É verdade, o simpático Clermont Foot Auvergne 63 (clube fundado em 1911 e localizado na bela cidade de Clermont-Ferrand) não pode ser encarado como um adversário à altura desse novo Paris Saint-Germain. Existe um abismo técnico entre as duas equipes e isso ficou claro na partida disputada neste sábado (6), no Stade Gabriel Montpied.
Mesmo assim, a maneira como a goleada por 5 a 0 foi construída nos mostra que Christophe Galtier pretende seguir o caminho do equilíbrio. Defesa mais reforçada, jogadores mais próximos e permissão para que os craques resolvam lá na frente. E com Neymar “on fire” com e sem a bola, a impressão deixada em campo foi realmente animadora.
Nem é preciso dizer que a expectativa de todos que acompanham o futebol francês é a de que o PSG realmente se imponha diante de seus adversários por conta da qualidade técnica e do grande número de estrelas à disposição de Christophe Galtier. O treinador chegou com a responsabilidade de dar mais consistência ao escrete parisiense e encontrar meios de encaixar Neymar, Messi, Mbappé, Sergio Ramos e companhia num time minimamente equilibrado. A formação escolhida foi um 3-4-3 que liberava os dois principais jogadores do PSG de obrigações defensivas. Com isso, Sarabia ficava com a incumbência de recuar mais para fechar o meio-campo junto de Vitinha e Verratti.
Vale destacar aqui também a chegada do português Vitinha. O camisa 17 se encaixou muito bem no Paris Saint-Germain e vem encontrando um entendimento muito bom com Verratti. A sua chegada ao escrete parisiense não deixa de ser encarada como o início da solução de um problema crônico da equipe desde os tempos de Mauricio Pochettino. O time não contava com um volante com suas características de marcação e construção, fato que acabava exigindo demais do restante do sistema defensivo. A contratação do também português Renato Sanches reforça essa tese. Christophe Galtier sabe que precisa ter quem “carregue o piano” enquanto Messi, Mbappé e Neymar resolvem lá na frente.
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Mas a goleada sobre o Clermont nos mostrou também um pouco da proposta do novo treinador do PSG. O esquema inicial pode ser um 3-4-3, mas o time ataca com até oito jogadores no campo de ataque. Hakimi e Nuno Mendes (os alas) se transformam em pontas, Messi recua até a intermediária e abre espaço para que Vitinha pise na área e Sarabia arrasta a marcação e abre o espaço que Neymar (ou qualquer outro jogador) precisa para concluir a gol. As triangulações pelos lados do campo e a organização do Paris Saint-Germain foram fundamentais para que toda essa intensidade fosse colocada em prática. Principalmente nas jogadas de ataque que ganhavam o “carimbo” de Neymar.
Falando no camisa 10 do PSG, é possível dizer que o principal jogador da Seleção Brasileira (gostem dele ou não) parece mais focado e mais preocupado em jogar “para o time” do que em quebrar marcas. E isso é a melhor notícia que Tite poderia receber às vésperas da Copa do Mundo. Além do gol marcado ainda na primeira etapa e das três assistências para os gols de Hakimi, Messi e Marquinhos, Neymar distribuiu passes com muita facilidade, sempre buscando a entrelinha e o toque de primeira. Joga com a 10 e como o camisa 10 de fato e de direito. E não é por acaso que Christophe Galtier já afirmou mais de uma vez que vê o brasileiro jogando atrás dos atacantes.
Esse Neymar “on fire” na partida deste sábado (6) foi fundamental para que o PSG encontrasse espaços e fizesse aquilo que se esperava de um time repleto de estrelas. Novamente, este que escreve entende muito bem que o simpático Clermont não pode ser encarado como um grande adversário e/ou um grande teste. Mas é preciso reconhecer que a organização ofensiva do Paris Saint-Germain realmente deixa a sensação de que as coisas podem ser melhores na temporada de 2022/23. Se Messi recua, os volantes avançam, Neymar puxa a marcação, os zagueiros avançam e os alas abrem o campo. Tudo para continuar encontrando espaços na linha de cinco montada pelo Clermont no segundo tempo.
A grande missão de Christophe Galtier nesse início de temporada (que promete ser extremamente promissor) é encontrar meios de encaixar Mbappé nesse seu 3-4-3 sem que o Paris Saint-Germain perca consistência e equilíbrio. É possível pensar num desdobramento dessa formação para um 3-4-1-2 com Neymar jogando atrás da dupla de ataque como o “enganche” que circula por todo o campo. É por isso que as chegadas de Vitinha e Renato Sanches são importantíssimas. Mais do que nunca, o PSG vai precisar de volantes que se imponham fisicamente, que consigam percorrer grandes distâncias para cobrir os espaços e que implementem a pressão pós-perda desejada por Christophe Galtier.
Mas a grande notícia desse início de temporada é Neymar. O camisa 10 do PSG e da Seleção Brasileira parece mais à vontade, mais focado e com muita vontade de conquistar os títulos que busca há tanto tempo. Com ele “on fire” e distribuindo passes decisivos com tanta facilidade, é possível dizer que o Paris Saint-Germain tem tudo para fazer uma grande temporada. A ver.