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Com Cuca de volta, Atlético-MG tem parada duríssima contra uma das equipes mais organizadas do país

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a preparação do Galo para o jogo contra o Palmeiras de Abel Ferreira

Por Luiz Ferreira em 03/08/2022 07:00 - Atualizado há 10 meses

Pedro Souza / Atlético-MG

Este que escreve falou sobre o retorno de Cuca ao Atlético-MG numa outra oportunidade aqui mesmo no TORCEDORES.COM e alertou para alguns pontos que podem estar passando despercebidos da grande maioria dos torcedores. Nesta quarta-feira (3), o Galo recebe o Palmeiras de Abel Ferreira no Mineirão no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores da América com a dura missão de tentar superar o atual bicampeão da competição e uma das equipes mais fortes e organizadas da América do Sul. É verdade que Cuca tem material humano de sobra para fazer seu Atlético-MG repetir as boas atuações de 2021. No entanto, é preciso entender que o contexto é completamente diferente.

É verdade que o retorno do treinador campeão brasileiro e da Copa do Brasil na temporada passada foi marcado pela atuação muito ruim do sistema defensivo do Galo na derrota para o Internacional. Ainda que todo o elenco conheça bem os conceitos trabalhados por Cuca, os jogadores ainda precisam de tempo para assimilar novamente todas as ideias. Uma delas (e talvez o grande mérito do Galo no ano passado) é a pressão pós-perda e a recomposição defensiva. A derrota para o Internacional no último domingo (31) escancarou esse e outros problemas de ordem tática. Além disso, a maneira como o time sofreu os gols diz muito sobre a necessidade de se recuperar a consistência.

Mesmo com Cuca de volta ao banco de reservas, o Atlético-MG foi presa fácil para a transição ofensiva do Internacional.

E nesse ponto, precisamos lembrar mais uma vez que o futebol não é jogado da mesma maneira que se faz um bolo de laranja. Não existe receita pronta! É compreensível que a torcida ainda tenha a memória afetiva dos títulos conquistados por Cuca no Atlético-MG. Principalmente a Libertadores de 2013 e no melhor estilo “Galo Doido” com Ronaldinho Gaúcho, Bernard, Diego Tardelli e Jô destruindo as defesas adversárias. No entanto, novamente precisamos lembrar que o cenário é outro e que a “receita” de sucesso de 2021 pode não surtir o mesmo efeito em 2022. Mesmo com todas as chegadas de nomes como Allan Kardec, Pedrinho, Ademir e Otávio. Todos bons jogadores e que podem ser muito úteis.

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No entanto, os problemas do Atlético-MG não têm relação direta com este ou aquele nome. Conforme dito anteriormente, o elenco conta com ótimas peças para mudar o panorama de um jogo ou até mesmo mexer num esquema tático sem que Cuca precise fazer substituições. Já faz algum tempo que este que escreve se pergunta se a queda técnica do escrete atleticano como um todo não seria muito mais fruto da oscilação que toda equipe passa por numa determinada temporada do que provocada pelo trabalho ruim de Antonio “El Turco” Mohamed. E assim como aconteceu com o Flamengo de Jorge Jesus e o Palmeiras de Abel Ferreira, o Atlético-MG de Cuca também passou a ser bastante visado e estudado pelos adversários.

E esse parece ser o ponto crucial. Por mais que Hulk, Zaracho, Nacho Fernández, Junior Alonso, Jair, Mariano e companhia conheçam bem os métodos do treinador, o time como um todo ainda precisa de tempo para abandonar o “jeito antigo” e recuperar na memória o bom futebol jogado no ano passado. Não se trata apenas de juntar peças e “esperar que a mágica aconteça novamente” como alguns colegas de imprensa pensam e defendem por aí. O futebol é movido a detalhe e foi forjado no mais puro caos. E o Palmeiras de Abel Ferreira soube muito bem como se adaptar a todo esse cenário nos últimos meses. Os títulos conquistados e a manutenção da liderança do Campeonato Brasileiro falam por si só.

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A vitória sobre o Ceará no último sábado (30) nos mostrou um Palmeiras que sabe muito bem como explorar as deficiências do seu adversário. Principalmente a recomposição defensiva, grande calcanhar de Aquiles do Atlético-MG nessa temporada. Mesmo sem contar com o voluntarioso atacante Rony (lesionado) e com um Raphael Veiga não tão decisivo como no primeiro semestre, Abel Ferreira conseguiu encontrar soluções interessantes com as entradas de Flaco López no comando de ataque e com Gustavo Scarpa armando o jogo a partir do lado esquerdo com muita desenvoltura, inteligência e sempre procurando a entrelinha. E ainda há Dudu, Danilo e mais uma série de jogadores que merecem atenção.

Gustavo Scarpa deixa o lado esquerdo e procura a entrelinha no 4-2-3-1/4-2-4 básico de Abel Ferreira no Palmeiras.

Além de tudo o que já foi colocado anteriormente, é possível dizer que o Palmeiras já joga “de memória” com Abel Ferreira. Todos os jogadores sabem exatamente o que fazer, como fazer, quando fazer e por que fazer nas mais variadas situações que uma partida apresente. É verdade que o Atlético-MG tem sim condições plenas de vencer o jogo desta quarta-feira (3) e construir uma boa vantagem para a volta em São Paulo. Mas o escrete comandado por Cuca vai precisar jogar o que ainda não jogou em 2021 e encontrar soluções para todos os problemas que terão pela frente no Mineirão. Além disso, a eliminação para o mesmo Palmeiras na Libertadores do ano passado ainda é uma lembrança muito viva no torcedor e no elenco atleticano.

É possível dizer que time comandado por Abel Ferreira está um passo à frente do Atlético-MG, mas isso não vai ser lá muito importante quando a bola rolar no Mineirão. A questão toda está no tempo. O Palmeiras teve esse tempo de assimilação de conceitos enquanto o Galo está no início desse processo. E certo é que a partida desta quarta-feira (3) não será nada fácil para o atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil. Ainda mais com tanta coisa em jogo.

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