Na Champions League, o time de Simeone ficou em último lugar em um grupo que tinha Porto, Club Brugge e Bayer Leverkussen, os quais ficaram, respectivamente, em primeiro, segundo e terceiro lugar.
O Atlético de Madrid não se classificou nem mesmo para Liga Europa, campeonato que Simeone ganhou em sua primeira temporada (2011-12) no clube espanhol.
Simeone, que no início de sua carreira no clube, sempre teve orçamentos menores, acabou se transformando em um gigante europeu em razão dos diversos títulos que conquistou jogando fechadinho. Na temporada atual, no entanto, não foi possível ver um Atlético de Madrid forte defensivamente, como nos acostumamos nos últimos anos.
A questão é que o desempenho vitorioso de uma cultura tática mais de marcação ajudou a reorganizar as finanças do clube. Com esse dinheiro em caixa, Simeone foi capaz de montar uma equipe com grandes estrelas. Porém, o elenco formado por ele não foi capaz se transformar em um time capaz impor um jogo de posse de bola.
Paradoxalmente, portanto, o Atlético de Madrid está sendo vítima de seu próprio veneno. Times que jogam no mesmo estilo com o qual a equipe de Simeone se consagrou — fechados na defesa e abrindo mão da posse de bola — representam hoje uma enorme dificuldade para o clube, que ainda sofre para alterar sua cultura tática.
Simeone trouxe para a equipe jogadores que custaram muito dinheiro ao clube — João Felix veio por 126 milhões de euros e Lemar custou 72 milhões de euros, mas nenhum dos dois até agora rendeu o esperado.
João Felix, uma das grandes estrelas do clube, tem hoje uma relação espinhosa com o técnico argentino e amarga a reserva na equipe.
Agora, resta saber se Simeone permanecerá na equipe. Caso isso ocorra, o desafio do argentino será montar uma equipe mais proativa. El Cholo, como a torcida carinhosamente chama o técnico, precisa reorganizar a equipe para a disputa dos campeonatos nacionais que o clube vai disputar, principalmente LaLiga.
Caso essa reorganização não ocorra, muitos analistas do futebol europeu acreditam que talvez a parceria vitoriosa entre o time de Madrid e El Cholo poderia estar chegando ao final de seu ciclo.
A identidade aguerrida da equipe, que agora se vê na necessidade de alterar seu modo de jogar em razão do elenco estrelado que possui, mudando para um estilo com mais posse de bola, está se mostrando uma dificuldade para o técnico argentino. Simeone precisa dar uma resposta rápida às más atuações da equipe de Madrid e encontrar um modelo capaz de potencializar o futebol das estrelas que ele contratou.
Simeone no Atlético de Madrid
Apesar desse começo ruim na atual temporada, Diego Simeone tem uma história muito forte no Atlético de Madrid. Quando ele assumiu o clube, em 2011, o time estava em uma profunda crise esportiva. Amargava a disputa na parte inferior da tabela do campeonato espanhol. O argentino chegou, montou uma defesa forte com Juanfran, Miranda, Godin e Filipe Luíz. Acertou o ataque com o colombiano Falcão Garcia e chegou à quinta colocação em LaLiga.
Foi com assim, com times reativos, que Simeone conquistou oito títulos — Liga Europa, Supercopa da Europa, Copa do Rei, Supercopa da Espanha, dois campeonatos espanhóis — e chegou em duas finais da Liga dos Campeões, em 2014 e 2016, perdendo as duas vezes para o Real Madrid.