Home Futebol Tite ajeita as coisas no intervalo e Seleção Brasileira constrói belíssima vitória sobre a Sérvia

Tite ajeita as coisas no intervalo e Seleção Brasileira constrói belíssima vitória sobre a Sérvia

Luiz Ferreira destaca a ótima estreia brasileira na Copa do Mundo em mais uma análise na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Se alguém ainda duvida da capacidade da Seleção Brasileira e da consistência da proposta tática de Tite, recomendo fortemente rever a partida desta quinta-feira (24). O Brasil jogou com autoridade, praticamente não sofreu na defesa e encontrou soluções para os problemas que a Sérvia trouxe nessa estreia na Copa do Mundo. O jogo no estádio Lusail também teve o “dedo” do treinador com os pequenos ajustes no posicionamento do escrete canarinho após o intervalo e a categoria de Richarlison (autor dos dois gols da vitória brasileira), Vinícius Júnior, Casemiro, Thiago Silva e Danilo. A única nota triste da noite fica por conta da lesão de Neymar.

Embora alguns façam questão de diminuir os adversários da Seleção Brasileira, precisamos admitir que o Grupo G é um dos mais equilibrados dessa Copa do Mundo. E a Sérvia não entrou em campo para facilitar a vida do escrete comandado por Tite. Muito pelo contrário! A forte marcação (inicialmente mais alta e depois em bloco mais baixo) e o jogo mais truncado (às vezes violento) incomodou bastante a equipe brasileira. Some isso ao nervosismo inicial da estreia no Mundial e conseguiremos entender o primeiro tempo mais abaixo do time.

Mas o campo “estava falando”. E bem alto, diga-se de passagem. O Brasil sofria para criar jogadas de ataque porque não tinha quem ocupasse o espaço entrelinhas do 5-4-1 montado por Dragan Stojkovic (AQUELE MESMO que jogou com Papin e Abedi Pelé no Olympique de Marselha nos anos 1990). Neymar era caçado em campo (o camisa 10 sofreu nove das doze faltas da Sérvia em toda a partida) e Lucas Paquetá parecia fora de sintonia com o restante da Seleção Brasileira. O resultado era um time espaçado e um ataque que pouco funcionava com a posse da bola.

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A Sérvia se organizou num 5-4-1, marcou forte na frente da área e negou espaços para a Seleção Brasileira. Foto: Reprodução / TV Globo

É interessante notar que a partida já mostrava o “mapa da mina” para a Seleção Brasileira antes mesmo que Tite fizesse os ajustes necessários no intervalo. Bastava que os jogadores se aproximassem um pouco e colocassem um pouquinho a mais de intensidade na movimentação para que o espaço aparecesse. Thiago Silva encontrou Vinícius Júnior na entrada da área aos 26 minutos e Raphinha tabelou com Lucas Paquetá e recebeu sozinho na entrada da área, mas chutou nas mãos de Vanja Milinkovic-Savic aos 34 minutos. Notem que o jogo da Seleção Brasileira sempre fluía quando os jogadores tentavam fazer associações em todos os setores do campo.

Lucas Paquetá se aproxima e deixa Raphinha na cara do gol no primeiro tempo. Faltava aproximação no Brasil. Foto: Reprodução / TV Globo

Enquanto praticamente todos os torcedores e analistas presentes nas transmissões falavam em substituições e mudanças no esquema tático, Tite manteve o time que iniciou a partida no estádio Lusail e fez pequenos ajustes. Tudo na base da conversa e da leitura perfeita do jogo. Lucas Paquetá se aproximou do quarteto ofensivo e os laterais Danilo e Alex Sandro se juntaram a Casemiro na inversão do 4-3-3 para um 2-3-5 de muita intensidade e ótimas trocas de passe. E com isso, Raphinha, Vinícius Júnior e (principalmente) Richarlison começaram a aparecer mais.

Com o time mais à frente e os jogadores mais próximos uns dos outros, a Seleção Brasileira se impôs de vez em campo e foi empurrando o time da Sérvia para trás. Raphinha desperdiçou grande chance na cara do gol e Alex Sandro acertou a trave antes de Richarlison abrir o placar aos 16 minutos. Notem que a jogada tem a participação direta Neymar (numa de suas únicas boas participações) ao ocupar a entrelinha e atrair toda a marcação antes de Vinícius Júnior chutar e o “Pombo” aproveitar o rebote. O plano de Tite finalmente funcionava.

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A jogada do primeiro gol do Brasil surgiu quando Neymar ocupou a entrelinha e atraiu a marcação adversária. Foto: Reprodução / TV Globo

Com o controle total do jogo, a Seleção Brasileira foi se impondo na base da posse da bola e do posicionamento defensivo impecável. Com o golaço de Richarison (marcado aos 27 mintuos do segundo tempo após belíssima trivela de Vinícius Júnior), Tite foi substituindo alguns jogadores e dando minutos a outros. Antony, Gabriel Jesus, Fred, Rodrygo e Gabriel Martinelli foram para o jogo, mas não deixaram que o ritmo diminuísse ou que a Sérvia criasse chances de gol. A postura agressiva da equipe foi mantida com praticamente todo o time jogando no campo do adversário. Vitória justíssima da Seleção Brasileira numa atuação coletiva de gala.

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A Sérvia se fechava na frente da área e o Brasil ocupava o campo de ataque. Os reservas mantiveram a pegada. Foto: Reprodução / TV Globo

O único ponto a se lamentar da partida desta quinta-feira (24) é a lesão de Neymar. Mesmo jogando bem abaixo do que pode e já jogou com a camisa canarinho, o camisa 10 ainda é a grande referência técnica da equipe e dá aos comandados de Tite uma “vantagem mental” em cima dos seus adversários. Ele é o tipo de jogador que pode resolver uma partida num único lance, então sempre terá a vigilância de pelo menos um marcador. E com a Seleção Brasileira menos dependente dele, o trabalho de Richarlison (que provou de uma vez por todas que é o camisa 9 que Tite tanto buscou), Vinícius Júnior (outro que mostrou muita personalidade) e companhia fica muito mais fácil.

O Brasil provou que é sim um dos principais favoritos ao título dessa Copa do Mundo. E mais do que nunca, ficou claro que todo o elenco entende e executa muito bem todos os conceitos trabalhados pela comissão técnica. E talvez a melhor notícia tenha vindo do sistema defensivo. A Seleção Brasileira praticamente não sofreu contra a Sérvia por conta das atuações de gala de todo o setor. Casemiro e Thiago Silva deram aulas de como se defende.

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