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Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a partida deste domingo (5) e as escolhas de Patrícia Gusmão e Maurício Salgado
Antes de mais nada, é preciso dizer que Internacional e Grêmio poderiam ter apresentado um futebol de muito mais qualidade se não fossem as péssimas condições do gramado do Estádio Antônio Vieira Ramos (o “Vieirão”), em Gravataí. Difícil entender o discurso de valorização da modalidade defendido pela CBF quando nos deparamos com esse tipo de estrutura oferecida para nossas jogadoras nesse Brasileirão Feminino. Dito isto, também precisamos dizer que o Internacional comprovou sua ótima fase mais uma vez. A vitória sobre o Grêmio foi construída na base da inteligência, do volume de jogo da equipe comandada pelo técnico Maurício Salgado e através das grandes atuações da goleira Gabi Barbieri e da meio-campista Duda, ambas fundamentais no resultado conquistado em cima do maior rival.
Do outro lado, o Grêmio de Patrícia Gusmão apresentava os mesmos problemas notados e discutidos nesta coluna em outras oportunidades. Por mais que se exija bom desempenho coletivo das Gurias Gremistas, a falta de peças de reposição no elenco é gritante e algumas jogadoras demonstravam estar nervosas demais desde o apito inicial em Gravataí. Fora isso, o Tricolor Gaúcho encontrava muitas dificuldades para conter o jogo mais físico e mais direto do Internacional. Ainda mais conhecendo os constantes “apagões” do sistema defensivo. Exatamente como aconteceu no gol marcado por Duda (a melhor em campo na opinião deste que escreve) aos sete minutos do primeiro tempo em Gravataí.
A superioridade das Gurias Coloradas pode ser explicada através da formação escolhida por Maurício Salgado. Um 4-3-3/4-1-4-1 que Fabi Simões, Millene e Lelê trocando de posição a todo momento no terço final, Belinha e Eskerdinha aparecendo no ataque com bastante frequência e uma trinca de volantes de bastante força na marcação e qualidade com a bola no pé. Capelinha e Maiara Lisboa ficavam um pouco mais e permitiam que Duda pisasse um pouco mais na área do Grêmio para finalizar a gol ou distribuir passes decisivos com vem fazendo ao longo das partidas desse Brasileirão Feminino. A camisa 10 se comportava como ponta de lança e volante dependendo do que o jogo pedisse sempre com muita eficiência.
É interessante notar que o 4-2-3-1 preferido de Patrícia Gusmão só conseguia levar a bola ao ataque quando Karla Alves se aproximava mais de Cássia, Caty e Luany. O problema estava um pouco mais atrás. Tchula e Jessica Peña sofreram demais com a pressão que as Gurias Coloradas faziam no meio-campo e foram pouco efetivas na construção das jogadas ofensivas. E por mais que Jéssica Soares apoiasse pela esquerda, Fabi Simões, Maiara Lisoba ou Lelê estavam atentas para fechar o setor. E sempre que uma das volantes coloradas saltava para a pressão, Duda se posicionava para fazer a cobertura jogando até mesmo como uma “camisa 5” de ofício dependendo da situação. Foi dessa maneira que o Internacional conseguiu controlar bem o jogo no primeiro tempo, encaixar a marcação em cima do Grêmio e armar os contra-ataques.
Fabi Simões e Duda pararam na goleira Lorena e na trave num segundo tempo em que as Gurias Coloradas baixaram um pouco as suas linhas para aproveitar os espaços nos contra-ataques. Mesmo assim, o Grêmio cresceu de produção com as entradas de Dani Ortolan, Rafa Levis e Gabizinha e começou a se arriscar mais no campo ofensivo. E foi aí que o escrete comandado por Maurício Salgado sentiu um pouco o volume de jogo do Tricolor Gaúcho. Não foi por acaso que toda a jogada do gol marcado por Cássia tenha sido nascido de belo passe de Luany para Rafa Levis nas costas de Belinha (num dos muitos botes errados da defesa das Gurias Coloradas no segundo tempo). Ficou claro que a recomposição defensiva e as tomadas de decisão das jogadoras no setor são problemas que precisam de uma solução mais rápida no Internacional.
Se Patrícia Gusmão havia melhorado sua equipe com as substituições, o mesmo não se pode dizer de Maurício Salgado. O treinador do Internacional recuou demais a sua equipe após o gol de Cássia e teve que contar com a trave e Gabi Barbieri para garantir a vitória (importantíssima) sobre o grande rival. Aliás, a goleira das Gurias Coloradas se transformou na grande heroína da partida deste domingo (5) com depois de defender finalização de Dani Ortolan dentro da área no último minuto de partida. Mesmo sem ser tão exigida como Lorena foi, Gabi Barbieri é mais uma grande notícia num Internacional que vem colhendo os frutos do trabalho bem feito pela comissão técnica. Se o time colorado tem a melhor defesa do Brasileirão Feminino (apenas sete gols sofridos), muito se deve às grandes atuações da sua camisa 1 nessas últimas semanas.
O Internacional subiu para a segunda posição da tabela do Brasileirão Feminino e praticamente se consolidou na briga pelas primeiras posições. O time de Maurício Salgado alia força física, experiência e velocidade e conta com nomes fortes para tentar quebrar a hegemonia dos clubes de São Paulo na competição nacional. E a vitória sobre o grande rival (com grandes atuações de Duda e Gabi Barbieri) traz também a certeza de que as Gurias Coloradas estão no caminho certo.
