Seleção Brasileira joga bem contra a Coreia do Sul e faz aquilo que deve ser feito contra adversários mais fracos
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Tite e a atuação do escrete canarinho no jogo disputado nesta quinta-feira (2)
É preciso dizer que a Seleção Brasileira sofreu muito pouco diante da Coreia do Sul em amistoso disputado nesta quinta-feira (2). Mais do que vencer, o escrete comandado por Tite fez aquilo que se espera quando uma equipe mais qualificada enfrenta um adversário (em tese) mais fraco tecnicamente falando. Os cinco a um construídos em Seul nada mais foram do que a imposição de um Brasil bastante envolvente nas transições ofensivas e muito sólido na defesa apesar dos vacilos em alguns momentos. Destaque para as boas atuações de Neymar, Lucas Paquetá, Fred, Alex Sandro (talvez a grande notícia dessa vitória sobre a Coreia do Sul) e Philippe Coutinho (completamente à vontade com a camisa da Seleção Brasileira). Vitória muito mais protocolar do que impactante. Mas que também mostra a força do grupo de Tite.
Por mais que se considere que a Coreia do Sul não seja o adversário ideal para testar o escrete canarinho, o amistoso desta quinta-feira (2) deixou boas impressões. A começar pela maneira como o time se comporta dentro do 4-4-2/2-3-5 já costumeiro de Tite. Weverton entrou bem no gol e ainda foi muito bem quando exigido. Dani Alves foi muito eficiente jogando como “lateral-armador” pela direita e soltando Alex Sandro para chegar mais no ataque pelo outro lado. No mais, a espinha dorsal da Seleção Brasileira se manteve a mesma. Neymar e Richarlison por dentro, Lucas Paquetá e Raphinha vindo pelos lados, Casemiro fechando a defesa e Fred se juntando ao quinteto ofensivo.
Há quem diga que o time não apresenta um futebol vistoso e que joga bem abaixo do que pode. Este que escreve prefere ver o outro lado dessa moeda. Afinal de contas, estamos falando de uma equipe bastante entrosada e que já sabe o que fazer com e sem a bola. A organização da Seleção Brasileira em todos os setores pode ser muito facilmente percebida na construção do primeiro gol (marcado por Richarlison logo aos cinco minutos de jogo). Raphinha faz a inversão e encontra Lucas Paquetá livre na esquerda. A tabela entre ele e Neymar deixa Alex Sandro livre para cruzar rasteiro para Fred. E o “Pombo” só tem o trabalho de escorar a bola para as redes de Kim Seung-Gyu.
Raphinha e Fred desperdiçaram boas chances de marcar o segundo gol da Seleção Brasileira ainda no começo de partida. Depois disso, o escrete comandado por Tite diminuiu o ritmo e se comportou de maneira até certo ponto desinteressada apesar de manter a organização defensiva e a pressão pós-perda. Vale destacar que Lucas Paquetá e Raphinha se juntavam como laterais adicionais sempre que seu adversário tentava entrar na área de Weverton. Mas nem isso foi capaz de conter o bom atacante Hwang Ui-Jo. O jogador do Bordeaux recebeu de Hwang Hee-Chan às costas da última linha de defesa brasileira, se livrou de Thiago Silva e chutou cruzado. O gol de honra do time comandado pelo português Paulo Bento nascia de uma boa troca de passes e de um dos poucos cochilos do escrete canarinho no jogo.
É preciso dizer que uma das ótimas notícias da goleada sobre a Coreia do Sul foi o lateral Alex Sandro. O camisa 6 foi uma das principais armas ofensivas da Seleção Brasileira sempre levando perigo quando fazia as jogadas de ultrapassagem com Lucas Paquetá ou quando era acionado por Neymar quando este recuava para armar as jogadas. O jogador da Juventus de Turim esteve envolvido em pelo menos três dos cinco gols marcados pelo escrete comandado por Tite nesta quinta-feira (2), mostrou desenvoltura no ataque e não comprometeu no sistema defensivo. É possível dizer que Alex Sandro pode ter carimbado a vaga para a Copa do Mundo e provado seu valor mais uma vez apesar da desconfiança de muita gente. Pode não ser brilhante, mas cumpre seu papel com muita eficiência na Seleção Brasileira.
O segundo tempo nos mostrou uma equipe mais ligada nas chances que apareciam na partida muito por conta da entrada dos reservas. Philippe Coutinho, Gabriel Jesus, Vinícius Júnior, Bruno Guimarães, Matheus Cunha e Fabinho ajudaram a manter a intensidade da Seleção Brasileira e criaram boas jogadas de ataque sem comprometer o sistema defensivo. O 4-4-2 foi mantido e se adaptou bem aos momentos em que o escrete canarinho teve Lucas Paquetá como referência móvel no ataque ou quando optou por um “camisa nove” de ofício com Matheus Cunha. A linha com quatro atacantes (bem fiel aos anos 1960) podia ser vista nos momentos com bola e sem a bola, pressionando o erro na saída de bola da Coreia do Sul ao avançar suas linhas. Exatamente como aconteceu no gol marcado por Philippe Coutinho.
Ainda haveria tempo para Gabriel Jesus marcar um belíssimo gol (aos 47 minutos da segunda etapa) e encerrar um incômodo jejum de 19 partidas sem balançar as redes com a camisa da Seleção Brasileira. O escrete comandado por Tite fazia aquilo que se esperava dele diante de um adversário que tentou igualar os duelos no primeiro tempo, mas que acabou sucumbindo conforme o tempo foi passando. Principalmente quando Neymar, Lucas Paquetá, Raphinha, Fred e companhia foram avançando e arrastando a defesa coreana para trás. Por mais que o português Paulo Bento tentasse dar mais fôlego ao seu selecionado, faltava algo além das bolas longas para Hwang Ui-Jo e Son Heung-Min (grande destaque do Tottenham de Antonio Conte na última temporada). Tudo isso contribuiu para a goleada construída em Seul.
Mas nada disso tira os méritos do escrete comandado por Tite. Apesar da fragilidade do seu adversário, a Seleção Brasileira mostrou desenvoltura e não perdeu o controle da partida desta quinta-feira (2) em nenhum momento. Em suma, fez aquilo que se esperava dela diante de um adversário (teoricamente) mais fraco. Venceu com autoridade e aproveitou boa parte das chances que teve. E em tempos de críticas mais pesadas (e infundadas em alguns casos), jogar bem desse jeito só ajuda.