Home Futebol Flamengo: Alterações táticas de Dorival Junior ajudam a explicar o bom futebol rubro-negro

Flamengo: Alterações táticas de Dorival Junior ajudam a explicar o bom futebol rubro-negro

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações do Fla contra Athletico Paranaens, Atlético-GO e Corinthians

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quatro vitórias seguidas no Campeonato Brasileiro, ótimas atuações coletivas contra Corinthians (pela Libertadores) e Atlético-MG (pela Copa do Brasil) e a certeza de que o time pode melhorar ainda mais com a chegada dos reforços. O bom futebol jogado pelo Flamengo tem a influência direta de Dorival Júnior. Os ótimos números do treinador à frente da equipe rubro-negra comprovam essa tese. Mas é preciso reconhecer também que algumas escolhas táticas de Dorival são as grandes responsáveis pelo bom rendimento do Flamengo nessas últimas semanas. Escolhas simples, diretas e até certo ponto óbvias, mas que vêm fazendo toda a diferença contra adversários fortes e tão qualificados quanto o próprio Fla.

É sempre bom lembrar que o futebol é altamente dinâmico. A formação que dá certo hoje pode não ser a mais adequada amanhã e há dias/noites em que nada dá certo dentro de campo por mais que se tente. O empate sem gols contra o Athletico Paranaense (pelas quartas de final da Copa do Brasil) é um bom exemplo disso. O Flamengo teve uma das suas melhores apresentações coletivas na temporada, mas simplesmente não conseguiu “colocar a bola na casinha”. E nesse aspecto, podemos citar a grande atuação do goleiro Bento e a falta de sorte de Gabigol, Pedro, Arrascaeta e companhia nas finalizações a gol. É do jogo e vai acontecer mais de uma vez ainda nessa temporada.

Por outro lado, a recuperação do time na goleada sobre o Atlético-GO (em partida válida pelo Campeonato Brasileiro) e a excelente apresentação diante do Corinthians (no jogo de ida das quartas de final da Libertadores) na última terça-feira (2) já nos mostraram que o time vem conseguindo assimilar bem cada situação de jogo e aprender com cada uma delas. E esse parece ser um dos grandes méritos de Dorival Júnior no comando da equipe rubro-negra. Fazer com que os jogadores entendam o que deu certo e o que deu errado em cada partida, fazer os ajustes necessários e encontrar o caminho mais rápido para as vitórias. Tudo na base da simplicidade e da objetividade.

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Mesmo assim, algumas das suas escolhas táticas não podem se ignoradas. A opção pelo 4-3-1-2 foi a que melhor acomodou os talentos de Everton Ribeiro, Arrascaeta, Pedro e Gabigol no Flamengo sem que o time perca consistência defensiva. É comum ver o losango se transformando num quadrado dependendo do posicionamento dos jogadores em campo. Rodinei avança bastante pela direita e Filipe Luís tende a ser mais armador do que apoiador no outro lado. E o grande “pulo do gato” é a aproximação dos jogadores para que as associações aconteçam a partir da movimentação constante do setor ofensivo. Fora o fato de que a dupla de ataque formada por Pedro e Gabigol é uma das mais qualificadas do futebol brasileiro.

Everton Ribeiro se alinha a Arrascaeta e o losango se transforma num quadrado. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Mas também precisamos falar do sistema defensivo. Uma das maiores dores de cabeça do torcedor nos tempos de Paulo Sousa, o setor ganhou mais consistência e mais proteção com a variação do 4-3-1-2 para um 4-3-3 que protege bem a entrada da área e permite que David Luiz e Léo Pereira não fiquem sobrecarregados no combate aos adversários. Além disso, é preciso destacar que tudo começa lá na frente com a pressão na saída de bola adversária feita pelo trio ofensivo. No caso da goleada sobre o Atlético-GO no último sábado (30), ela era exercida por Lázaro, Marinho, Everton Cebolinha e pelo jovem Victor Hugo. Tudo para pressionar e retomar a posse da bola o mais rápido possível.

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O Flamengo sobe a pressão para retomar a posse e voltar a atacar o mais rápido possível. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Contra o Corinthians, Doriva Júnior teve que abrir mão do seu losango já tradicional para encontrar os espaços na defesa do seu oponente. Vale lembrar que o time de Vítor Pereira jogava num 4-1-4-1 e fechava bem a entrada da sua área. A solução encontrada pelo treinador rubro-negro foi simples. Everton Ribeiro e Arrascaeta começaram a jogar pelos lados do campo e a explorar o espaço às costas dos volantes Cantillo e Du Queiroz. Na prática, o 4-3-1-2 se transformou num 4-2-4 que lembrava o velho 4-2-2-2 dos anos 1990 em vários aspectos. E a pressão em cima do adversário e as transições em alta velocidade (principalmente com Rodinei) ajudaram a construir a importante vitória em São Paulo.

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Everton Ribeiro e Arrascaeta foram jogar pelos lados e o Flamengo se reorganizou numa espécie de 4-2-2-2. Foto: Reprodução / SBT

As chegadas de Everton Cebolinha, Vidal, Pulgar (mesmo com todos os problemas extracampo), Varella e Oscar devem elevar ainda mais o patamar do Flamengo nesse restante de temporada. Mesmo assim, é difícil saber até onde esse time pode chegar. Conforme mencionado anteriormente, o futebol é traiçoeiro e nem sempre premia quem apresenta o futebol mais vistoso e mais consistente. Por outro lado, é possível sim colocar a equipe rubro-negra no seleto grupo das mais fortes do continente sul-americano nesse momento. E muito disso se deve ao trabalho realizado por Dorival Júnior junto a um elenco cheio de estrela e ótimos valores individuais. Dos mais experientes aos mais jovens.

Num meio onde se exige resultados positivos acima de qualquer coisa, Dorival Júnior vai conseguindo recuperar o bom futebol do Flamengo com medidas simples, objetivas e diretas. Sem reinventar rodas ou bolar fórmulas mágicas. Tudo na base da simplicidade e da conversa ao pé do ouvido com os mais experientes e os mais novos. O sucesso do time nas últimas semanas é fruto de trabalho sério na beira do gramado e isso precisa ser dito mais e mais vezes.

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