Força ofensiva e ambiente do Beira-Rio foram os trunfos do Internacional na goleada em cima do Goiás
Luiz Ferreira analisa o jogo deste domingo (9) e as escolhas de Mano Menezes e Jair Ventura na coluna PAPO TÁTICO
No melhor jogo dessa 31ª rodada (pelo menos até o momento), o Internacional mostrou que é uma equipe muito difícil de ser batida quando torcida e time jogam juntos. Principalmente nas partidas disputadas no Beira-Rio. É verdade que a formação mais ofensiva escolhida por Mano Menezes (com Carlos de Pena e Jhonny protegendo a defesa num 4-2-3-1 bem móvel) garantiu o entretenimento de quem estava vendo a partida deste domingo (9). Mesmo assim, o que se viu em campo foi um Inter focado e muito intenso nas suas transições ofensivas e um Goiás que até tentou competir na primeira etapa, mas que sentiu demais as falhas na defesa. O gol marcado por De Pena comprova essa tese.
De fato, a partida no Beira-Rio esteve recheada de emoções do início ao fim muito por conta das formações utilizadas pelos dois treinadores. Conforme mencionado anteriormente, Mano Menezes apostou num 4-2-3-1 mais nítido com Alemão no comando de ataque logo à frente de Alan Patrick, Pedro Henrique e Maurício. Mais atrás, Carlos de Pena e Johnny protegiam a última linha, mas o uruguaio aparecia no ataque com frequência para se transformar num quarto meia na variação do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1 bem conhecida de Mano. Muita fluidez e muita movimentação.
Já o Goiás entrou em campo jogando num 4-1-4-1 que mais lembrava um 4-5-1 mais ortodoxo por conta do posicionamento mais conservador de Luan Silva e Dieguinho quase alinhados a Auremir na frente da zaga esmeraldina. A impressão que ficava era a de que Jair Ventura desejava explorar as subidas dos laterais colorados através da velocidade de Dadá Belmonte e Vinícius, mas faltou quem organizasse as coisas por dentro. Ainda mais sabendo que o Internacional deixava espaços entre seu quarteto ofensivo e os volantes.
Embora falhasse muito na defesa (talvez pela falta de um “primeiro volante” na frente da zaga), o Internacional conseguia levar certa vantagem sempre que explorava os lados do campo com Pedro Henrique e Bustos forçando bastante o jogo em cima de Maguinho e Hugo. Ao mesmo tempo, as subidas constantes de Alan Patrick e a chegada de Maurício mais por dentro ajudavam a descomplicar bastante as coisas nas tramas ofensivas. Não foram poucas as vezes em que o Inter conseguiu manipular bem os espaços com bolas longas para o ataque mesmo com seu adversário postado quase todo na frente da sua área. A escolha de Mano Menezes pela formação mais ofensiva acabou sendo bastante feliz.
É interessante notar que o Internacional não abandonou o plano de jogo inicial nem mesmo quando o Goiás empatou a partida duas vezes no primeiro tempo e nem quando o escrete comandado por Jair Ventura voltou melhor do intervalo. Se o uruguaio Carlos de Pena e o estadunidense Jhonny eram fundamentais na saída de bola, Alan Patrick era quem resolvia as coisas quando a bola chegava no meio-campo. O camisa 10 colorado deu aula de ocupação de espaços e ainda mostrou sua face artilheira com dois gols de puro oportunismo e talento. Não é difícil concluir que a formação escolhida por Mano Menezes funcionou bem por conta da ótima manhã/tarde do principal jogador do Inter na partida.
As jogadas do Internacional fluíam com certa facilidade por conta desse entendimento entre Alan Patrick e o setor ofensivo da equipe. Não era difícil ver Alemão prendendo Reynaldo ou Lucas Halter na última linha e fazendo a jogada de pivô. Com muita gente chegando ao mesmo tempo no ataque, o escrete comandado por Mano Menezes conseguiu criar superioridade numérica e encontrar espaços na defesa do Goiás. E notem que há um padrão. Sempre que Maurício cortava para o pé esquerdo (o bom), Bustos se lançava no corredor aberto, Pedro Henrique tendia a buscar mais a diagonal a partir da esquerda e Alan Patrick atacava o espaço aberto pela movimentação de Alemão no comando de ataque.
Vale destacar também a grande atuação do goleiro Keiller com pelo menos duas grandes defesas. A mais bonita delas aconteceu no segundo tempo, em chute de Pedro Raul quase na linha da pequena área. Além dele, Vitão foi muito bem na cobertura dos avanços de Renê (outro que não comprometeu). Mas a grande “cereja do bolo” está no setor ofensivo. Ainda que Mano Menezes tenha mencionado o jogo mais aberto na entrevista coletiva após a partida deste domingo (9), ficou claro que o Internacional provou que sabe jogar mais voltado para o ataque quando existe a necessidade. E a força dos quase 27 mil torcedores presentes no Beira-Rio foi o combustível que a equipe precisava.
É verdade que o título brasileiro ainda é um sonho distante. A vitória sobre o Goiás deixou o Internacional a nove pontos do Palmeiras com sete rodadas para o final da competição. Mesmo assim, o time de Mano Menezes se provou competitivo nessa reta final de temporada. E eu não duvidaria desse time em 2023. Ainda mais com Mano podendo iniciar uma temporada com calma e tranquilidade.