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Palmeiras e Flamengo ficam iguais no placar, nos erros e nos acertos; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Abel Ferreira e Dorival Júnior no jogo deste domingo (21)

Por Luiz Ferreira em 21/08/2022 22:51 - Atualizado há 10 meses

Gilvan de Souza / Flamengo

O futebol possui muitas máximas que podem ser tratadas como dogmas, verdades incontestáveis. A que melhor se encaixa com o empate entre Palmeiras e Flamengo no Allianz Parque é aquela que afirma que o “se” não entra em campo e não faz parte do jogo. “Se tivesse feito isso”, “se tivesse feito aquilo”, nada disso tem valor no esporte de alto rendimento. Cada escolha tem sua consequência boa ou ruim. Tal como vimos na tarde deste domingo (21). Enquanto alguns dizem que Dorival Júnior errou ao apostar no chamado time reserva, outros afirmam que Abel Ferreira poderia ter sido mais ousado no primeiro tempo. Tudo igual. No placar, nos erros e nos acertos.

Mas é preciso reconhecer que muita gente se surpreendeu quando a escalação do Flamengo foi anunciada. Dos chamados titulares, apenas Thiago Maia, João Gomes, Santos e David Luiz começariam a partida. Do outro lado, o Palmeiras entrava em campo com o que tinha de melhor. Há como se falar em escolhas ruins e na maneira como cada uma delas influencia o jogo dentro de campo. No entanto, o primeiro tempo do escrete comandado por Dorival Júnior mostrava que ele havia acertado ao optar por um time mais descansado. Principalmente pela maneira como seus jogadores conseguiam controlar a pressão do Palmeiras e ainda encontrar espaços no setor ofensivo.

Formação inicial das duas equipes. Dorival Júnior optou pelos reservas para enfrentar os titulares do Palmeiras.

O time de Abel Ferreira, por sua vez, encontrava certa dificuldade para conter os avanços de Victor Hugo por dentro e para vencer um João Gomes incansável no meio-campo. Ainda que o Palmeiras tenha aplicado a sua conhecida pressão pós-perda e buscado o erro na saída de bola do Flamengo, o escrete alviverde pecava muito no último passe e explorava pouco as laterais do campo, onde Marinho e (principalmente) Everton Cebolinha deixavam Matheuzinho e Ayrton Lucas (um dos melhores em campo pelos lados do Fla) sobrecarregados na marcação. Certo é que o jogo nos mostrou as consequências de cada escolha. E elas vão muito além da opção por reservas ou titulares.

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Isso porque o planejamento de Dorival Júnior para o jogo contra o Palmeiras era semelhante ao da vitória sobre o São Paulo no Morumbi: construir o resultado com o chamado time “reserva” (que é mais qualificado do que a maioria dos times que disputam o Brasileirão) e depois ir colocando os “titulares” em campo para segurar e/ou ampliar a vantagem. Diante do que se viu em outros jogos, Dorival Júnior seguia um planejamento. Se sua decisão foi correta ou não, ela tem relação direta com o resultado e nada além disso. Se o Flamengo tivesse confirmado a vitória no Allianz Parque, ninguém estaria falando de reservas ou titulares, mas da qualidade do elenco rubro-negro.

Só que o futebol não pode ser conjugado no futuro do pretérito do indicativo ou no pretérito imperfeito do subjuntivo (a coluna PAPO TÁTICO também é cultura, sabiam?) e o jogo deste domingo (21) provou isso. Do mesmo modo que seu rival, Abel Ferreira demorou para enxergar o espaço que havia entre Everton Cebolinha e Ayrton Lucas no lado esquerdo do Flamengo. Quando fez a alteração tática necessária (a troca de lados entre Dudu e Gustavo Scarpa), o gol de Raphael Veiga surgiu de uma jogada construída pelo lado direito de ataque. Faltou, no entanto, um melhor aproveitamento das chances criadas. E o mesmo pode ser dito do Flamengo. Ou será que vocês se esqueceram da grande chance desperdiçada por Lázaro no início da segunda etapa?

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O Flamengo retomou o controle do jogo assim que Dorival Júnior mandou Pedro, Gabigol, Arrascaeta, Vidal e Everton Ribeiro para o campo. Só que o Palmeiras já protegia bem a entrada da sua área com a concentração e intensidade bem conhecidas do time de Abel Ferreira. E mesmo com alguns titulares cansando, o escrete alviverde não diminuiu o ritmo e foi administrando a igualdade no marcador até o apito final. As entradas de Bruno Tabata, José López, Wesley, Gabriel Menino e Mayke visavam justamente esse controle maior das ações. E o Flamengo, mesmo com o que tinha de melhor, não conseguiu recuperar a vantagem no marcador. Resultado justo no Allianz Parque.

O Palmeiras controlou o jogo e manteve o empate diante dos chamados titulares do Flamengo no segundo tempo.

É possível dizer muitas coisas sobre o jogo disputado neste domingo (21). Mas é preciso sempre lembrar que tudo que vem sendo falado está diretamente ligado ao RESULTADO FINAL. Ao mesmo tempo, apesar de não entrar em campo, o “se” ajuda a explicar muita coisa sobre a maneira como muitos de nós ainda encaram o futebol jogado aqui e em qualquer outro lugar do planeta. Certo é que Flamengo e Palmeiras fizeram aquilo que estava ao alcance deles no cenário que a partida apresentou para Abel Ferreira e Dorival Júnior. É lógico que o contexto favorece o Verdão pela distância entre as duas equipes na tabela. Mas é preciso reconhecer que ambos acertaram e erraram na mesma medida.

Em tempo: Abel Ferreira está coberto de razão ao afirmar que o Brasileirão só será decidido nas últimas rodadas. Ainda temos 45 pontos em disputa e muita coisa pode mudar até o dia 13 de novembro. Dar a competição como encerrada é ignorar completamente tudo o que já aconteceu com alguns dos envolvidos na disputa em temporadas passadas. É por isso que a postura mais pessimista de parte da torcida do Flamengo não faz sentido para este que escreve. Ainda há muito em jogo.

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