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Portugal cresce com as substituições, mostra poder de reação e arranca empate da Espanha

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Fernando Santos e Luís Enrique em jogo válido pela Liga das Nações

Por Luiz Ferreira em 03/06/2022 10:32 - Atualizado há 10 meses

Reprodução / Twitter oficial das Seleções de Portugal

É possível dizer que o quinto empate seguido entre Espanha e Portugal acabou marcado pelo equilíbrio, pelas chances desperdiçadas pelos dois lados e por uma certa “trocação” entre as equipes comandadas por Luís Enrique e Fernando Santos. A partida disputada nesta quinta-feira (2) no Estádio Benito Villamarín (em Sevilla) também nos mostrou que o escrete lusitano pode (e deve) jogar mais do que vinha jogando nesses últimos meses por conta de uma série de fatores. Ainda que “La Roja” esteja passando por um processo de renovação que já rendeu ótimas revelações como os jovens Ferran Torres, Gavi, Unai Simón, Dani Olmo e Pau Torres, o time de Fernando Santos mostrou poder de reação no segundo tempo após as entradas de Rúben Neves e Francisco Horta. Mesmo assim, a equipe ficou devendo bastante.

É preciso deixar claro que o material humano à disposição dos dois treinadores é fantástico. Falta realmente o encaixe das peças e a escolha da formação que melhor potencialize tanto talento dentro de campo. Nesse ponto, Luís Enrique parece estar um pouco mais à frente por conta da boa campanha na última Eurocopa (onde só pararam nas penalidades para a Itália nas semifinais) e pela boa atuação de uma série de jovens valores nos Jogos Olímpicos de Tóquio (quando a Espanha ficou com a medalha de prata após perder para o Brasil na prorrogação). Ao mesmo tempo, nomes mais experientes como Busquets, Azpilicueta, Jordi Alba e Morata também fazem parte do elenco espanhol.

Sobre Fernando Santos, a impressão que fica é a de que ele ainda tem enormes dificuldades para encontrar o time ideal para encaixar aquela que já foi considerada uma das mais talentosas gerações de Portugal em todos os tempos. Ainda é complicado entender os motivos que levam o escrete lusitano a jogar de maneira tão presa e previsível. E mesmo com Cristiano Ronaldo começando a partida do banco de reservas, já era possível notar que o time que entrou em campo nesta quinta-feira (2) poderia jogar muito mais do que vem jogando e do que jogou no Estádio Benito Villamarín. Principalmente diante de um adversário conhecido e que gostava muito de se lançar ao ataque.

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Falando do jogo em si, a Espanha se manteve mais presente no campo de ataque muito por conta da formação escolhida por Luís Enriuque. “La Roja” entrou em campo organizada num 4-3-3 que tinha Sarabia se movimentando bastante a partir do lado esquerdo (e abrindo o corredor para as descidas de Jordi Alba), Morata como referência móvel e Ferran Torres mais pela direita. Gavi e Carlos Soler pisavam na área a todo instante e a última linha jogava bem adiantada. Tudo para travar as saídas de Portugal pelo lado esquerdo com Raphaël Guerreiro e Rafael Leão. Mais atrás, Otávio, Bernardo Silva e João Moutinho não conseguiam fazer a bola chegar no ataque com qualidade, fazendo com que o escrete comandado por Fernando Santos fosse empurrado para trás em alguns momentos do primeiro tempo.

Formação inicial das duas equipes em Sevilla. Luís Enrique mandou a Espanha a campo num 4-3-3 de muita movimentação e bom toque de bola. Já Fernando Santos viu Portugal encontrar muitas dificuldades para fazer a bola chegar no ataque.

Na prática, o 4-3-3/4-1-4-1 escolhido pelo treinador lusitano deixou a equipe mais exposta e sem muita penetração na defesa espanhola. Rafael Leão e André Silva desperdiçaram as únicas chances de gol reais de Portugal na primeira etapa e viram a Espanha abrir o placar (aos 24 minutos) num contra-ataque de manual puxado pelo jovem Gavi e que terminou com Morata escorando passe de Sarabia para as redes de Diogo Costa. A fragilidade do sistema defensivo fez com que Fernando Santos mexesse na sua equipe logo no intervalo. João Moutinho saiu para a entrada de Rúben Neves e Portugal manteve sua postura mais reativa. No entanto, sofria menos com as investidas do ataque espanhol. Faltava ainda acertar o pé nas finalizações e no último passe e controlar um pouco mais as ações dentro de campo.

Cristiano Ronaldo, Gonçalo Guedes, Matheus Nunes e Ricardo Horta entraram nos lugares de Otávio, André Silva, Bruno Fernandes e Rafael Leão respectivamente. O 4-3-3 básico foi mantido embora ele lembrasse um 4-2-3-1 em organização ofensiva por conta das subidas de Bernardo Silva e o posicionamento de CR7 como um centroavante de mais movimentação. Morata e Sarabia (este já jogando mais pela direita por conta da entrada de Dani Olmo e Raúl de Tomás) desperdiçaram boas chances de ampliar a vantagem da Espanha antes de Gonçalo Guedes encontrar João Cancelo às costas de Jordi Alba e o lateral do Manchester City cruzar rasteiro para Ricardo Horta empatar a partida. Portugal crescia com as substituições promovidas por Fernando Santos e mostrava um bom poder de reação contra seu forte adversário.

As entradas de Rúben Neves, Cristiano Ronaldo, Gonçalo Guedes, Matheus Nunes e Ricardo Horta deram mais consistência ao escrete português. Luís Enrique manteve seu 4-3-3 costumeiro e viu a Espanha desperdiçar ótimas oportunidades no segundo tempo.

Ainda haveria tempo para Jordi Alba perder a melhor chance da partida nos minutos finais após bola rebatida por Diogo Costa para o meio da área depois de chute de Sarabia. Embora tenha produzido menos do que o escrete espanhol durante os noventa e poucos minutos de bola rolando no Estádio Benito Villamarín, Portugal conquistou um pontinho precioso na casa do adversário e mostrou que pode jogar mais do que vem jogando. Principalmente quando analisamos o material humano que Fernando Santos tem à disposição. Há como se fazer o escrete lusitano jogar mais solto e adotar uma postura diferente da que foi adotada nos últimos jogos da temporada passada. Principalmente quando se tem Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, Rafael Leão, Bruno Fernandes, João Cancelo e mais uma porção de ótimos jogadores.

O início da Liga das Nações da UEFA 2022/23 não deixa de ser uma espécie de preparação das seleções europeias para a Copa do Mundo do Catar e uma pequena amostra daquilo que vamos ver no final do ano. Espanha e Portugal são duas equipes fortíssimas e que têm totais condições de chegar longe na competição mais importante do futebol mundial. É por isso que o poder de reação do escrete de Fernando Santos é um bom sinal apesar de tudo que foi mostrado anteriormente. Há como fazer esse time jogar mais e melhor.

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