” aproveitar o rebote. O plano de Tite finalmente funcionava.

A jogada do primeiro gol do Brasil surgiu quando Neymar ocupou a entrelinha e atraiu a marcação adversária. Foto: Reprodução / TV Globo

Com o controle total do jogo, a Seleção Brasileira foi se impondo na base da posse da bola e do posicionamento defensivo impecável. Com o golaço de Richarison (marcado aos 27 mintuos do segundo tempo após belíssima trivela de Vinícius Júnior), Tite foi substituindo alguns jogadores e dando minutos a outros. Antony, Gabriel Jesus, Fred, Rodrygo e Gabriel Martinelli foram para o jogo, mas não deixaram que o ritmo diminuísse ou que a Sérvia criasse chances de gol. A postura agressiva da equipe foi mantida com praticamente todo o time jogando no campo do adversário. Vitória justíssima da Seleção Brasileira numa atuação coletiva de gala.

A Sérvia se fechava na frente da área e o Brasil ocupava o campo de ataque. Os reservas mantiveram a pegada. Foto: Reprodução / TV Globo

O único ponto a se lamentar da partida desta quinta-feira (24) é a lesão de Neymar. Mesmo jogando bem abaixo do que pode e já jogou com a camisa canarinho, o camisa 10 ainda é a grande referência técnica da equipe e dá aos comandados de Tite uma “vantagem mental” em cima dos seus adversários. Ele é o tipo de jogador que pode resolver uma partida num único lance, então sempre terá a vigilância de pelo menos um marcador. E com a Seleção Brasileira menos dependente dele, o trabalho de Richarlison (que provou de uma vez por todas que é o camisa 9 que Tite tanto buscou), Vinícius Júnior (outro que mostrou muita personalidade) e companhia fica muito mais fácil.

O Brasil provou que é sim um dos principais favoritos ao título dessa Copa do Mundo. E mais do que nunca, ficou claro que todo o elenco entende e executa muito bem todos os conceitos trabalhados pela comissão técnica. E talvez a melhor notícia tenha vindo do sistema defensivo. A Seleção Brasileira praticamente não sofreu contra a Sérvia por conta das atuações de gala de todo o setor. Casemiro e Thiago Silva deram aulas de como se defende.

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