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Argentina chega ao Catar disposta a provar é que muito mais do que “apenas” o time de Messi

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as ideias do técnico Lionel Scaloni e a força coletiva da Albiceleste

Por Luiz Ferreira em 19/11/2022 22:24 - Atualizado há 9 meses

Reprodução / Twitter / Selección Argentina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as ideias do técnico Lionel Scaloni e a força coletiva da Albiceleste

Que a Argentina sempre chega em qualquer Copa do Mundo com status de favorita isso não é novidade pra ninguém. Só que o ânimo do escrete Albiceleste parece bastante diferente daquele visto às vésperas do Mundial da Rússia (em 2018). Não se trata somente das 36 partidas de invencibilidade do selecionado comandado por Lionel Scaloni, mas do simples fato que todos ali querem provar que existe vida sem Messi. Ou melhor: existe um time coeso, consistente e altamente competitivo. Este que escreve não vê exagero nenhum em afirmar que a Argentina que chega ao Catar é tão ou mais forte do que a equipe que ficou com o vice-campeonato mundial em 2014, aqui no Brasil.

Muito disso se deve ao trabalho realizado por Lionel Scaloni. Um dos grandes méritos do treinador da Albiceleste foi criar relações entre os jogadores dentro de campo. Parece algo simples e até mesmo pueril, mas esse é um elemento que sempre esteve presente nas grandes seleções que brilharam na Copa do Mundo. Saber o que fazer quando se tem a posse da bola e o que fazer quando o adversário tem a posse é fundamental. E Scaloni conseguiu criar não um time forte, mas um elenco que se mostra bastante comprometido com as suas ideias. E com isso, o trabalho de Messi fica ainda mais fácil. A goleada sobre os Emirados Árabes Unidos fala por si só.

É verdade que o amistoso da última quarta-feira (16) foi muito mais um “aquecimento” do que um teste de verdade para a Argentina. Por outro lado, foi possível notar vários conceitos trabalhados por Lionel Scaloni. A começar pela formação escolhida. Um 4-3-1-2/4-4-2 que trazia Messi como “enganche”, Di María e Júlian Álvarez no ataque e Alexis Mac Allister jogando próximo de Paredes e De Paul. Com a posse da bola, no entanto, o escrete portenho pode se organizar de várias maneiras diferentes. São as tais relações mencionadas anteriormente. Tudo é feito para que Messi tenha espaço para dar seu toque de Midas em cada jogada de ataque.

Foyth aparece mais por dentro, Di María abre espaço para Messi e Acuña abre o campo pela esquerdo. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

A foto acima mostra bem com a Argentina se transformou numa equipe de muita fluidez quando tem a posse da bola e parte para o ataque. Não se trata apenas da “escolha” de Lionel Scaloni. Tudo é feito para que as tais relações entre os jogadores sejam construídas e todas as jogadas sejam executadas com o máximo de perfeição possível. Se Foyth recua como “lateral-base” para junto de Otamendi e Lisandro Martínez, por exemplo, é porque essa formação fortalece as características do time que está em campo e permite que o jogo flua mais facilmente. É simples.

O mesmo processo pode ser visto nas transições defensivas e nos momentos sem a posse da bola. Mesmo contra os Emirados Árabes, a Argentina não teve receio de posicionar até seis jogadores na frente da área do goleiro Emiliano Martínez. Joaquín Correa e Molina recuavam para a última linha e Júlian Álvarez se juntava a De Paul e Paredes na marcação por dentro. Messi ficava livre de obrigações defensivas e era o primeiro a ser procurado pela equipe assim que a posse era retomada. Notem que a Argentina tem um estilo muito claro de jogar futebol. E que vem dando certo há pelos menos três anos e meios.

Joaquín Correa e Molina recuam para a última linha e Julián Álvarez aparece junto dos volantes. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

Todo esse plano de jogo, toda essa estratégia visa permitir que os jogadores se sintam o mais confortáveis possível dentro de campo sem que o coletivo perca força. A essência da Argentina de Lionel Scaloni reside no fato de todos ali terem o desejo de executar as jogadas com o máximo de perfeição possível e permitir que Messi faça sua mágica quando a bola chega nos seus pés. Aliás, lembram quando falamos de fluidez? Com as entradas de Montiel e Enzo Fernández no segundo tempo, a Argentina assumiu de vez o 3-5-2 com Messi solto como “enganche” e voltando até a intermdiária para construir as jogadas com total liberdade. É certo que Scaloni tem um plano.

Já com a Argentina jogando no 3-5-2, Messi ganha liberdade e permite que os volantes pisem na área. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

A tendência é que Molina e Lautaro Martínez iniciem a Copa do Mundo como titulares numa formação bem próxima daquela que iniciou o jogo contra os Emirados Árabes na última quarta-feira (16). Mais do que em 2014 e muito mais do que em 2018, a Argentina chega ao Catar com a força de uma das suas melhores gerações e a motivação para dar a Messi o único título que falta no seu extenso currículo. Mas sem depender tanto do craque da camisa 10 e buscando colocar o talento à serviço do time. Com o esquema tático fortalecendo as relações dentro de campo, as coisas funcionam numa via de mão dupla. O talento fortalece o coletivo e vice-versa.

A Argentina chega ao Catar disposta a mostrar que é muito mais do que o time de Messi e que tem plenas condições de acabar com um jejum que já dura 36 anos. Lionel Scaloni assumiu a seleção num dos momentos mais delicados da história da equipe e conseguiu formar um grande elenco. E não é exagero nenhum colocar a melhor Albiceleste dos últimos anos como uma das grandes favoritas ao título.

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