A seleção brasileira até hoje é a única que disputou todas as Copas do Mundo. Contudo, a equipe correu um sério risco em 1989. Nas Eliminatórias para o Mundial de 1990, o time treinado por Sebastião Lazaroni disputou jogos tensos e nervosos contra o Chile. Afinal, a partida em Santiago empatada em 1 a 1 ficaria marcada pela violência, uma expulsão de Romário nos minutos iniciais e o polêmico gol chileno, depois do árbitro marcar um sobrepasso de Taffarel. Mas a polêmica pior viria no reencontro no Maracanã.
Assim, o dia 3 de setembro de 1989 marcaria um dos momentos mais lembrados da história do mítico estádio. Brasil e Chile prosseguiam o clima de animosidade. Aliás, a seleção brasileira jogaria pelo empate para se classificar para a Copa do Mundo. Nesse sentido, a equipe de Lazaroni tinha um saldo melhor, já que os confrontos faziam parte de um triangular junto com a Venezuela, que havia tomado mais gols do Brasil do que do Chile. Além disso, Careca abriria o placar aos cinco do segundo tempo, aproximando a seleção brasileira do Mundial da Itália. Então, 19 minutos depois, o goleiro Roberto Rojas apelaria.
Um sinalizador foi arremessado pela torcedora Rosenery Mello da arquibancada do Maracanã em direção ao arqueiro. Então, Rojas pegou uma lâmina escondida na luva, cortou o supercílio e fingiu ter sido atingido pelo artefato. A cena do então goleiro do São Paulo caído no gramado, com a fumaça do sinalizador ao seu lado, causou pânico no torcedor brasileiro. Afinal, alguma punição grave poderia ser aplicada pela Fifa ao Brasil. Como uma possível exclusão da Copa do Mundo de 1990.
Chico Anysio na hora disse que tudo era encenação, na partida que valia vaga para a Copa do Mundo
Contudo, na hora em que aconteceu o incidente, Chico Anysio, que comentava a partida para a Globo, já identificava a farsa enquanto Rojas se encontrava ferido. “Quando o rojão caiu, caiu nas costas ele. Não tinha como machucar o olho. Ele aproveitou para fazer um pouco de encenação e tal, para botar os juízes do seu lado”, avaliou o saudoso humorista durante a transmissão. Então, os jogadores do Chile retirariam o goleiro do gramado do Maracanã, deixando a partida, com ela sendo encerrada pelo árbitro.
Mas uma foto publicada pela revista argentina El Gráfico no dia seguinte provaria que o sinalizador caiu numa distância que não era suficiente para atingir o rosto de Rojas, corroborando a visão de Chico Anysio. Dessa forma, a farsa chilena foi desmascarada. O Chile oficialmente perderia por 2 a 0, ficando fora da Copa do Mundo da Itália. E o goleiro seria banido do futebol pela Fifa, sendo perdoado posteriormente e chegando a ser técnico do São Paulo em 2003.
Além de Roberto Rojas, o zagueiro Fernando Astengo, com passagem pelo Grêmio, foi suspenso por quatro anos. Já o Chile foi impedido pela principal entidade do futebol mundial de disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994. Por fim, Rosenery Mello seria eternizada como a “fogueteira do Maracanã”, inclusive posando nua para a revista Playboy. Ela morreria em junho de 2011, aos 45 anos, vítima de aneurisma cerebral.
