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Vitória na Supercopa da Inglaterra é uma boa amostra do enorme potencial do Liverpool

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Jürgen Klopp e a vitória sobre o Manchester City

Por Luiz Ferreira em 31/07/2022 13:03 - Atualizado há 10 meses

É meio complicado fazer previsões sobre a temporada de uma determinada equipe tomando-se por base apenas um único jogo. Nem muito chega a ser prudente basear qualquer análise num contexto como esse. Por outro lado, torneios como a Supercopa da Inglaterra nos ajudam a entender o tamanho do potencial de cada clube envolvido e até onde cada um deles pode chegar. Diante disso, não é exagero nenhum afirmar que o Liverpool de Jürgen Klopp inicia a temporada prometendo ir bem longe (tal como em anos anteriores). Não somente pela vitória justa e incontestável sobre o Manchester City de Pep Guardiola, De Bruyne e Haaland, mas pela forma como Henderson, Fabinho, Salah, Thiago Alcântara e Darwin Núñez construíram o resultado neste sábado (30). Uma atuação de quem quer logo deixar uma boa impressão.

Era natural que as atenções de todos os presentes no King Power Stadium (em Leicester) estivessem nas estreias oficiais dos recém-contratados por Liverpool e Manchester City. Se Haaland pinta como a grande solução dos problemas ofensivos do time de Pep Guardiola, Darwin Núñez chega para complementar o 4-3-3 costumeiro de Jürgen Klopp com muita movimentação, faro de gol e objetividade. A opção do treinador almeão, no entanto, foi pela entrada de Firmino no comando de ataque junto a Salah e Luis Díaz. Do outro lado, os Citzens entravam em campo com a sua principal contratação em algo próximo de um 4-2-3-1, visto que De Bruyne se comportava mais como um “10” do que como um volante dentro de um 4-3-3. Mahrez e Grealish ficavam pelos lados e Bernardo Silva dava o tom na saída de bola.

Formação inicial dos dois times no King Power Stadium. Haaland era a referência ofensiva do 4-2-3-1 de Pep Guardiola e Darwin Núñez viu Firmino assumir o comando de ataque no 4-3-3 de Jürgen Klopp.

Mas é preciso dizer que o Liverpool começou o jogo se impondo através da postura agressiva e intensa que eu e você conhecemos bem. Às vezes, Alexander-Arnold e Robertson deixam a sensação de que os dois são os principais armadores do Liverpool por conta do número de vezes em que a bola passa pelos pés dos laterais dos Reds. Seja jogando por dentro ou aparecendo na linha de fundo, ambos possuem papel fundamental no esquema tático de Jürgen Klopp. Além disso, Thiago Alcântara nos presenteou com a classe de sempre na organização das jogadas e na distribuição dos passes. E isso sem mencionar o papel tático exercido por Salah. Mesmo quando Darwin Núñez entrou no time (já no segundo tempo) ele se manteve como o jogador mais avançado do Liverpool e quase levou Rodri, Aké e João Cancelo à loucura.

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Mesmo assim, parecia que a partida estava desenhada para a entrada do uruguaio. Principalmente pelo posicionamento de Firmino, menos “camisa 10” e mais centroavante de fato nessa primeira etapa. Do outro lado, o Manchester City encontrava certa dificuldade para conter os avanços do seu adversário mesmo se fechando com duas linhas com quatro jogadores. Isso porque a impressão que ficava era a de que o escrete comandado por Pep Guardiola ainda parecia preso e sem exercer a famosa pressão pós-perda tão característica dos times do treinador espanhol. Não foi por acaso que Alexander-Arnold teve tanta liberdade para receber a bola na entrada da área e abrir o placar em bela finalização (que desviou em Aké antes de morrer nas redes de Ederson). O Manchester City parecia mais preso do que o normal.

Salah recebe a bola na direita enquanto todo o time do Manchester City se organiza para defender a baliza. Alexander-Arnold aparece na entrada da área com total liberdade. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Conforme mencionado anteriormente, a primeira impressão NÃO É A QUE FICA no futebol. Mesmo assim, essa certa inércia (se é que podemos usar essa palavra) do Manchester City contrastava com a volúpia e intensidade do Liverpool. Mesmo nas poucas chances que criou na primeira etapa (em chutes de Mahrez e De Bruyne), estava claro que o time de Pep Guardiola precisava demais de jogadores que dessem a movimentação que os Citzens tanto precisavam. As entradas de Phil Foden e Julián Álvarez tinham justamente esse objetivo claro. Não foi por acaso que o gol de honra do atual campeão da Premier League nasceu de uma jogada envolvendo diretamente os dois atletas que vieram do banco de reservas. E vale destacar a atuação de Bernardo Silva. Mesmo sem aparecer tanto, o português fez de tudo no meio-campo.

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Só que o Liverpool tinha Darwin Núñez. O uruguaio entrou no lugar de Firmino e ajudou a bagunçar ainda mais a última linha de defesa do Manchester City ao dar profundidade e sempre arrastar pelo menos um zagueiro adversário na movimentação ofensiva. O camisa 27 foi importante no lance do gol marcado por Salah e ainda deixou o seu após belo contra-ataque puxado pelo egípcio sempre executando os movimentos descritos acima. E não é difícil concluir que o jogador uruguaio tem as características perfeitas para se transformar no “homem-gol” que Jürgen Klopp procurou por tanto tempo. Se Salah recebe a bola e corta para a esquerda buscando o cruzamento, Darwin Núñez, Robertson, Fábio Carvalho e Curtis Jones aparecem dentro da área como opção de passe com movimentos bem coordenados.

Salah recebe na direita, Robertson ataca as costas de Walker e Darwin Núñez aparece no espaço vazio. O atacante uruguaio entrou bem e mostrou para Klopp que pode ser muito útil. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Notem que toda a construção do terceiro gol do Liverpool nos mostrou uma equipe que conseguiu criar superioridade numérica na entrada da área do Manchester City. No entanto, por mais que o time de Pep Guardiola estivesse bem abaixo daquilo que se esperava (principalmente Haaland, que parecia nervoso em alguns momentos), o Liverpool deixa a impressão de que vai partir em busca de todos os títulos possíveis mais uma vez. Fora isso, Darwin Núñez mostrou que pode sim ser muito útil, substituir Sadio Mané à altura (mesmo que jogando de maneira um pouco diferente do senegalês) e se encaixar como uma luva no ataque dos Reds. Suas características “casam” bem com o futebol jogado por Salah, Luis Díaz e Thiago Alcântara. É o tipo de contratação que tem tudo para dar muito certo no Liverpool.

Diante de tudo isso, fica a certeza de que o potencial desse time é gigantesco. Jürgen Klopp também parece ter aprendido com as derrotas da temporada passada e vem buscando alternativas. Não é difícil imaginar Firmino ganhando mais minutos como um “10” que joga atrás dos atacantes, por exemplo. Ou Henrderson mais ponta de lança do que volante. Certo é que o Liverpool já “chegou chegando” com o título da Supercopa da Inglaterra. O ano tem tudo para sr repleto de alegrias para o torcedor dos Reds.

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