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Home Futebol Copa do Mundo: 1º gol da história completa 92 anos hoje; conheça o autor e a partida desta façanha

Copa do Mundo: 1º gol da história completa 92 anos hoje; conheça o autor e a partida desta façanha

Após profundas pesquisas por parte da Fifa, Lucien Laurent foi reconhecido como o autor somente 40 anos depois do acontecimento

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Às 15h de uma data como esta, 13 de julho, as seleções de França e México entravam para a história do futebol. O acanhado e extinto estádio Pocitos teve a honra de receber o primeiro gol de uma Copa do Mundo. Lucien Laurent, meia francês, foi o responsável por inaugurar o placar daquele mundial realizado no Uruguai, em 1930.

Além deste feito, o duelo entre França e México reservou outros acontecimentos para os anais dos mundiais.

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Curiosamente, no mesmo dia e horário ocorria o duelo entre Estados Unidos e Bélgica, abrigado no estádio Parque Central, campo do Nacional. Sendo assim, esta é a única vez na história em que dois jogos foram disputados simultaneamente em estreia de uma edição da competição.

A partida registrou o menor público em abertura de uma Copa do Mundo. Somente 4.444 pessoas compareceram ao estádio Pocitos, casa do Peñarol naquela época.

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Houve ainda o primeiro abandono de campo por lesão. Como a substituição ainda não estava instituída no futebol, os franceses suportaram o restante do tempo regulamentar com dez atletas.

Por fim, houve presença brasileira naquele célebre dia. Gilberto de Almeida Rêgo, árbitro e membro da delegação da seleção, participou como segundo assistente de arbitragem. O uruguaio Domingo Lombardi foi designado para conduzir o jogo.

Titulares da seleção francesa em 1930; Lucien Laurent é o segundo agachado da direita para esquerda / Foto: fifa.com

Seleção francesa estreou na véspera de comemoração de data relevante para o país

A estreia da França ocorreu na véspera do aniversário de 141 anos da Queda da Bastilha, um acontecimento histórico que desencadeou a Revolução Francesa, em 1789. Os jogadores comemoraram a data da melhor maneira possível em campo, com uma goleada por 4 a 1 sobre o México.

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O jogo

Pressionando o adversário desde o início, o tento francês era cada vez mais iminente. E, realmente, não tardou a acontecer. Logo aos 19 minutos, surgiu o primeiro gol da história de uma Copa do Mundo. O autor do feito foi o meia-esquerda Lucien Laurent.

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O lance iniciou pelos pés de Chantrel, que recuperou uma jogada no meio de campo. Ernest Libérati recebeu o passe do companheiro, driblou um oponente pelo lado esquerdo e cruzou rasteiro na área. Manuel Rosas, zagueiro adversário, furou ao tentar cortar o lance. A bola sobrou limpa e Lucien Laurent desferiu um chute à meia altura no canto esquerdo, sem dar chances para o goleiro Oscar Bonfiglio.

Alex Thépot, goleiro francês, foi elemento de outro fato inédito. Ao chocar-se com o atacante adversário Nicho Mejía, aos 26 minutos, sofreu uma contusão. Sem condições de prosseguir em campo, Thépot precisou deixar a partida. Chantrel, centro-médio responsável pela assistência do primeiro gol, teve de ser deslocado para a posição. Apesar da desvantagem numérica e do arqueiro improvisado, a seleção europeia não abriu mão do ataque diante dos mexicanos.

Langiller recebeu uma assistência de Maschinot aos 40 e aumentou o placar com um chute cruzado no canto esquerdo de Bonfiglio. Dois minutos depois foi a vez de Maschinot balançar as redes, ampliando a vantagem para 3 a 0 na ida ao intervalo.

Carreño, de dentro da área, descontou para o México aos 23 da segunda etapa. Repetindo o estilo do primeiro e segundo gols, a França fechou o marcador aos 41 com o segundo tento de Maschinot, destaque da partida com dois gols e uma assistência.

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Esta foi a única vitória francesa na competição, eliminada ainda na fase de grupos após derrotas contra Argentina e Chile, ambas por 1 a 0.

Façanha de Laurent demorou 40 anos para ser eternizada

Os registros escassos de imagens fotográficas, audiovisuais e de relatos em jornais dificultaram o trabalho da Fifa em contar algumas histórias sobre a primeira edição da Copa do Mundo. Novas descobertas surgiram ao longo dos anos, entre elas a autoria oficial do gol inaugural. Anteriormente, Bart McGhee era o detentor do feito. O atacante dos Estados Unidos deu números iniciais à goleada de 3 a 0 de sua seleção sobre a Bélgica aos 23 minutos de jogo.

Entretanto, após pesquisas minuciosas e consultas às súmulas das partidas de 1930, houve uma importante mudança: a entidade máxima do futebol constatou que Lucien Laurent abriu o placar da seleção francesa diante dos mexicanos aos 19. Ou seja, quatro minutos antes de McGhee.

Portanto, a Fifa decretou oficialmente, em 1970, Lucien Laurent como o autor do primeiro gol da história das Copas.

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Obviamente desconhecendo o tamanho do feito na época, o francês relembrou a discreta comemoração, com direito a apertos de mão, em uma entrevista ao site da Fifa em 1998: “Todos ficamos satisfeitos com o gol, mas não rolamos no chão por causa disso. Ninguém percebeu que a história estava sendo escrita. Demos um aperto de mão e continuamos o jogo. E não ganhamos nenhum bônus por isso. Éramos amadores do início ao fim”.

20 anos após o reconhecimento do histórico gol, a organização da Copa do Mundo de 1990, realizada na Itália, convidou o ex-jogador para homenageá-lo com um jantar de gala.

Lucien Laurent segurando uma réplica da bola de 1930 / Foto: fifa.com

A carreira de Lucien Laurent

Nascido no dia 10 de dezembro de 1907 na comuna de Saint-Maur-Des-Fossés, próximo à Paris, Lucien Laurent foi um modesto meia-esquerda. Incluindo os dois jogos do mundial de 1930 e um amistoso contra o Brasil logo após o término da competição, somou 10 jogos e dois gols pelo quadro nacional. Além de balançar as redes contra o México pela Copa do Mundo, deixou sua marca também em um amistoso contra a Inglaterra, em 1931, naquela que foi a primeira vitória francesa sobre o “English Team”, pelo placar de 5 a 2.

Atuou por sete clubes franceses: CA Paris (1921-1930 e 1933-1934), Sochaux (1930-1932 e 1935-1936), Club Français (1932-1933), Mulhouse (1934-1945), Stade Rennes (1936-1937), RC Estrasburgo (1937-1939) e Besançon (1943-1946).

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Selecionado por seu desempenho pelo Cerque Athlétique de Paris-Charenton, ou simplesmente CA Paris, transferiu-se para o Sochaux pouco tempo antes de embarcar rumo ao Uruguai. O clube, sediado em Montbeliárd, foi fundado em 1928 por membros da empresa automobilística Peugeot, onde ele trabalhava juntamente dos companheiros de seleção, seu irmão Jean Laurent, Andre Maschinot e Etienne Mattler.

Atuando no amadorismo desde o começo da carreira, Laurent tornou-se jogador profissional em 1933 e foi novamente convocado para uma Copa do Mundo. Desta vez, precisou ser cortado devido a uma lesão e não participou da edição de 1934, na Itália.

Após passagens por Stade Rennes e RC Estrasburgo, rumou à cidade de Besançon e se aposentou pelo clube homônimo, em 1946. Posteriormente, foi técnico de times amadores do município até 1950, quando, a partir dali, abriu um bar e conciliou a administração do estabelecimento ao treinamento de jovens jogadores.

Do drama da guerra ao título de seu país

Somando as duas passagens, o meia atuou por 10 temporadas pelo CA Paris / Foto: reprodução

Laurent precisou pausar a carreira para integrar o exército francês durante a Segunda Guerra Mundial, sendo, inclusive, capturado e enviado por nazistas a campos de trabalhos forçados. O tenebroso capítulo durou de 1940 a 1943, quando foi liberado e retornou à França.

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Já seu companheiro de equipe e capitão da seleção francesa de 1930, Alexandre Villaplane, optou por seguir o lado oposto do confronto bélico. Descoberto, Villaplane foi condenado ao fuzilamento em 1945 sob a acusação de colaborar com os nazistas.

Em 1998, durante a Copa do Mundo disputada em seu país natal, Laurent era constantemente requisitado a falar sobre seu feito e contar histórias não somente do mundial, como também das aventuras durante o trajeto à bordo do navio SS Conte Verde, utilizado como transporte da seleção francesa até o Uruguai.

Único sobrevivente daquela equipe de 1930, pôde testemunhar, na época, o inédito título mundial conquistado por Zidane, Deschamps, Barthez e companhia sobre a seleção brasileira.

Aos 97 anos, Lucien Laurent faleceu no dia 11 de abril de 2005, na cidade de Besançon. 

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