Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES.COM sabe muito bem que este que escreve deixou bem claro que o Brasil vai enfrentar adversários de muita qualidade logo na fase de grupos da Copa do Mundo. Um deles é a Sérvia. A equipe possui jogadores de raro talento e mostrou sua força ao superar a forte seleção de Portugal em Lisboa no jogo que colocou as “Águias Brancas” no Mundial do Catar. Nesta quinta-feira (9), em partida válida pela terceira rodada da Liga das Nações da UEFA, o escrete comandado por Dragan Stojković venceu a Suécia fora de casa e mostrou um repertório interessante de jogadas mesmo sem contar com Dušan Vlahović (lesionado) e Aleksandar Mitrović (suspenso). Caberia a Luka Jović (jogador do Real Madrid) marcar o gol que deu a vitória para a Sérvia no finalzinho do primeiro tempo em Solna.
Quem é está faixa dos quarenta e poucos anos se lembra muito bem da seleção da antiga Iugoslávia e de tantos jogadores que fizeram sucesso no futebol do velho continente. Darko Pančev, Dejan Savićević, Robert Prosinečki, Predrag Mijatović fazem parte de uma geração que deu muitas alegrias aos torcedores do Milan, do Real Madrid, do Olympique de Marselha, da Internazionale e de tantas outras grandes equipes nos anos 1990 e 2000. Dragan Stojković fez parte desse e coloca um pouco do futebol de toques rápidos e velocidade na seleção da Sérvia. A maneira como as “Águias Brancas” se comportam em campo traz muito da equipe que chegou às quartas de final da Copa do mundo de 1990.
Isso porque a equipe que venceu a Suécia nesta quinta-feira (9) na Freinds Arena (localizada em Solna, cidade próxima da capital Estocolmo) também possui jogadores de raro talento e que já conquistaram seu espaço em grandes equipes da Europa. O capitão Dušan Tadić é o grande nome do Ajax e já despertou o interesse de gigantes como o Manchester United. Sergej Milinković-Savić (volante de muita qualidade no passe) é o destaque da Lazio. E o volante Nemanja Gudelj e o goleiro Marko Dmitrović jogam no Sevilla. Estamos falando de ligas nacionais altamente competitivas e que de clubes que jogam frequentemente contra equipes mais tradicionais e que marcam presença na Liga dos Campeões e na Liga Europa.
Sobre a partida contra a Suécia, o técnico Dragan Stojković apostou num esquema com três zagueiros (uma das suas marcas no comando das “Águias Brancas”), dois alas bastante ofensivos, dois volantes de bom trato com a bola e três atacantes móveis na frente. Em números, um 3-4-2-1 que pode variar para um 3-4-1-2 em determinados momentos. Meia do Ajax, Tadić se comporta com uma espécie de “enganche” e busca a entrelinha adversária para que Jović e Filip Đuričić (meio-campo do Sassuolo) pudessem atacar os espaços na última linha. Defensor do Werder Bremen, Miloš Veljković sempre inicia as jogadas numa “saída de três” já no campo de ataque. Nesse ponto, é preciso deixar bem claro que a Sérvia é o tipo de equipe que gosta de propor o jogo. E isso foi facilmente percebido na partida realizada nesta quinta-feira (9).
O volante Sergej Milinković-Savić é o cérebro da equipe, o principal responsável por fazer a bola chegar com qualidade no ataque. Além de ter muita qualidade no passe, costuma pisar na área e já mostrou bom futebol jogando um pouco mais avançado. Contra a Suécia, jogou um pouco mais recuado, mas não deixou de mostrar seu talento. Em alguns momentos da partida desta quinta-feira (9), Nemanja Gudelj guardou mais sua posição para que o volante da Lazio pudesse se transformar em meia de criação das jogadas. Aliás, a maneira como a Sérvia manipulava os espaços por dentro merece atenção. Justamente por conta dessa subida de Sergej Milinković-Savić ao ataque e nas trocas de posição com Tadić. Não foram poucas as vezes em que o escrete de Dragan Stojković conseguiu empurrar a Suécia para trás.
Apesar das boas trocas de passe no setor ofensivo, a Sérvia só conseguiu abrir o placar na bola aérea. Luka Jović aproveitou bola escorada para o meio da área após cobrança de escanteio da esquerda e balançou as redes do goleiro Robin Olsen aos 47 minutos da primeira etapa. Com o cenário favorável, o técnico Dragan Stojković recuou as linhas da sua equipe para aproveitar os espaços no campo de defesa da Suécia. No entanto, as “Águias Brancas” mostraram alguns problemas quando foram pressionadas. Principalmente entre o meio-campo e a linha de cinco defensores, onde o volante Jens Cajuste encontrava buracos enormes e conseguia receber a bola com certa liberdade. Fosse o escrete comandado por Jan Andersson um pouco mais eficiente, as coisas poderiam ter se complicado de verdade para a Sérvia.
Ainda que não venha apresentando um futebol vistoso e superando adversários do primeiro escalão mundial, a Sérvia é o tipo de adversário que merece muito respeito do Brasil nessa Copa do Mundo por alguns motivos bem simples. É uma equipe muito mais experiente do que em 2018 (na Rússia). Seus principais jogadores disputam ligas fortes e marcam presença em competições onde o nível exigido é altíssimo. Além disso, as “Águias Brancas” parecem muito mais cientes das suas possibilidades do que há quatro anos e prometem causar problemas para a Seleção Brasileira logo na estreia das duas equipes na Copa do Mundo. Principalmente nas bolas lançadas às costas da defesa e na velocidade de seus principais atletas. Notem mais uma vez que a Sérvia venceu a Suécia sem Dušan Vlahović, seu principal jogador.
A equipe de Dragan Stojković pode não ser nenhum “bicho-papão” e não ter a qualidade de uma Alemanha ou de uma Argentina. Mas fato é que o time dos Balcãs chega muito mais forte no Mundial do Catar. Não esperam a mesma facilidade da vitória por dois a zero na última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo passada. A Sérvia mostrou suas qualidades mais de uma vez, tem um bom repertório de jogadas e tem todas as condições de ir longe. Não será surpresa se dificultarem bastante a vida do Brasil no final do ano.