Nervosismo e chances perdidas marcam a estreia da Seleção Feminina na Copa do Mundo Sub-17
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre Marrocos e as escolhas da técnica Simone Jatobá
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre Marrocos e as escolhas da técnica Simone Jatobá
É verdade que toda estreia numa Copa do Mundo de qualquer categoria vai sim ser marcada pelo nervosismo e com a Seleção Feminina não seria diferente. A vitória por 1 a 0 sobre o Marrocos (o primeiro da equipe comandada por Simone Jatobá nesse Mundial Sub-17 da Índia) nos mostrou uma equipe que dominou sim a partida realizada nesta terça-feira (11), mas que pecou pela falta de concentração nos lances decisivos e pelo grande número de chances desperdiçadas ao longo dos noventa e poucos minutos de partida. Com a exceção dos primeiros minutos, o Brasil controlou bem as ações e deu poucas chances para suas adversárias. Ficou claro, no entanto, que um pouco mais efetividade seria de grande valia.
O alerta é mais do que válido numa competição de “tiro curto”. Além disso, a Seleção Feminina sabe muito bem que a exigência física e mental da Copa do Mundo Sub-17 será muito maior do que a que vimos no Campeonato Sul-Americano da categoria. É por isso que a técnica Simone Jatobá bateu tanto na tecla da concentração e da intensidade durante a partida contra Marrocos. Realmente, a atuação da equipe brasileira também esteve um pouco abaixo do esperado. Mas o lado bom é que as jogadoras conseguiram se manter focadas no plano de jogo apesar de tudo.
Falando da partida desta terça-feira (11) em si, a Seleção Feminina entrou em campo organizada no tradicional 4-4-2/4-2-3-1 de Simone Jatobá. Com muita movimentação no ataque e muita pressão na saída de bola da equipe marroquina, o Brasil chegou ao único gol do dia através da bola roubada por Jhonson e do passe preciso de Lara para a camisa 9 concluir sem qualquer chance de defesa para a goleira Titah. O lance mostrou bem tudo que a treinadora brasileira pedia para suas jogadoras: concentração, tranquilidade e precisão nas conclusões a gol.
Fato é que o nervosismo fez com que Dudinha, Aline Gomes, Carol e a própria Jhonson desperdiçassem grandes chances de ampliar o marcador ainda no primeiro tempo. Aliás não é exagero afirmar que a Seleção Feminina poderia ter vencido o jogo por uma boa margem de gols. Por outro lado, foi bom ver que o time de Simone Jatobá tentava encontrar soluções rápidas para se livrar da marcação adversária. Não foram poucas as vezes, por exemplo, que Jhonson apareceu pelo lado esquerdo e abriu o corredor central para as descidas de Dudinha e Carol. A ideia aqui era arrastar a zaga marroquina e criar espaços para que as demais jogadoras pudessem ter condições de entrar na área adversária.
O panorama da partida não mudou no segundo tempo apesar da nítida queda no ritmo. Mesmo assim, a Seleção Feminina só não aplicou uma goleada histórica porque a goleira Titah fez pelo menos quatro grandes defesas. Apesar da retranca adversária e da falta de efetividade nas conclusões a gol, o Brasil se manteve firme nos planos de Simone Jatobá. O time não teve problema nenhum em fazer ligações diretas quando o jogo pedia. E quando se tem zagueiras como Guta e Kedima (as duas com muita qualidade no passe e boa visão de jogo), as bolas lançadas nas costas da defesa marroquina se transformaram na grande arma ofensiva da Seleção Feminina nos 45 minutos finais.
Ainda que possamos apontar os erros nas tomadas de decisão, o nervosismo e a falta de concentração nas finalizações a gol, a Seleção Feminina fez aquilo que se esperava dela diante de um adversário mais fraco. Este que escreve esperava um pouco mais da equipe de Simone Jatobá na partida desta terça-feira (11) embora também compreenda que o cenário visto no Kalinga Stadium seja mais do que natural quando se observa o contexto. Por outro lado, a tendência é que o nível de exigência (que já é bastante alto) aumente ainda mais nas partidas contra os Estados Unidos (no dia 14 de outubro, às oito horas da manhã) e a anfitriã Índia (no dia 17 de outubro, às 11h30).
A Seleção Feminina já mostrou mais de uma vez que tem plenas condições de ir longe nessa Copa do Mundo Sub-17. Basta colocar a cabeça no lugar, tentar controlar os nervos e deixar as coisas fluírem. Mas é preciso ter em mente que Dudinha, Jhonson, Aline Gomes, Kedima, Lara e companhia vão precisar jogar muito mais do que jogaram contra Marrocos. Principalmente no que se refere ao aproveitamento das chances de gol. Ou o Brasil aumenta sua efetividade, ou pode se complicar de verdade.