O fato deste colunista ser fã declarado do técnico Abel Ferreira não é novidade pra ninguém. O bicampeonato da Libertadores e as últimas conquistas falam por si só e mostram muito bem o que é esse Palmeiras. Uma equipe intensa, altamente concentrada e bastante regular. Esse último ponto ajuda a explicar a posição do clube na tabela do Campeonato Brasileiro com os dezenove pontos conquistados em dez rodadas. A goleada sobre o Botafogo nesta quinta-feira (9), no Allianz Parque, ajuda a comprovar essa tese e a excelência do trabalho realizado por Abel Ferreira. Não é exagero nenhum afirmar que o Palmeiras é o melhor time do Brasil atualmente e que ele está pelo menos um patamar acima de Atlético-MG, Corinthians e Flamengo na briga pelo título nacional. Alguém aí ainda ousa duvidar desse time?
É verdade que o empate sem gols contra o Atlético-MG foi marcado pela postura mais cautelosa e que os retornos de Weverton e Danilo (que estavam com a Seleção Brasileira) ajudaram bastante na vitória sobre o Botafogo. No entanto, as atuações do Palmeiras nessa temporada sempre nos apresentam uma equipe bastante coesa, consistente e altamente entrosada com as ideias do seu treinador. Abel Ferreira vai completar dois anos no comando do escrete alviverde e mostrou seu vasto repertório tático várias e várias vezes. Só em 2022 vimos grandes jogos na final do Mundial de Clubes da FIFA, na Recopa Sul-Americana e na final do Campeonato Paulista.
Mas o Palmeiras não é uma equipe invencível e o próprio Abel Ferreira fez questão de deixar isso bem claro na entrevista concedida após a partida desta quinta-feira (9). Aliás, ele e o compatriota Luís Castro fizeram questão de colocar o dedo na ferida mais uma vez e criticar o calendário insano e cruel do nosso futebol. A cobrança por equipes competitivas num país que privilegia apenas o resultado e que é conhecido por moer treinadores a cada sequência ruim é algo que precisa sim ser questionado. Ainda mais sabendo que Abel e outros treinadores na “crista da onda” serão criticados na primeira sequência ruim das suas equipes na temporada.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJTTjZ1STZzSSIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]
Talvez o grande mérito de Abel Ferreira tenha sido a manutenção de uma linha de pensamento muito claro num Palmeiras cada vez mais comprometido com a execução de todos os conceitos trabalhados por ele nos treinamentos. E falando da partida contra o Botafogo em si, o que se viu nesta quinta-feira (9) foi uma equipe muito consistente, vertical e muito inteligente na ocupação dos espaços. Rony e Gabriel Veron se revezavam por dentro e no lado esquerdo e aproveitavam muito bem os espaços que Saravia deixava às suas costas. Gustavo Scarpa fazia a função que é de Raphael Veiga e buscava mais o jogo com Dudu. O 4-2-3-1 de Abel Ferreira se transformava num 4-2-4 em determinados momentos e ganhava muito volume de jogo com as chegadas de Zé Rafael e Danilo por dentro e Piquerez e Marcos Rocha pelos lados do campo.
A consequência desse estilo mais vertical era um Palmeiras intenso na movimentação e muito agressivo nas transições ofensivas. Por mais que o Botafogo tenha concedido espaços demais e afrouxado demais a marcação, o time de Abel Ferreira manteve o volume de jogo na estratosfera e abriu logo três gols de vantagem em pouco mais de trinta minutos de partida no Allianz Parque. Gustavo Scarpa lembrava um autêntico ponta de lança ao pisar na área e aproveitar os espaços abertos pela movimentação de Rony, Dudu e Gabriel Veron. Enquanto isso, o Glorioso tentava se fechar na defesa do jeito que era possível apesar das verdadeiras crateras que existiam entre o meio-campo e a última linha. Mas é preciso deixar bem claro que o Palmeiras teve todos os méritos na goleada apesar da noite ruim do seu adversário.
O que se viu durante todo o jogo no Allianz Parque foi um Palmeiras intenso e altamente concentrado que amassava um Botafogo apático e sem o espírito de competitividade tão pedido por Luís Castro. Não foi por acaso que o Glorioso se transformou em presa fácil para o escrete comandado por Abel Ferreira. Mesmo jogando num bloco mais baixo, o Verdão seguia intenso, explorando muito bem o campo que tinha à sua frente e vencendo os duelos físicos com uma certa facilidade. Por mais que Vinícius Lopes e Lucas Fernandes tentassem, o ataque alvinegro sempre encontrava pelo menos dois palmeirenses prontos para pressionar e retomar a posse da bola. Isso porque o Palmeiras sempre esteve bem posicionado defensivamente e com as perseguições curtas bem encaixadas no campo de defesa.
O Botafogo conseguiu melhorar sua produção ofensiva no segundo tempo após as mexidas de Luís Castro e a diminuição do ritmo imposto pelo Palmeiras. Mesmo assim, a sensação que ficava era a de que o escrete comandado por Abel Ferreira poderia ampliar a vantagem no marcador a qualquer momento. Com o jogo controlado, o atacante Wesley marcou o gol mais bonito da noite depois de uma série de pedaladas na frente de Daniel Borges. Diante de mais uma grande atuação coletiva, é possível dizer sim que esse elenco (mesmo com as últimas conquistas) ainda demonstra fome de vitórias e de títulos. E manter a regularidade num Campeonato Brasileiro marcado por oscilações é meio caminho andado para se manter no topo da tabela. Vale lembrar que o time não perde desde a primeira rodada da competição.
Enquanto ainda não conta com os reforços do setor ofensivo (José López e Merentiel), Abel Ferreira vai mantendo sua linha de pensamento e potencializando o talento de um elenco não muito badalado, mas que está altamente comprometido com seus conceitos de jogo. Rony, Gustavo Scarpa, Danilo, Piquerez e o jovem Gabriel Veron são as provas reais dessa evolução no jogo do Palmeiras. A campanha na temporada fala por si só.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJqY0hUVWoxTSIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]