Vitória sobre o Atlético-GO alivia a crise, mas Santos ainda precisa melhorar em muitos quesitos
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do Peixe e as escolhas de Marcelo Fernandes e Jorginho no jogo deste domingo (10)
Estava mais do que claro que o cenário atual exigia um resultado positivo. Primeiro para acalmar a torcida e depois para amenizar a crise causada pela queda na Copa Sul-Americana (diante do Deportivo Táchira) e da demissão do argentino Fabián Bustos. O Santos fez por onde e jogou o suficiente para vencer o Atlético-GO por 1 a 0 neste domingo (10), com gol marcado por Lucas Barbosa no segundo tempo. No entanto, ao contrário do que o senso comum futebolístico costuma nos dizer, o time da Vila Belmiro foi muito mais empurrado pelo chamado “fato novo” com a troca no comando técnico do que mostrou alguma melhora no seu desempenho dentro de campo. Por mais que Marcelo Fernandes conheça o elenco (principalmente os mais jovens), o Santos ainda precisa melhorar muito se quiser terminar 2022 sem sustos.
É verdade que o time comandado por Marcelo Fernandes começou o jogo disposto a ocupar o campo adversário e explorando bem os lados com as descidas de Madson e Felipe Jonatan. A questão aqui estava na parte mental dos jogadores santistas. A necessidade de se conquistar o resultado positivo e de voltar a vencer na temporada (a última vitória havia sido conquistada no dia 14 de junho contra o Juventude fora de casa) fizeram com que alguns fossem vencidos pela afobação com e sem a bola. Ao mesmo tempo, o Atlético-GO se mantinha na sua zona de conforto (se é que podemos usar essa expressão no futebol), já que o empate na Vila Belmiro era considerado um resultado satisfatório para a equipe de Jorginho.
Todo esse contexto explica um pouco a formação escolhida por Marcelo Fernandes. O treinador interino do Santos apostou num 4-2-3-1 que trazia o veterano Carlos Sánchez como “10” e rodeado por Léo Baptistão, Lucas Braga e Marcos Leonardo. Além deles, Rodrigo Fernández e Vinícius Zanocelo faziam a proteção da última linha. Com Madson e Felipe Jonatan bem espetados (principalmente o camisa 13), o Peixe tentou se impor no campo adversário desde o início da partida deste domingo (10). No entanto, conforme já mencionado anteriormente, o time ainda apresenta sérios problemas na recomposição e alguns jogadores (principalmente os mais jovens) sentiam um pouco o nervosismo.
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O Santos conseguia levar bastante vantagem pelo lado esquerdo com a dupla Lucas Braga e Felipe Jonatan forçando o jogo em cima de Hayner e Wanderson. E nesse ponto, é importante notar que Léo Baptistão se mostrou um tanto desconfortável jogando pelo lado direito e tendo que perseguir o lateral Jefferson. Do outro lado, Jorginho apostava num 4-2-3-1 semelhante ao utilizado por Marcelo Fernandes. O tetracampeão do mundo em 1994 apostou no seu xará jogando mais por dentro, Churín recuando e atraindo a zaga e em Aírton aproveitando bem o espaço que aparecia pelo lado direito de ataque do Atlético-GO. E se o Santos conseguia criar boas oportunidades, o Dragão não ficava atrás. Baralhas comandava o meio-campo com bons passes e boa visão de jogo. E o time goiano sempre levava perigo nos contra-ataques.
Marcelo Fernandes mandou Camacho para o jogo no lugar de um apagado Vinícius Zanocelo logo depois do intervalo. Do outro lado, Jorginho apostou em Luiz Fernando na vaga de Shaylon. E quem começou melhor a segunda etapa foi o Atlético-GO. O Dragão apresentava mais volume de jogo e conseguia levar vantagem na maioria dos duelos no meio-campo muito por conta do cansaço dos jogadores. Principalmente Carlos Sánchez. O veterano uruguaio não vinha jogando e sentiu um pouco o ritmo. Com isso, o ataque santista acabou perdendo um pouco de consistência e a defesa mostrou certa dificuldade para conter os avanços de Luiz Fernando, Aírton, Jefferson e Hayner pelos lados do campo. As entradas de Lucas Barbosa e Bruno Oliveira visavam justamente dar sangue novo e mais velocidade para o Santos nesse momento do jogo.
O gol de Lucas Barbosa (marcado aos 31 minutos da segunda etapa) saiu num momento em que o Atlético-GO estava melhor do que o Santos no jogo. A falha da zaga do Dragão no escanteio cobrado da direita acabaria sendo fatal num momento em que as ações pareciam mais controladas por parte dos visitantes. Jorginho colocou a sua equipe no ataque com as entradas de Léo Pereira, Rickson e Arthur Henrique, mas sem muito sucesso. Faltava ao escrete goiano a intensidade necessária para trabalhar mais a bola e encontrar espaços. Do outro lado, o Santos fazia o básico: congestionava o meio-campo, recuava suas linhas e deixava Bruno Oliveira e Marcos Leonardo jogando às costas dos volantes adversários. Estes dois, inclusive, foram responsáveis por duas grandes chances de gol já nos acréscimos da partida na Vila Belmiro.
Fato é que a vitória conquistada neste domingo (10) traz sim um pouco de tranquilidade para o elenco do Santos e para Marcelo Fernandes iniciar o trabalho de transição no comando técnico da equipe. Mas é preciso deixar duas coisas bem claras. A primeira é que o Peixe tem sim um elenco com peças de qualidade e que pode entregar mais do que vem entregando nessa temporada. E a segunda (e mais óbvia) é que o time como um todo ainda apresenta problemas que precisam ser corrigidos. Não foram poucas as vezes em que Madson e Felipe Jonatan sofreram com os pontas adversários. Ainda que Lucas Braga tenha feito seu papel pelo esquerdo, Léo Baptistão pouco auxiliou pelo seu lado. Falta um pouco dessa coordenação na recomposição defensiva e na pressão pós-perda sempre que o time adversário tem a posse.
É lógico que Marcelo Fernandes não vai conseguir resolver todos os problemas do Santos em poucos dias. Mas é bom que o torcedor do Peixe tenha em mente que a vitória em cima do Atlético-GO não escondeu os problemas da equipe. Por mais que os jogadores tenham respondido bem à eliminação na Copa Sul-Americana e à saída de Fabián Bustos, é preciso entregar mais em campo. Principalmente nesses tempos de “vacas magras” na Vila Belmiro.
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