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Antony entrega aquilo que se esperava logo na estreia pelo Manchester United

Luiz Ferreira analisa a atuação do brasileiro na vitória dos Red Devils sobre o Arsenal na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Foram apenas 57 minutos em campo. Mas tempo suficiente para mostrar seu valor e provar que o alto investimento feito pelo Manchester United não foi feito à toa. O brasileiro Antony foi um dos destaques do time de Erik ten Hag na vitória sobre o Arsenal neste domingo (4), em Old Trafford. É verdade que é quase impossível pensar em análises mais profundas com o recorte de apenas um jogo. No entanto, podemos dizer que o camisa 21 entregou aquilo que se esperava dele numa partida desse tamanho e logo contra o líder do “Inglesão”. A confiança de Antony com a bola e partindo pra cima dos adversários é exatamente o que o Manchester United precisava.

É óbvio que o entendimento prévio dos conceitos de Erik ten Hag e seu posicionamento no setor do campo onde se sente mais confortável foram fundamentais na boa atuação de Antony. O brasileiro mostrou personalidade ao não se deixar abater ou intimidar pelo tamanho do adversário que estava do outro lado do campo. Pelo contrário. Pode não ter sido brilhante como foi nos tempos de Ajax e Seleção Olímpica, mas procurou competir e não se escondeu do jogo nem mesmo quando o Arsenal estava melhor. Isso é significativo.

Ao mesmo tempo, é bom lembrar que o estilo rompedor e insinuante de Antony se encaixa perfeitamente no esquema de jogo de Erik ten Hag. Faltava no Manchester United um jogador com sua habilidade e capacidade de romper linhas com o drible curto e sempre em velocidade na direção do gol. O investimento de quase 100 milhões de euros se justifica nesse sentido, mas ele só será recompensado se o camisa 21 continuar com a mesma personalidade fazendo a diferença. Como o fez contra o Arsenal logo na sua estreia pela equipe dos Red Devils.

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Sobre o clássico contra os Gunners em si, o Manchester United jogou num 4-2-3-1 que encaixa Bruno Fernandes mais por dentro, Eriksen jogando como volante ao lado de McTominay (mas subindo ao ataque e pisando na área), Rashford como referência móvel na frente e com os “pontas com os pés invertidos” Antony e Sancho saindo do lado do campo em diagonal na direção do gol. Apesar de espelhar o desenho tático do Arsenal de Mikel Arteta, o Manchester United adotava uma postura um pouco mais reativa e objetiva. Sempre que o time de Old Trafford recuperava a posse, todos aceleravam na direção do gol com poucos toques e muita movimentação para vencer a forte marcação dos Gunners.

Formação inicial das duas equipes. O Manchester United entrou em campo no 4-2-3-1 e controlou o ímpeto do seu adversário.

Ainda que o Arsenal controlasse mais a posse e mostrasse bastante volume de jogo com a movimentação de Xhaka, Gabriel Jesus, Odegaard, Gabriel Martinelli e Saka, o Manchester United não se abalou. E a válvula de escape do time era Antony. Saindo da direita para o meio (sempre às costas do ofensivo Zinchenko), o camisa 21 soube como explorar bem os espaços e mostrou bom entendimento com Diogo Dalot, o lateral-direito dos Red Devils. As tomadas de decisão certas no primeiro tempo chamaram a atenção deste que escreve sempre que a bola chegava nele. A disposição do 4-2-3-1 de Erik ten Hag, inclusive, favorecia muito a subida dos laterais ao ataque.

Antony recebe a bola pela direita, corta para esquerda e já percebe a subida de Diogo Dalot. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O gol marcado no final do primeiro tempo teve muito daquilo que eu e você sabemos que Antony é capaz de fazer. Primeiro a movimentação sem a bola para esperar o momento certo de atacar a área. Depois, o toque que já prepara para o chute preciso de perna esquerda. E encerrando com o beijo na camisa do Manchester United. Ainda que o entrosamento ainda não seja o ideal, o camisa 21 mostrou que tem todas as condições de ser a válvula de escape e o ponto de desequilíbrio de um time que ainda está em construção. E a sua boa atuação logo na estreia não deixa de ser ótima notícia para Tite, que ganha mais uma opção para montar a sua Seleção Brasileira.

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Muito da vitória do Manchester United neste domingo (4) se deve à proposta de jogo de Erik ten Hag e da forma como os jogadores estão comprando a ideia. Vale destacar a boa atuação de Varane na zaga e a consistência de Eriksen na armação das jogadas junto a Bruno Fernandes no meio-campo. Fora isso, Sancho parece finalmente ter recuperado o bom futebol e Rashford vem se mostrando voluntarioso e preciso nas conclusões jogando como referência móvel. Mas o grande destaque ainda é Antony. Muito por conta do alto investimento feito na sua contratação, é verdade. Mas também pela expectativa criada e pela boa atuação logo na estreia. E num logo num clássico.

Antony entregou aquilo que se esperava dele desde o começo e aumentou as expectativas com relação a seu futebol. O conhecimento prévio dos conceitos de Erik ten Hag pode ser de grande valia nesse processo de adaptação no Manchester United e na briga por espaço num elenco recheado de estrelas. Certo é que o camisa 21 já deixou uma ótima primeira impressão.

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