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Seleção feminina leva lições valiosas para as quartas de final da Copa do Mundo Sub-17

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a goleada sobre a Índia e projeta o duelo contra a forte equipe da Alemanha

Por Luiz Ferreira em 19/10/2022 14:58 - Atualizado há 10 meses

Rafael Ribeiro / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a goleada sobre a Índia e projeta o duelo contra a forte equipe da Alemanha

A classificação da Seleção Feminina para as quartas de final da Copa do Mundo Sub-17 não deixa de ser algo esperado diante dos adversários da equipe comandada por Simone Jatobá na fase de grupos. A vitória magra sobre Marrocos, o empate suado contra os Estados Unidos e a goleada por 5 a 0 sobre a Índia, no entanto, deixaram lições valiosas para a sequência do Mundial. Principalmente em questões mais problemáticas do escrete canarinho como a recomposição defensiva, as tomadas de decisão e (principalmente) o aproveitamento das chances criadas. A partida contra a Alemanha, marcada para a próxima sexta-feira (21) vai exigir que o Brasil eleve bastante o nível de atuação em todos os aspectos.

Isso porque a Copa do Mundo Sub-17 (como todo e qualquer torneio de “tiro curto”) pede intensidade e concentração máxima das equipes que brigam pelo título. A Seleção Feminina conseguiu atingir seu primeiro objetivo e tem plenas condições de fazer um jogo mais duro contra as alemãs. Mas para que isso aconteça, a equipe de Simone Jatobá precisa entender que os erros cometidos na fase de grupos (apesar dos ótimos números na fase de grupos) não serão perdoados a partir das quartas de final.

A goleada sobre a Índia, em jogo disputado nesta segunda-feira (17), nos mostrou (como era esperado) uma Seleção Feminina que dominou as ações no campo e que criou várias chances de gol. Não é exagero afirmar que a vantagem no placar final poderia ter sido ainda maior se o time como um todo tivesse caprichado mais no último passe. Mesmo assim, as jogadas pelos lados com Aline Gomes voando pela direita, Jhonson arrastando a zaga para trás e Gabi Berchon atacando o espaço na entrada da área.

Aline Gomes arranca, Jhonson arrasta a marcação e Gabi Berchon ataca o espaço aberto na área. Imagens: Reprodução / SPORTV

Um dos pontos fortes da Seleção Feminina é, sem dúvidas, a pressão pós-perda implementada por Simone Jatobá. Sempre que ela esteve encaixada, o Brasil conseguiu controlar o ímpeto ofensivo dos seus adversários. Por outro lado, contra os Estados Unidos, essa pressão funcionou poucas vezes. Ao mesmo tempo, a equipe parecia ter certa dificuldade para entrar na área em determinados momentos da partida. Contra a Índia (talvez pela saída de Jhonson e Carol), vimos uma equipe que trabalhava bem a bola no campo adversário, mas que atacou pouco a área. Os chutes de longa distância acabaram sendo a solução para esse problema no jogo contra as anfitriãs. Mesmo assim, é um ponto que merece atenção.

O Brasil encaixa a pressão pós-perda e aproveita bem os chutes de média e longa distância. Imagens: Reprodução / SPORTV

Apesar de ser um bom recurso diante de defesas bem postadas, as finalizações de longe mais mostram uma certa afobação por parte da equipe brasileira do que qualquer outra coisa. Não foram poucas as vezes em que Ana Flávia, Rebeca, Aline Gomes e companhia poderiam ter trabalhado um pouco mais a bola para ter uma opção melhor do que os chutes de longe. Vejam bem que o problema não é a finalização em si, mas a forma como se chega a essa decisão na conclusão de uma jogada. É compreensível que a saída de Jhonson tenha enfraquecido um pouco o sistema ofensivo da Seleção Feminina. Mas é preciso compreender que tudo isso passa pela tomada certa de decisões durante um lance ou outro da partida.

Gabi Berchon recebe na entrada da área e tenta o chute de longe diante de opções melhores no ataque. Imagens: Reprodução / SPORTV

É óbvio que o jogo contra a Índia serviu para carimbar a vaga da Seleção Feminina nas quartas de final da Copa do Mundo Sub-17 e para confirmar a superioridade técnica e tática da equipe comandada por Simone Jatobá. Por outro lado, a competição chega agora num momento decisivo. É verdade sim que o time tem ótimas jogadoras e que o time tem todas as condições de superar a Alemanha e cravar a melhor campanha do Brasil no Mundial da categoria. Mesmo assim, é o tipo de confronto que vai exigir uma maturidade e uma consistência que a Seleção Feminina ainda não mostrou nessa temporada. No compromisso mais complicado desse Mundial, os Estados Unidos acabaram expondo algumas das deficiências da equipe.

Lara, Rebeca, Aline Gomes, Leilane, Jhonson e companhia terão pela frente um senhor adversário e também uma boa oportunidade de “vingar” a Seleção Feminina. Na Copa do Mundo Sub-17 de 2012 (realizada no Azerbaijão), o Brasil acabou eliminado nas quartas de final pelo mesmo escrete germânico. Será um incentivo a mais para que a equipe comandada pela ótima Simone Jatobá conquistar um feito ainda inédito para o futebol feminino brasileiro. E diante do que vimos até aqui, é algo bem possível.

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