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Geração ruim? Geração fraca? Brasileiros fazem a diferença na vitória do Arsenal sobre o Liverpool

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira a partida e a "dor de cabeça" que Tite terá para montar a Seleção Brasileira

Por Luiz Ferreira em 10/10/2022 09:24 - Atualizado há 10 meses

Reprodução / Twitter / Arsenal FC

Uma das coisas que mais irrita este que escreve é a falácia da “geração ruim” de jogadores à serviço da Seleção Brasileira. Quem viu a boa vitória do Arsenal sobre o Liverpool neste domingo (9) teve a certeza de que estamos muito bem servidos em vários setores. Gabriel Martinelli (que ficou de fora da última convocação) foi o grande destaque do trinfo sobre os Reds, mas Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Alisson mostraram sua qualidade e que não fizeram parte desse ciclo por obra do acaso. A verdade, meus amigos, é que poucas vezes vimos tantos bons jogadores aparecendo e assumindo o protagonismo em ligas fortes na Europa. Bom para Tite e bom para a Seleção Brasileira.

O resultado em Londres recoloca os Gunners na liderança da Premier League e consolida de vez o trabalho de Mikel Arteta. O treinador espanhol manteve seu 4-2-3-1 com Tomiyasu de olho em Salah no lado esquerdo da defesa e Ben White um pouco mais solto pela direita. Mais à frente, Thomas Partey (talvez a principal peça do sistema defensivo do Arsenal) dava conta da marcação e da saída de bola, permitindo que Xhaka se juntasse a Odegaard e ao trio ofensivo. Some isso a um Gabriel Martinelli em grande tarde e teremos uma química perfeita.

Já o Liverpool parece ter “virado o fio”. O time de Jürgen Klopp não consegue mais manter aquela intensidade conhecida de anos passados e mostra uma certa insegurança na defesa. A saída de Mané para o Bayern de Munique ainda é bastante sentida nos Reds. Tanto que Klopp escolheu um 4-2-3-1 com Luis Díaz e Diogo Jota se revezando entre o meio e a esquerda e Salah mais isolado na direita, visto que Alexander-Arnold esteve sempre bem vigiado por Tomiyasu e Gabriel Martinelli. Ao mesmo tempo, Thiago Alcântara teve dificuldades para organizar o jogo.

Formação inicial das duas equipes. O Arsenal explorava bem o lado de Alexander-Arnold e levava vantagem no meio-campo.

Mikel Arteta sabia muito bem que o Liverpool havia perdido consistência no ataque e que Klopp ainda busca a melhor formação para a equipe da cidade dos Beatles. Não foi por acaso que Gabriel Martinelli entrou em campo com a missão de explorar as subidas constantes do camisa 66 dos Reds ao campo ofensivo. Com Xhaka mais próximo de Odegaard e Gabriel Jesus prendendo Matip e Van Dijk (um dos que mais caiu de produção no Liverpool), as jogadas de ataque fluíam com facilidade até surpreendente para quem conhecia as duas equipes. O gol relâmpago de Gabriel Martinelli e a belíssima jogada que resultou no gol de Saka falam por si só. O Arsenal sabia muito bem o que fazer com e sem a posse da bola.

Odegaard recebe na frente da área e passa para Gabriel Martinelli no lance do primeiro gol do Arsenal. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

É nesse ponto que entra a “dor de cabeça” de Tite. Diante do que se viu neste domingo (9), é cada vez mais complicado pensar numa lista final de convocados para a Copa do Mundo que não tenha Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli. Os dois brasileiros são os destaques do líder da Premier League, talvez a liga mais competitiva do planeta atualmente e mostram todos os dias que merecem estar na Seleção Brasileira. Como deixá-los de fora? Ao mesmo tempo, como ignorar o futebol de Roberto Firmino, que entrou ainda na primeira etapa e arrumou o time dos Reds jogando como “10”? Ou a qualidade de Fabinho (outro que entrou no decorrer da partida) e melhorou o sistema defensivo de um combalido Liverpool?

O Livepool melhorou com Firmino e Joe Gomez nos lugares de Luis Díaz e Alexander-Arnold. Foto: Reprodução / ESPN Brasil

Certo é que o Arsenal, apesar de ser uma equipe jovem, mostrou muita personalidade na construção do resultado deste domingo (9). Não somente pelo gol relâmpago de Gabriel Martinelli ou pela boa atuação de Gabriel Jesus no comando de ataque dos Gunners, mas pela organização ofensiva e pela forma como as fragilidades do Liverpool foram exploradas. E nesse aspecto, o time de Mikel Arteta deixava a impressão de estar mais ligado, mais consistente e mais “inteiro” do que os Reds. Ainda mais com um Gabriel Martinelli em estado de graça e entrando de vez na briga por uma das 26 vagas para a Copa do Mundo. Certo é que Tite terá uma grande “dor de cabeça” para montar a lista final.

O Arsenal mereceu a vitória em cima do Liverpool e o retorno para a liderança da Premier League. Com Manchester United ainda em recuperação e a fase irregular do Chelsea, apenas o Manchester City de Pep Guardiola pinta como grande adversário do escrete comandado por Mikel Arteta na disputa pelo título do “Inglesão”. Enquanto isso, Tite vai fazendo suas anotações e colhendo os dados para escolher o melhor grupo possível para a disputa da Copa do Mundo do Catar. Gabriel Martinelli, Gabriel Jesus, Alisson, Fabinho e até mesmo um “ressurgido” Roberto Firmino mostram que a “dor de cabeça” do técnico da Seleção Brasileira será muito grande. Vermos no dia 7 de novembro.

A única certeza é a de que a falácia da “geração ruim” e da “geração fraca” caiu por terra pela enésima vez só nesta temporada. Enquanto limitarmos a nossa percepção ao nosso curralzinho e ignorarmos o que acontece nos grandes centros do velho e rude esporte bretão, vamos seguir levando goleada quando o assunto é análise. Nossa geração é EXCELENTE. Sem exagero.

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