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Organizado e intenso, Cruzeiro goleia o Náutico e encaminha retorno para a Série A

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe de Paulo Pezzolano na partida desta sexta-feira (26)

Por Luiz Ferreira em 28/08/2022 01:27 - Atualizado há 2 anos

Staff Images / Cruzeiro

A empolgação da torcida celeste é plenamente compreensível. Afinal de contas, o Cruzeiro mostrou (mais uma vez) que não é considerado o melhor time do Brasileirão Série B apenas por causa do belo uniforme ou pela presença de Ronaldo Fenômeno no comando do clube. O escrete comandado por Paulo Pezzolano vem liderando todas as estatísticas da competição e consolidou sua ótima fase na temporada com uma goleada incontestável sobre um Náutico perdido e enfraquecido. Com o resultado, a Raposa abriu 13 pontos de vantagem na liderança e incríveis 19 pontos para o quinto colocado (o Londrina). Não é exagero afirmar que o acesso para a Série A é questão de tempo.

Além dos números do Cruzeiro nesse Brasileirão Série B (ver no tweet acima), a maneira como Paulo Pezzolano vem tirando o melhor de cada jogador merece ser destacada e exaltada por quem acompanha e analisa o velho e rude esporte bretão. O elenco celeste não é brilhante, mas consegue se impor diante de seus adversários na base da organização tática. Hoje, a Raposa sabe o que deve fazer com e sem a bola e o faz quase que “de memória”. E isso sem mencionar o alto grau de competitividade desse time.

É por causa desses e de outros motivos que veremos a seguir que o Cruzeiro vem nadando de braçada nesse Brasileirão Série B. Ainda que equipes como Vasco, Grêmio e Bahia tenham se colocado como postulantes ao título no início da competição, é a Raposa quem cumpre as expectativas de seu (exigente e apaixonado) torcedor. E muito disso se deve ao trabalho consistente capitaneado pelo uruguaio Paulo Pezzonalo. E a goleada sobre o Náutico foi um resumo perfeito dos conceitos do treinador celeste.

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O Cruzeiro joga num 3-4-3 bem definido e organizado que se transforma num 3-2-5 nas transições ofensivas. Eduardo Brock, Oliveira e Zé Ivaldo formam o trio de zagueiros, mas este último sempre avança como um lateral para ocupar o espaço que Wesley Gasolina abre quando avança para o ataque. Do outro lado, Bidu abre o campo e ajuda a esgarçar a linha de defesa adversária. Com Machado e Neto Moura qualificando o passe, Bruno Rodrigues e Luvannor buscam o espaço entrelinhas e permitem que Edu dê profundidade. Foi assim que a Raposa conseguiu anular quase todas as saídas do 4-2-3-1/4-4-2 de Dado Cavalcanti num Náutico assustado e sem ideias.

O 3-4-3/3-2-5 de Paulo Pezzolano envolveu o Náutico com certa facilidade na Arena Independência. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A fragilidade do adversário desta sexta-feira (26) influenciou sim no andamento da partida. Mas é preciso ter em mente que o Cruzeiro tornou o jogo fácil com ótimo posicionamento e muita intensidade nas transições. Há mais méritos do que deméritos nesse cenário. Ainda que o time de Paulo Pezzolano tenha diminuído um pouco o ritmo depois de abrir o placar com Edu, a organização não foi abandonada. Era possível notar que sempre que um dos pontas (Bruno Rodrigues ou Luvannor) voltava por dentro, os alas e volantes subiam buscando o espaço vazio. E mesmo diante de um Náutico mais fechado, os espaços no campo ofensivo apareciam com certa facilidade.

Bruno Rodrigues recua e a equipe avança e ocupa os espaços abertos na defesa do Náutico. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A vida da Raposa já estava tranquila depois que Eduardo Brock marcou o segundo gol cruzeirense aos 22 minutos do segundo tempo (num momento em que o Náutico se lançava com mais frequência para o ataque). A expulsão justa de João Paulo tornou tudo ainda mais fácil para o escrete de Paulo Pezzolano. Com um a mais em campo, Paulo Pezzolano abandonou o esquema com três zagueiros e viu sua equipe construir a goleada com gols de Lincoln e Jajá. E mesmo com ampla vantagem no marcador (e jogando em algo próximo de um 4-2-4), o Cruzeiro manteve a pressão pós-perda e a alta intensidade nas transições para o ataque. Tudo funcionou muito bem na Arena Independência.

Mesmo com um a mais, o Cruzeiro manteve a pressão pós-perda e a aplicação tática na partida. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Conforme este colunista escreveu no início desta humilde análise, o acesso do Cruzeiro para a Série A não passa de questão de tempo. A campanha e a distância para os adversários falam por si só. Mas tudo isso é resultado do bom trabalho de Paulo Pezzolano à frente da Raposa. Ainda que tenha sido recebido com uma boa dose de desconfiança por parte da torcida e (principalmente) a imprensa esportiva, o uruguaio conseguiu dar uma ótima “cara” ao Cruzeiro mesmo sem ter jogadores brilhantes à sua disposição. Tudo na base do trabalho tático, da organização defensiva e da intensidade na hora de levar a bola para o ataque. Não é pouca coisa.

O Cruzeiro em fazendo valer a superioridade do seu jogo coletivo nesse Brasileirão Série B. E a torcida celeste já faz as contas para finalmente comemorar o retorno para a elite do futebol brasileiro. A goleada sobre o Náutico resume bem os conceitos de Paulo Pezzolano e toda a vontade que esse elenco tem de devolver a Raposa para seu lugar de direito.

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