Home Futebol Vasco tem duas grandes missões para Maurício Souza após derrota na Série B; saiba quais

Vasco tem duas grandes missões para Maurício Souza após derrota na Série B; saiba quais

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota para o Sampaio Corrêa e aponta soluções para os problemas da equipe de São Januário

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A saída repentina de Zé Ricardo e a chegada de Maurício Souza acabaram provocando um choque de filosofias de jogo no Vasco. O primeiro apostava num estilo mais pragmático, com defesa protegida e saída rápida nos contra-ataques. Já o segundo coloca suas fichas numa postura mais propositiva, de toque de bola e um jogo mais “posicional”. Seja como for, o Gigante da Colina vem apresentando problemas na execução e na compreensão dos conceitos do seu novo treinador e este, por sua vez, parece mais preocupado em colocar a sua “assinatura” no time do que em compreender o contexto. A derrota (justíssima) para o Sampaio Corrêa neste sábado (16), pelo Brasileirão da Série B, teve muito desse choque de ideias. E a julgar pela atuação do Vasco, está mais do que evidente que Maurício Souza precisa corrigir muita coisa.

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E começando pelo sistema defensivo. Mas é preciso deixar bem claro que os problemas vão muito além da dupla de zaga. Há no escrete de São Januário uma questão mais profunda e que tem relação direta com a forma como o seu treinador pensa o jogo. E não há nada de errado com esta ou aquela ideia e sim na execução de cada uma delas. E o Vasco ainda apresenta certa dificuldade para assimilar essa nova maneira de jogar com e sem a bola trazida por Maurício Souza. Situação mais do que natural dado o tempo curtíssimo de trabalho do treinador à frente da equipe. A derrota para o Sampaio Corrêa foi apenas o sexto jogo do Vasco sob o seu comando.

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Por outro lado, já houve tempo para que Maurício Souza percebesse que a equipe como um todo ainda está acostumada com o “jeito antigo” e que algumas adaptações precisam ser feitas. O jogo deste sábado (16) mostrou isso com clareza, visto que o Sampaio Corrêa teve uma boa atuação coletiva e explorou muito bem os pontos fracos do seu forte adversário. Vale destacar aqui a consistência do 4-4-2/4-2-4 de Léo Condé com Pimentinha e Ygor Catatau abertos, Gabriel Poveda e Rafael Vila por dentro e as linhas de marcação em bloco médio com uma saída muito rápida pelos lados do campo. Principalmente o direito, onde Anderson Conceição e Edimar não se encontraram.

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O cenário que se apresentava desde o começo da partida deste sábado (17) era o de um Vasco lento na saída de bola e que encontrava sérias dificuldades para acionar o quarteto ofensivo do 4-2-3-1 montado por Maurício Souza. Ainda que a qualidade individual de alguns jogadores (sobretudo Nenê) tenha feito a diferença nos poucos lances de perigo do time na primeira etapa, o que se via era um Sampaio Corrêa ligado em cada lance e fechando muito bem as linhas de passe no meio-campo. A linha de quatro atacantes de Léo Condé bloqueava as saídas pelo chão e os volantes André Luiz e Ferreira (não é meu parente) colavam em Yuri Lara e Matheus Barbosa. Mesmo com Nenê voltando para ajudar na saída de bola, o Vasco simplesmente não conseguia sair do seu campo. E quando a defesa forçava o passe por dentro, o Sampaio Corrêa já fechava a marcação.

Anderson Conceição não tem com quem trabalhar a saída de bola e se vê obrigado a forçar o passe por dentro. O Sampaio Corrêa fechava bem as linhas de passe no meio-campo e encaixou a marcação em cima de Matheus Barbosa e Yuri Lara. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Todo o lance do gol de Poveda nasceu de uma dessas bolas roubadas no meio-campo e da troca de passes no terço final diante de uma defesa completamente desarrumada. E dentre os desfalques do Vasco no jogo deste sábado (16), o mais sentido era o do volante Andrey dos Santos justamente por conta dessa dificuldade do time de Maurício Souza em levar a bola da defesa para o ataque. A ausência da jovem promessa e a tarde/noite ruim de Gabriel Pec, Erick e Raniel só complicou ainda mais as coisas no Castelão (em São Luís). Estava mais do que claro que a equipe pecava demais pela lentidão. E como diria o grande Gentil Cardoso: “Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência”. E isso é básico. Todas as vezes em que o Vasco se movimentou, buscou o espaço vazio e acelerou a troca de passes, o time conseguiu ser perigoso no terço final.

O Vasco sempre encontrou espaços quando acelerou a troca de passes e foi objetivo nas transições. No entanto, o 4-2-3-1 de Maurício Souza não funcionou como o esperado por conta da lentidão e da falta de objetividade do time. Foto: Reprodução / Premiere / GE

O segundo tempo nos mostrou um Vasco ainda mais frágil na defesa e improdutivo no ataque. Isso porque Maurício Souza apostou num 4-3-3 com Juninho no lugar de Nenê (que foi substituído por precaução do Departamento Médico) e mandou Danilo Boza para o jogo no lugar de Anderson Conceição (talvez por conta do capitão vascaíno estar “amarelado”). Mas pouca coisa mudou. Mesmo com três volantes, o Gigante da Colina seguia muito espaçado e abusando da lentidão na saída de bola. Impossível não concluir que os dois gols de Ygor Catatau no segundo tempo nasceram de falhas gritantes do sistema defensivo do Vasco. Ao mesmo tempo, as entradas de MT, Riquelme e Luiz Henrique pouco acrescentaram. Na prática, o time só conseguiu ser mais produtivo quando o Sampaio Corrêa diminuiu o ritmo por alguns poucos minutos no Castelão.

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Juninho, Luís Henrique e Yuri Lara formaram a trinca de volantes do 4-3-3 de Maurício Souza no segundo tempo, mas o Vasco seguiu cometendo os mesmos erros. A zaga seguia exposta e a saída de bola continuava lenta demais. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Está mais do que claro para este que escreve que as grandes missões de Maurício Souza no Vasco têm relação direta com a recuperação da consistência defensiva dos tempos de Zé Ricardo (e talvez da adoção de uma postura mais reativa e menos propositiva) e com a melhora da produção ofensiva do time. A dependência de Nenê e a queda brusca no desempenho da equipe quando existe a necessidade de se propor o jogo são problemas que precisam de correção com uma certa urgência. Por mais que a equipe de São Januário tenha conquistado uma pequena “gordura” no G4 da Série B, a grande verdade é que as últimas atuações (ainda que façam parte do contexto da chegada de Maurício Souza no clube) nos mostram que, ao contrário do que alguns torcedores pensavam, o Vasco ainda precisa acertar muita coisa em todos os setores.

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É bem possível que Alex Teixeira consiga melhorar o desempenho do setor ofensivo. Mas ainda não resolve todos os problemas da equipe. Seis jogos é um recorte extremamente pequeno para se fazer avaliações mais profundas, mas está mais do que claro que Maurício Souza precisa de ajustes mais finos em todos os setores se quiser atingir o principal objetivo do clube no ano que é o acesso para a elite do Brasileirão.

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