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Apesar da vitória, Seleção Feminina precisa abandonar o estigma de “inimiga do gol” o quanto antes

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe comandada por Jonas Urias na vitória sobre a Austrália

Por Luiz Ferreira em 14/08/2022 23:57 - Atualizado há 11 meses

Thaís Magalhães / CBF

A vitória inquestionável sobre a Austrália e a maneira como a Seleção Feminina Sub-20 impôs seu estilo na partida disputada neste sábado (13), em Alejuela, foram importantíssimas para deixar o time mais leve e tirar um pouco da pressão das costas das jogadoras e da comissão técnica. Por outro lado, é impossível fechar os olhos para as inúmeras chances perdidas durante os noventa e poucos minutos de jogo. Não é exagero nenhum afirmar que o Brasil poderia ter aplicado uma goleada histórica nas Young Matildas sem muitas dificuldades. A Seleção Feminina segue bem na competição, é verdade. Mas o estigma de “inimiga do gol” precisa ficar no passado.

Priscila e Aline Gomes balançaram as redes e colocaram o Brasil com ótimas chances de classificação para as quartas de final da Copa do Mundo Sub-20 Feminina. Elas, Dudinha, Luany, Yaya, Cris, Ana Clara e companhia e ajudaram a equipe de Jonas Urias a construir o resultado contra um dos seus adversários diretos na briga pela classificação. O ponto aqui é compreender que, por mais que estejamos falando de jogadoras em formação (como acontece qualquer outra competição de base). Mas é aí que entra o aprendizado. O futebol é dinâmico e não costuma ser benevolente com equipes que desperdiçam tantas chances assim.

Sobre o jogo deste sábado (13), a Seleção Feminina manteve a estratégia apresentada na partida contra a Espanha. Linhas altas, marcação alta e encaixada e muita velocidade e objetividade nas transições para o ataque. Todo o lance do primeiro gol é uma boa amostra de como a equipe vem compreendendo bem os conceitos apresentados por Jonas Urias. O 4-4-2 se transforma num 4-2-4 mais posicional. Lauren encontra Ana Clara numa bela inversão de bola e a lateral brasileira encontra Rafa Levis na entrada da área. A atacante do Grêmio passa de primeira para Dudinha e esta faz a assistência para Priscila abrir o placar.

A Seleção Feminina jogou num 4-4-2/4-2-4 de muita velocidade nas transições ofensivas. Foto: Reprodução / SBS Sports

Enquanto isso, a Austrália sofria para conter o volume de jogo da Seleção Feminina e fazer a bola chegar na intermediária ofensiva. Se Lauren e Tarciana estiveram sempre bem posicionadas na defesa, Bruninha e Ana Clara presentes no apoio e ajudando na criação das jogadas, precisamos exaltar a grande atuação da dupla de volantes formada por Yaya e Cris. As duas foram fundamentais na marcação, na saída de bola e ainda arriscaram algumas subidas ao ataque. Principalmente Yaya. A jogadora do São Paulo se transformava em mais uma meia atacante quando o Brasil tinha a bola e permitia que Luany e Priscila entrassem mais na área adversária.

Yaya e Cris sobem ao ataque, Dudinha e Aline Gomes abrem o campo e Priscila e Dudinha dão profundidade. Foto: Reprodução / SBS Sports

A Seleção Feminina seguiu mandando e desmandando no jogo e não sofreu nem mesmo quando diminuiu o ritmo e deu mais campo para a Austrália. A rigor, a única chance das Young Matildas foi uma falta cobrada do lado esquerdo que Gabi Barbieri defendeu sem maiores problemas. Os números da partida comprovam a superioridade do escrete comandado por Jonas Urias. Foram incríveis 27 finalizações (com oito indo na direção do gol) com “apenas” 44% de posse de bola. E muito dessa superioridade veio da forma como o time se comporta nos momentos ofensivos. A mobilidade do quarteto ofensivo somado às chegadas de laterais e volantes descomplica muita coisa.

Ana Clara e Yaya se somam ao quarteto ofensivo da Seleção Feminina e ajudam a dar mais volume de jogo. Foto: Reprodução / SBS Sports

Mesmo assim, é preciso acabar de uma vez com o estigma de “inimigas do gol”. Por mais que o time venha jogando bem e mostrando um futebol consistente, a grande verdade é que o nível de exigência dessa Copa do Mundo Sub-20 Feminina vai aumentar consideravelmente a partir da última rodada da fase de grupos. Primeiro pela definição dos classificados para as quartas de final e depois pela margem de erro ainda menor que cada partida vai trazer. E aproveitar as chances criadas é fundamental para que a Seleção Feminina continue sonhando com um título inédito e que pode abrir muitas portas para a modalidade e para as jogadoras aqui e no exterior.

É verdade que estamos falando de jogadoras ainda em formação e isso ajuda a explicar os problemas apresentados nesta humilde análise. Por outro lado, cada jogo e cada situação que ele apresenta é um aprendizado para quem joga, para quem pensa as estratégias e para quem analisa. É por isso que a Seleção Feminina precisa melhorar seu aproveitamento nas chances que cria em cada partida. Não há outro caminho para o sucesso no velho e rude esporte bretão.

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