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Seleção Feminina Sub-17 tem mais sorte que juízo em empate suado contra os Estados Unidos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira as escolhas de Simone Jatobá no segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo

Por Luiz Ferreira em 15/10/2022 17:43 - Atualizado há 10 meses

Rafael Ribeiro / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira as escolhas de Simone Jatobá no segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo

Este que escreve entende muito bem que os Estados Unidos estão num estágio mais avançado no desenvolvimento do futebol feminino e que qualquer jogo contra eles em qualquer categoria vai ser marcado por dificuldades de todos os tipos. Dito isto, a Seleção Feminina Sub-17 teve muito mais sorte do que juízo nesta sexta-feira (14). Se não fosse a goleira Leilane (eleita a melhor em campo de maneira justíssima), o escrete comandado por Simone Jatobá teria sofrido uma goleada histórica no Kalinga Stadium. E muito dessa atuação bem abaixo do esperado por parte do Brasil passa pela postura apresentada pelo time dentro de campo. Certo é que o sofrimento poderia ter sido bem menor.

Isso porque a Seleção Feminina mostrou jogo coletivo e intensidade em vários momentos da partida desta sexta-feira (14). Sempre que esteve organizada e ligada em cada lance, os Estados Unidos encontraram certa dificuldade para conter os avanços de Jhonson, Aline Gomes, Carol e companhia. O problema é que faltou essa constância no escrete comandado por Simone Jatobá. E talvez pior que isso. Faltou mais concentração e tranquilidade para entender como o escrete estadunidense explorava os espaços na defesa brasileira.

Não foram poucas as vezes em que Guta, Kedima e qualquer outra jogadora de defesa do Brasil saltaram da última linha em perseguições mais curtas. Até aí, tudo bem. Só que esses movimentos abriam crateras na frente da área que não eram cobertos pelas jogadoras de meio-campo. Esse problema ficava muito mais visível quando a excelente e altamente promissora Onyeka Gamero saía da direita para dentro e atacava o espaço entre Kedima e Alice. Não foi por acaso que a camisa 18 foi a principal arma ofensiva dos Estados Unidos.

Onyeka Gamero foi a grande opção ofensiva dos Estados Unidos diante de um Brasil desorganizado e disperso. Foto: Reprodução / SPORTV

Antes do gol marcado por Nicollete Kiorpes (aos 32 minutos da primeira etapa), a Seleção Feminina sofria com os espaços entrelinhas e encontra muitas dificuldades para superar a forte pressão pós-perda dos Estados Unidos. Quando conseguiu, Jhonson passou para Carol, arrastou Riley Jackson para a área e abriu o espaço que a camisa 10 brasileira precisava para ajeitar o corpo e acertar um belo chute. Ainda que a goleira Victoria Safradin tenha falhado no lance, o gol de empate da Seleção Feminina acabou nascendo da principal arma ofensiva da equipe de Simone Jatobá na partida: as finalizações de média e longa distância. Ainda mais sabendo que estava bem difícil entrar na área adversária.

Jhonson puxa a marcação e Carol tem espaço para finalizar e empatar a partida para a Seleção Feminina. Foto: Reprodução / SPORTV

Mesmo assim, o espaço entre as linhas e a dificuldade para “ler” os movimentos das jogadoras adversárias. E mesmo quando Simone Jatobá mexeu na Seleção Feminina, trazendo Kedima para a lateral-esquerda e promovendo as entradas de Juju, Rebeca (no lugar da lesionada Dudinha) e Rhaissa, as coisas pouco mudaram no segundo tempo. Os Estados Unidos seguiam fazendo o que queriam na defesa brasileira e manipulando os espaços com certa facilidade no terço final. E tudo com Onyeka Gamero saindo da direita para o meio, atraindo a marcação e explorando os espaços que existiam às costas das laterais brasileiras. Nesse ponto, Leilane salvou o Brasil de um verdadeiro desastre no Kalinga Stadium.

Os Estados Unidos conseguiam manipular os espaços com certa facilidade na frente da área brasileira. Foto: Reprodução / SPORTV

Acabou que o Brasil conseguiu segurar o ímpeto dos Estados Unidos e conquistar um ponto preciosíssimo meio que na bacia das almas e com uma atuação primorosa da goleira Leilane. Por outro lado, a forma como a defesa foi envolvida pelo ataque estadunidense e como o ataque acabou sucumbindo diante da forte pressão pós-perda das adversárias preocupa bastante. E Simone Jatobá percebeu isso durante a partida desta sexta-feira (14). Ou a Seleção Feminina se acerta dentro de campo, ou vai sofrer contra equipes que já estão em estágios mais avançados no desenvolvimento da modalidade. Como os Estados Unidos, a Alemanha e a Espanha. Infelizmente, o Brasil ainda precisa correr atrás do prejuízo.

O jogo contra a Índia, marcado para a próxima segunda-feira (17) deve definir os rumos da Seleção Feminina nessa Copa do Mundo Sub-17. Difícil pensar na primeira posição por conta dos critérios de desempate. Por outro lado, pode ser o confronto ideal para que Jhonson, Dudinha, Aline Gomes e companhia recuperem a confiança e compreendam de uma vez que o nível de exigência nessa competição é muito maior do que o visto no Campeonato Sul-Americano. Entender isso é fundamental para se ir longe nesse Mundial Sub-17.

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