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Vitória sobre o Coritiba deve servir de modelo para o Botafogo nesse final de temporada

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Luís Castro e Guto Ferreira no jogo deste sábado (17)

Por Luiz Ferreira em 19/09/2022 09:10 - Atualizado há 10 meses

Vítor Silva / Botafogo

Futebol é contexto e todos nós sabemos disso. Ou pelo menos aqueles que querem entender como o jogo funciona e como ele se desenrola dentro das quatro linhas. É importante ter essa percepção diante de partidas ao invés apelar para a falácia ou má vontade com este ou aquele profissional como alguns colegas de imprensa querem e fazem. A vitória do Botafogo sobre o Coritiba neste sábado (17) se encaixa nisso. O time comandado por Luís Castro ainda está sim longe daquilo que se desenhava no início do ano. Mas observar o contexto e entender o cenário é fundamental. Dito isto, a atuação do Glorioso no segundo tempo deve ser vir de modelo nessa reta final de temporada.

Isso porque o Botafogo entendeu bem o que precisava ser feito para vencer o jogo diante de sua torcida, no Estádio Nilton Santos. O time que concedia espaços demais entre seus setores e que sofria com os avanços de Warley e Alef Manga pelos lados do campo no primeiro tempo passou a jogar de maneira mais compactada e mais organizada na etapa final e soube como aproveitar bem os erros do Coritiba na defesa e na saída de bola. Os gols de Victor Cuesta e Tiquinho e as chances perdidas ajudam a comprovar essa tese.

Por outro lado, vimos também um Botafogo que ainda busca o seu melhor entrosamento e o entendimento mais profundo dos conceitos do técnico Luís Castro. Quando se entende esse contexto, a insistência do treinador português num onze inicial e na manutenção de determinados jogadores em campo pode soar mais justificável para alguns. Por outro lado, a melhora no desempenho do Glorioso depois das entradas de Danilo Barbosa, Victor Sá e Gabriel Pires foi visível. O time teve mais compactação e jogou com mais inteligência.

É interessante notar que Botafogo e Coritiba repetiram o mesmo desenho tático e os mesmos erros no primeiro tempo. Os times de Luís Castro e Guto Ferreira entraram em campo armados no 4-2-3-1 e concedendo espaços demais às costas dos seus laterais. O Glorioso sofria mais pelo lado direito, onde Saravia tinha dificuldades imensas para conter os avanços de Alef Manga e Rafael Santos. Por outro lado, Júnior Santos criou as melhores oportunidades do time de General Severiano e ainda colocou duas bolas na trave saindo da direita para finalizar com o pé esquerdo. Foi um dos melhores do Botafogo junto de Eduardo e do atacante Tiquinho Soares. Este último, aliás, merece um destaque maior.

Formação inicial de Botafogo e Coritiba. Ambos no 4-2-3-1 e com espaços generosos entre zagueiros e laterais.

O jogo ofensivo do Botafogo ganhou mais fluidez com a movimentação do camisa 9 na frente da zaga do Coritiba. Tiquinho mostrou habilidade e bola suficiente para assumir o comando de ataque do Glorioso depois da saída de Erison. Ao mesmo tempo, ainda que não pareça ser o mais móvel dos atacantes, ele sempre procurou o espaço entrelinhas e explorou bem a indecisão de Chancellor e Luciano Castán no combate direto. Isso facilitou bastante a vida de Júnior Santos e Victor Sá no segundo tempo. Justo quando o Botafogo precisava de alguém que segurasse a bola na frente e aproveitasse os avanços do Coritiba na direção do gol de Gatito Fernández. Tiquinho foi fundamental nesse sentido.

Embora estivesse mais organizado do que seu adversário, o Coritiba se desmanchou completamente depois que Victor Cuesta abriu o placar aos 29 minutos da segunda etapa após falta cobrada por Marçal (outro que merece mais crédito pelo futebol que vem jogando). Guto Ferreira tentou colocar sua equipe no ataque, mas viu Luciano Castán cometer erro infantil no lance que originou o segundo gol alvinegro (marcado por Tiquinho). Embora o Coxa Branca possa (e deva) reclamar da arbitragem do (enrolado) Paulo César Zanovelli da Silva na anulação do gol legal de Bruno Gomes, o Botafogo fez por merecer os três pontos pelo que fez durante os 90 e poucos minutos de partida no Engenhão.

O Botafogo se fechou na defesa e explorou os espaços que o Coritiba deixava no seu campo na segunda etapa.

Não é exagero afirmar que o Botafogo encontrou o modelo a ser seguido nessa reta final da temporada. Por mais que o nível do adversário não seja dos melhores e que o time como um todo ainda esteja devendo bastante em vários quesitos, a forma como o escrete de Luís Castro se comportou no segundo tempo depois das mexidas do treinador foi determinante no resultado final. E por mais que se compreenda que o comandante do Glorioso busque entrosamento e melhor entendimento dos seus conceitos, ficou claro que Danilo Barbosa e Victor Sá merecem mais chances no time titular. Mesmo que isso signifique guardar Jeffinho e Tchê Tchê para outros momentos. Os dois deram outra cara ao Botafogo.

No entanto, ainda é cedo para respirar aliviado ou comemorar a vaga em competições internacionais. Luís Castro e seus jogadores ainda estão devendo aquela atuação consistente que a torcida tanto pede. Principalmente pelo investimento feito ao logo do ano e pelas promessas feitas por John Textor. E a vitória sobre o Coritiba mostrou que o Botafogo pode sim ir mais longe.

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