Fortaleza encontra na vitória sobre o América-MG a receita para se livrar do calvário
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Juan Vojvoda e Vagner Mancini e as polêmicas da partida deste domingo (19)
É verdade que os três pontos conquistados na vitória suada sobre o América-MG são muito mais importantes do que a atuação coletiva do Fortaleza em si. Na prática, eu e você vimos uma equipe aguerrida, comprometida com as ideias de Juan Pablo Vojvoda e que usou as armas que tinha para vencer o time comandado por Vagner Mancini. E o os torcedores do Coelho que perdoem este que escreve. O jogo deste domingo (19) nos mostrou que o Leão do Pici mereceu sim vencer, apesar de todas as decisões altamente questionáveis de Leandro Vuaden. Difícil entender a decisão do árbitro ao não marcar a penalidade de Titi, em cima de Germán Conti, e ver o lance como uma “dividida normal”. Mesmo assim, o Fortaleza foi mais time. E é possível dizer que o time encontrou o caminho para sair das últimas posições do Brasileirão.
Isso porque os últimos dias foram bastante difíceis lá pelos lados do Leão do Pici. A forte pressão por bons resultados e a agressão sofrida pelo atacante Robson após a derrota para o Avaí deixaram o ambiente ainda mais pesado no clube e fizeram com que Juan Vojvoda pedisse o apoio da torcida após o último treinamento da sua equipe. Tanto que não foi por acaso que alguns jogadores mostraram um certo nervosismo assim que a bola rolou na Arena Castelão. Aos poucos, no entanto, o Fortaleza foi se impondo em campo e explorando bem os problemas do América-MG. Principalmente no espaço que Raul Cáceres e Danilo Avelar deixavam às suas costas e nos buracos que encontrava no campo ofensivo.
O nervosismo já mencionado anteriormente fez com que Lucas Lima, Juninho Capixaba e Silvio Romero desperdiçassem boas chances de abrir o placar. Já o escrete comandado por Vagner Mancini guardava mais as suas linhas para explorar os contra-ataques com bolas longas para Aloísio, Felipe Azevedo, Everaldo e Marlon Lopes. Muito pouco para um time que teve tanto campo para aproveitar e que falhou constantemente na defesa. Principalmente no lado esquerdo, onde Danilo Avelar se transformou em presa fácil para os avanços de Yago Pikachu (o melhor em campo junto com o volante Felipe na humilde opinião deste que escreve) pelo seu setor. Aliás, o “mapa da mina” do Fortaleza estava no lado direito.
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Assim como aconteceu na vitória sobre o Colo-Colo pela Libertadores, Juan Vojvoda teve no camisa 22 uma espécie de “ala-armador” com funções bastante específicas. Sem a bola, ele fechava o corredor e auxiliava Ceballos no combate ao ataque do América-MG. Com a posse da redondinha, Yago Pikachu deixava o lado do campo e se comportava como o ponta que parte na direção do gol em diagonal. Com isso, Silvio Romero, Lucas Lima e Moisés empurravam a zaga adversária para trás e aproveitavam os espaços que apareciam com essa movimentação. Diante desse cenário, não era difícil perceber os buracos que apareciam entre o meio-campo e a defesa do Coelho. Lucas Kal acabou sobrecarregado na proteção da última linha e Danilo Avelar errou em quase todos os botes. O Fortaleza levava vantagem e controlava bem o jogo.
É interessante notar que que o Fortaleza protegia bem a entrada da sua área e concedia pouco espaço para seu adversário. Por outro lado, o América-MG conseguia levar bastante perigo nas bolas levantadas na área. Não foi por acaso que Marcelo Boeck foi determinante em finalizações de Danilo Avelar, Lucas Kal e Aloísio. Todas jogadas que começaram ou de um escanteio ou de um lateral. Diante disso, as dificuldades do Coelho em colocar a bola no chão e encontrar espaços na defesa do Leão do Pici eram evidentes. Fora isso, Marlon Lopes aparecia muito pouco pela esquerda e pouco ajudava na recomposição. Não foi por acaso que o único gol da partida deste domingo (19) surgiu de cruzamento de Lucas Lima nas costas da zaga do América-MG que Yago Pikachu mandou para as redes do goleiro Airton.
O panorama pouco mudou no segundo tempo. O Fortaleza baixou um pouco as suas linhas, mas continuava muito mais insinuante nas tramas ofensivas e levava muito mais perigo quando a bola chegava nos pés de Lucas Lima, Felipe e Yago Pikachu. O camisa 22 manteve a postura mais agressiva e sempre encontrava muito espaço quando saía do lado direito (e deixava o setor a cargo de Ceballos) e aparecia entre as linhas do América-MG quase como um ponta de lança. Ao mesmo tempo, o 3-4-1-2 de Juan Vojvoda se transformava numa espécie de 4-2-3-1 quando sua equipe ficava com a posse. Do outro lado, o América-MG pouco produziu e não conseguiu se impor nem mesmo com as entradas de Índio Ramírez, Patric, Pedrinho, João Paulo e Welington Paulista. Faltava intensidade na equipe comandada por Vagner Mancini.
Este que escreve marcaria a penalidade de Tite em Germán Conti. No entanto, é muito difícil colocar a “culpa” da derrota sofrida na Arena Castelão apenas nas costas da arbitragem (confusa) de Leandro Vuaden. Isso porque o América-MG esteve numa noite muito pouco inspirada e acabou esbarrando na disposição e no volume de jogo de um Fortaleza disposto a tudo para se livrar da lanterna. Há como se compreender as reclamações de Vagner Mancini (ver no vídeo abaixo), mas também precisamos questionar o treinador sobre algumas das suas escolhas para a partida deste domingo (19). O lado esquerdo foi um convite aos contra-ataques puxados por Yago Pikachu e o meio-campo concedeu espaços demais para Moisés, Silvio Romero e companhia. Fora isso, o ataque só aparecia nas bolas paradas. Muito pouco.
Melhor para o Fortaleza que parece ter encontrado a receita para se livrar da crise e das últimas posições do Brasileirão. O time de Juan Vojvoda foi até o limite das suas forças para conquistar os três pontos e soube como segurar o ímpeto de uma das equipes mais bem treinadas do país. É verdade que muita coisa pode acontecer nessa confusa e desgastante temporada. Mas precisamos reconhecer que o Leão do Pici ainda tem muita lenha pra queimar.
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