Os Estados Unidos não encontraram muitos problemas para vencer o Irã por 1 a 0 nesta terça-feira (29), no Al Thumama Stadium. O resultado foi suficiente para garantir a equipe muito bem comandada por Gregg Berhalter nas oitavas de final da Copa do Mundo na segunda colocação do Grupo B. No entanto, é preciso dizer que os “Yankees” não conquistaram a vaga na segunda fase do Mundo por mero obra do acaso. O time é muito organizado, sabe o que fazer com e sem a bola e o trio de meio-campo formado por McKennie (o melhor em campo na opinião deste que escreve), Tyler Adamas e Musah só não fez chover nessa Copa do Mundo. A Holanda de Louis van Gaal que se cuide.
Para o jogo contra um Irã que ressurgiu das cinzas após a vitória sobre País de Gales na última sexta-feira (25), Gregg Berhalter manteve a mesma formação dos dois primeiros jogos dos Estados Unidos no Catar com pequenas variações dependendo do setor onde está a bola. Timothy Weah começou jogando pelo lado direito de ataque, mas poderia aparecer por dentro (abrindo o corredor para as descidas de Dest) ou chegar mais à frente como centroavante. Josh Sargent era mais um “falso nove” do que uma referência ofensiva e permitia essa movimentação.
Mas o grande trunfo do time estadunidense estava no meio-campo. McKennie, Musah e Tyler Adams sabiam exatamente o que fazer em cada situação que o jogo apresentava dentro de campo. Se um deles estava com a bola, o outro abre o jogo e o terceiro buscava a profundidade. Além disso tudo, a estrutura da equipe dos Estados Unidos é extremamente organizada e levou o Irã de Carlos Queiroz (que entrou em campo organizado num 4-4-1-1 bem conservador) à loucura com ótima troca de passes, ultrapassagens dos laterais Dest e Robinson e muitas triangulações.
Mais à esquerda, Pulisic é o grande nome de uma equipe que entregou atuações coletivas muito consistentes apesar de não ter ido tão bem na rodada de abertura da Copa do Mundo. O camisa 10 dos Estados Unidos participava mais da construção das jogadas do que Timothy Weah, mas não deixava de se lançar na direção da área iraniana quando o espaço aparecia. Exatamente como aconteceu no gol marcado por ele aos 37 minutos da primeira etapa. McKennie faz lançamento de cinema para Dest no lado direito. O lateral estadunidense aparece às costas da defesa e apenas escora de cabeça para Pulisic escorar para as redes. Gol com a cara da equipe de Gregg Berhalter.
É verdade que o Irã só levou algum perigo na partida no segundo tempo, quando partiu para um “abafa” para tentar o gol de empate e a tão sonhada classificação para as oitavas. Mesmo assim, o time de Carlos Queiroz só conseguiu chegar próximo da meta do goleiro Matt Turner nas bolas levantadas na área. Muito pouco para subjugar um adversário que sabia se defender muito bem. É compreensível que o treinador do “Team Melli” tenha optado pelas “dobras” nas pontas com Haji Safi e Gholizadeh fechando os lados. Mas o que se via era um Irã pobre de ideias com a bola.
Acabou que o gol marcado por Pulisic escancarou todos os problemas coletivos do Irã. Com Azmoun e Taremi isolados no ataque e com os volantes Nourollahi e Ezatolahi sobrecarregados, os Estados Unidos encontraram ainda mais facilidade para explorar todos os espaços que apareciam entre as linhas do seu adversário. Timothy Weah ainda teve um gol anulado por impedimento milimétrico, mas o lance todo mostrava bem como o time de Gregg Berhalter tinha facilidade para explorar os passes em profundidade para os pontas que cortavam para dentro.
No segundo tempo, os Estados Unidos baixaram mais as suas linhas e apenas esperaram o tempo passar para comemorar a classificação para as oitavas de final. Conforme mencionado anteriormente, o Irã tinha pouquíssima criatividade e às vezes dava a impressão de não saber o que fazer com a bola. Apesar de ter levado perigo nos cruzamentos para a área, é possível sim dizer que o escrete comandado por Carlos Queiroz não conseguiu fazer seu adversário sofrer por conta dos próprios erros. Por outro lado, os Estados Unidos tiveram muitos méritos com a boa organização defensiva e a cobertura do meio-campo sempre que alguém saltava da última linha.
Apesar de ter recuado além da conta no final da partida, os Estados Unidos mostraram um bom futebol e uma organização coletiva surpreendente nessa primeira fase da Copa do Mundo. Os números da equipe de Gregg Berhalter falam por si só. Em três jogos, foram dois gols marcados, um sofrido (e de pênalti) com dois empates e uma vitória. Mas o grande trunfo do escrete estadunidense está no tripé de meio-campo. Mckennie, Musah e Tyler Adams jogaram o fino e são os responsáveis por dar toda a dinâmica que os “Yankees” apresentaram nessa fase de grupos. E eu vou te falar que é bem difícil que um deles já não esteja na mira de algum clube de primeira prateleira na Europa.
Também não é exagero afirmar que os Estados Unidos mostraram mais futebol do que a Holanda. É lógico que o favoritismo está do lado laranja dessas oitavas de final. Há mais qualidade individual e muito mais experiência no time comandado por Loius van Gaal. Mas eu não me surpreenderia se os “Yankees” pregassem uma peça nos holandeses. Pelo desempenho dentro de campo, não é difícil concluir que o time de Gregg Berhalter vai dar um trabalho danado no próximo sábado (3).